Vacinação de todos os bovinos com idade acima de 21 dias num raio de 25 quilômetros e a captura de morcegos para levar à morte as comunidades em que vivem são os meios que o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) utilizará para debelar o surto de raiva animal que atinge o município de Rosário Oeste, na área de abrangência do lago do Rio Manso. Somente nos últimos três meses, cerca de 800 reses morreram em decorrência da raiva animal.
A imunização do rebanho do raio delimitado já começou, mas animais vão continuar morrendo pelo menos nos próximos dois meses, adverte o médico veterinário Edilberto Marques Lemes Pinto, do Indea, responsável pelo controle da doença.
Aproveitando a fase de quarto minguante da lua, uma equipe do Indea vai trabalhar durante toda a semana na região de Matão e Santo Antonio na captura de morcegos, cujos corpos serão lambuzados com uma pasta vampiricida e em seguida devolvidos à natureza para voltarem às comunidades em que vivem em cavernas, ocos de árvores e vãos de pontes.
Os morcegos têm rígidos hábitos higiênicos e, se algum animal da comunidade sai da caverna e retorna com algum tipo de sujeira ou mau cheiro, os outros lambem seu corpo até deixá-lo limpinho. O contato com a pasta provoca a morte do morcego por envenenamento. Não existe nenhuma pesquisa sobre quantas mortes um morcego, com o corpo coberto pela pasta vampiricida, pode provocar, mas Edilberto Marques acredita que de 30 a 50 morcegos devem morrer com o veneno.
A captura é feita com uma rede estendida em pontos estratégicos nas imediações dos currais onde o gado se agrupa para dormir. O morcego só sai do local em que vive na escuridão para evitar o ataque de predadores de hábitos noturnos, como a coruja. As áreas onde a equipe do Indea vai fazer a captura têm muitos morros e grutas, o que facilita a proliferação de morcegos.
Edilberto Marques admite que nem todas as mortes de bovinos registradas naquela região, desde que foi detectado o primeiro foco da doença, em novembro do ano passado, podem ter sido causadas pela raiva animal. Mas todos os oito exames de cérebros de animais mortos com sintomas da doença feitos pelo Laboratório de Apoio à Sanidade Animal (Lasa) do Indea foram positivos.
Fonte: Diário de Cuiabá (por Nelson Severino), adaptado por Equipe BeefPoint