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Independência: pecuaristas querem negociar novo plano

Uma comissão de representantes dos pecuaristas credores do Frigorífico Independência decidiu propor a elaboração de um novo Plano de Recuperação Judicial que contemple o pagamento integral e à vista dos créditos devidos pela venda de animais para abate. A decisão foi tomada em reunião, na última quinta-feira, 06/08, na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), dos credores pecuaristas dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rondônia com os representantes legais do Frigorífico Independência.

Uma comissão de representantes dos pecuaristas credores do Frigorífico Independência decidiu propor a elaboração de um novo Plano de Recuperação Judicial que contemple o pagamento integral e à vista dos créditos devidos pela venda de animais para abate. A decisão foi tomada em reunião, na última quinta-feira, 06/08, na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), dos credores pecuaristas dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rondônia com os representantes legais do Frigorífico Independência.

Também ficou definido pela comissão de credores que os valores devem ser pagos de forma incondicional, com juros e correção monetária, a partir da data de abate dos animais. Além disso, será preciso definir uma data fixa para pagamento dos créditos devidos aos pecuaristas. A proposta original apresentada no Plano de Recuperação previa o pagamento de um valor inicial de até R$ 80 mil aos pecuaristas, condicionado à obtenção total de um valor mínimo de novos financiamentos, sem data certa para ser efetivado.

As propostas dos credores pecuaristas se baseiam no fato de que os valores devidos aos pecuaristas, no total de R$ 194 milhões, representam apenas 5,6% do montante total da dívida do Frigorífico Independência. Cabe lembrar, ainda, que os pecuaristas são agentes econômicos chave no processo de viabilização do Plano de Recuperação da empresa. Segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, “caso o frigorífico seja viabilizado, todos sairão ganhando. No entanto, sem o apoio do pecuarista, todos perderão”.

Ele alerta que o pecuarista é o fornecedor da principal matéria-prima para o funcionamento de um frigorífico e que, sem o seu apoio, a empresa não terá condições de sobreviver. Além disso, o pagamento integral aos pecuaristas é fundamental para que a empresa volte a ter credibilidade no mercado. Os representantes do Independência devem negociar com os demais credores os pleitos apresentados pelos pecuaristas e apresentar uma nova proposta.

Para aprovação do Plano é necessário o apoio dos credores presentes em Assembléia, que representem, concomitantemente, a maioria simples do número de credores e do valor da dívida, ou seja, mais de 50% do total. Dessa forma, o poder de barganha dos pecuaristas em uma eventual Assembléia consiste na sua capacidade de unir forças e no elevado número de credores, uma vez que o valor da dívida da categoria representa apenas 5,6% da dívida da empresa. Os pecuaristas aguardam, agora, uma nova proposta por parte dos representantes do Independência, que leve em consideração a importância da categoria para a aprovação e viabilização do Plano de Recuperação Judicial.

Em nota, o executivo do Independência Tobias Bremer disse acreditar que a proposta rejeitada era “justa” e “excelente” quando comparada a outras reestruturações, “em que há descontos ou períodos de carência de um a dois anos antes do primeiro pagamento”.

“Pagar 100% à vista não é possível porque a empresa não tem o dinheiro”, diz o diretor-financeiro Tobias Bremer. “Falamos de um fluxo de caixa que tem que ser dividido com outros credores. Se dou mais para um, outros terão menos”. “Propomos pagamento sem carência, pagamento à vista e sem descontos até R$ 80 mil, o que beneficia 64% dos pecuaristas e 95% dos demais fornecedores”, resume. Sobre os novos empréstimos, Bremer ressalta, “precisamos de capital novo para pagar os pecuarista, ter capital de giro, recomeçar as unidades e gerar caixa para pagar a todos os credores”.

Para Luciano Vacari, diretor da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), a empresa não demonstrou, em seu plano, que terá capacidade financeira para retomar o trabalho e se manter em dia com os fornecedores. “Vamos alertar o pecuarista sobre ele não ter nenhuma garantia de que não será vítima de novos calotes”, disse.

A proposta de recebimento à vista, foi consenso entre as comissões de credores dos cinco estados participantes. O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, informou que as negociações com o Independência estão avançando e que, é possível que haja um acordo.”Agora a indústria frigorífica vai se reunir com a comissão de bancos para tratar do assunto. Nós aguardamos, para a próxima semana, a resposta do Independência à proposta apresentada por nós. Acredito que ela (a resposta) será positiva e que esse impasse sobre o pagamento dos credores chegará ao fim. Os produtores estão unidos e forte neste processo, e o acordo é a melhor saída para todos” afirmou.

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), apoia integralmente a proposta apresentada pelos credores do Independência. “O plano apresentado é uma afronta ao pecuarista e a Acrimat apoio sua objeção. A proposta de suspender totalmente o fornecimento do gado é mais que acertada, pois não tem cabimento o produtor continuar financiando as indústrias. A exigência de pagamento de 100% dos débitos junto aos criadores é justa, pois o pagamento apenas para quem tem a receber R$ 80 mil é interessante só ao Independência, pois atingiria 52% do passivo total de R$ 3,5 bilhões do Independência, mas deixaria de fora 37% dos pecuaristas, uma verdadeira manobra financeira”, aponta o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.

Durante o encontro em Brasília, os representantes do frigorífico receberam a proposta unificada e ficaram de apresentar uma posição na semana que vem. “Queremos construir uma agenda positiva com os credores do Independência e é legitimo os produtores reivindicarem melhorias na proposta”, disse o diretor comercial do frigorífico Independência Eduardo Pedroso. Segundo ele, “a proposta feita pelos pecuaristas é muito difícil de ser atendida, mas não impossível. Vamos conversar com os bancos e estudar a sua viabilidade”. Ele ressalta que “para melhorar a proposta para um lado, temos que piorar a proposta de outro lado, pois a capacidade do caixa não altera, é a mesma”.

As informações são da CNA, Folha de S. Paulo, Valor Econômico e Diário de Cuiabá, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Louis Pascal de Geer disse:

    È hora do BNDES finalmente emitir um sinal claro e inequivoco porque o dinheiro publico é emprestada e usado pelos frigorificos e, no caso especifico da Independencia, o BNDES deve fornecer os recursos para que se liquida os creditos que os pecuaristas tem o mais rapido possivel.

    Alem de montar um equipe capaz de conduzir a Independencia para a recuperação, este equipe tem que ter a confiança absoluta dos credores e do BNDES.

    Para mim a reação do executivo da Independencia, como relatada na noticia acima, se foi verdade eu considere como um insulto para o bom senso dos pecuaristas que venderam gado para abate e deve ser censurado pela direção da empresa.

    A reconstrução da confiança é um trabalho ardua e requer uma sintonia fina onde declarações bombasticas e de efeito moral não podem ter vez, porque para ter o fio de bigode de volta precisa deixar o bigode crescer primeiro num clima de transparencia e seriedade.

  2. Anaurus Vinicius Vieira de Oliveira disse:

    A irresignação neste momento, não poderia ser diferente, pois o tal plano de recuperação apresentado, distancia-se totalmente das promessas feitas pelo Independência por ocasião da reunião em São Paulo e na sede deste, que participamos juntamente com outros produtores de várias regiões de Mato Grosso, e ainda com a presença do dirigente máximo da Famato.
    As propostas efetivamente apresentadas, muitas delas impositivas, como a renúncia dos produtores a direitos seus, não demonstram de forma alguma qualquer preocupação do Independência para com aqueles que fornecem a principal matéria prima do seu negócio, o gado. Muito pelo contrário, o Independência age desde o início de forma dissimulada para com os produtores, como já dito por nós em outros comentários, sem demonstrar a menor preocupação em resolver de forma satisfatória os problemas causados pela inadimplência, chegando ao absurdo de apresentar uma proposta de um pagamento que envolve parcelas condicionadas a outros financiamentos absolutamente incertos.
    O nefasto plano de recuperação apresentado, de certa forma o foi pelo Independência com o “respaldo” de parte de nós mesmos, os produtores mineiros de Janaúba e rondonienses de Rolim de Moura que, mesmo diante do desvio do dinheiro auferido com a matança de nosso rebanho, e consequente falta de pagamento, ainda assim permitem até hoje o funcionamento daquelas unidades com o fornecimento de mais gado.
    É chegada a hora, mais do que passada, de fechar estas unidades, com o bloqueio total do fornecimento de gado a eles, pois também é chegada a hora, de uma vez por todas de mostrarmos ao Independência que sem o pagamento de 100% da dívida, devidamente corrigida, para com os produtores, não haverá aprovação de plano de recuperação para oficializar o calote, e também não haverá matança de gado e nem funcionamento desta empresa em todo território nacional.
    Para isso convocamos todos produtores rurais deste imenso Brasil, credores ou não do Independência, assim como as Associações e Federações da classe produtora. Chega de prejuízos. Chega de DISSIMULAÇÃO. Chega de fraudes.
    Ou pagam o que devem aos pecuaristas, ou seja, 100% da dívida devidamente corrigida desde os abates, e com data pré-fixada, ou não tem aprovação de plano de recuperação algum, e ainda jamais terão restabelecidos o funcionamento de quaisquer de suas unidades. Chega de prejuízos. Chega de CALOTES.

  3. Fernando Sampaio Aguilar disse:

    Entendo a situação de desconforto dos pecuaristas, pois assim como o Independência muitos ficaram sem capital de giro para poder honrar suas dividas.

    No entanto é bom os pecuaristas analisarem bem a situação, pois enquanto muitos estão querendo tirar proveito da situação “como advogados” o ramo frigorifico está ficando cada vez mais monopolizado e isto se faz desvalorizar cada vez mais o preço da @ do boi.

    O quanto antes o Independência e credores chegarem a um acordo melhor será para que os pecuaristas recebam aquilo que é de direito e o Independência retorne as atividades, gerando emprego e girando a economia de diversas cidades que hoje estão em situação delicada.

  4. Alexander de Castro Faria disse:

    Então nos explique como é que o frigorífico vai pagar uma conta sem ter dinheiro em caixa?
    Acho que a proposta inical e imediata de pagar credores no valor de R$ 80.000 é plenamente justificada e que, com o tempo, permitirá ao frigorífico sua recuperação no mercado. O que vale mais aos pecuaristas? Passar o tempo sem receber (falência do frigorífico) ou receber durante o passagem do tempo?
    Pensem bem antes de atacar. O frigorífico passou por profundas mudanças internas e almeja com grande entusiasmo seu retorno ao mercado. Se pensarmos apenas em cobrar, causaremos de forma clara, o fechamento do grupo e o prejuízo de todos da cadeia.
    Sabemos bem que pecuaristas sofreram e ainda sofrem com seu prejuízo, mas não permitir que o frigorífico tente se levantar já é muita estupidez, pois de onde deve vir o dinheiro para cobrir o prejuízo?
    Eu creio que o frigorífico se levantará, passará por essa fase difícil e voltará a ocupar seu lugar na nação. O grupo conta com PESSOAS competentes em sua direção e que merecem uma oportunidade e confiança.
    O grupo nunca disse que não vai pagar… apenas luta por condições de fazê-lo.
    Não acham que ja esta mais do que na hora de acreditar?

  5. Eugenio Mario Possamai disse:

    Esse calote deve ser devidamente abolido, temos que permanecer firmes em nossos propositos, pois sem gado não tem como eles trabalharem, podem até conseguir o tal financiamento, mas de que valerá? Eles tem que pagarem seus fornecedores de matéria prima e posteriormente os bancos, e eles em algum lugar devem ter esse dinheiro da venda da carme, ou eles apresentaram alguma fatura de venda que não receberam, que eu saiba não. Então onde esta o dinheiro da Carne? E o Independencia não tem patrimônio para saldar suas dívidas? Vende-se isso e paga-se os credores, simples não, ai sim estariamos vendo que os diretores estariam empenhados em saldar as dívidas, mas o que estão nos apresentando literalmente é o calote escancarrado e desavergonhado.

  6. Lidiani Cristina Zeni disse:

    Prezado Oliveira e todos os demais

    Concordo contigo pois, como produtora de gado, (credora) e veterinária acho que o melhor seria receber tudo e acabar logo com isso.
    Entretanto a realidade é um pouco mais complicada…
    em nossa cidade por exemplo (Juina, norte do MT) vivemos um caos social, mais de 500 pessoas foram demitidas diretamente, e centenas de empregos indiretos foram simplismente eliminados.
    Estamos também tendo que vender nosso bois para abate em outros municipios, o que está acarretanto, além de “quebra” no peso ainda o problema de imposibilitar que o pecuarista veja e abate, fazendo assim com que “erros” na balança ocorram com grande facilidade.
    E apesar do frigorifico independência estar dando-nos o “calote”, pelo menos a balança deles sempre foi muito correta, e isso ninguém duvida.
    Acho que temos sim, que reivindicar melhoras na proposta, entretanto também temos que permitir condições para a volta do abate o mais rápido possivel.