Índia: exportação segue crescendo e país pode se tornar um importante concorrente do Brasil

Uma das palestras que mais chamou a atenção dos participantes do 18º Congresso Mundial da Carne, realizado em setembro do ano passado, em Buenos Aires, Argentina – principalmente dos brasileiros – foi a do representante da Índia.

Rashid Kadimi, presidente do All India Meat & Livestock Exporters Association (AIMLEA) e CEO do Allansons Limited, trouxe dados e falou sobre as estratégias desse país exportador de carne de búfalo que vem crescendo muito nos últimos anos e em breve deve se tornar um grande concorrente do Brasil.

A All India Meat & Livestock Exporters Association (AIMLEA) é a associação que representa os exportadores de carne indianos e tem como principal foco de atuação o fornecimento de informações sobre o mercado mundial para seus membros.

Rashid Kadimi, definiu o mercado mundial da carne da seguinte maneira:
• América do Norte: perdendo mercados após os casos de EEB, enfrentando redução dos investimentos no setor e declínio da produção;
• América do Sul: crescimento da produção, principalmente no Brasil, do consumo doméstico e dos preços da carne;
• Oceania: tem dificuldades para aumento de produção;
• Europa: se tornando um importador líquido.

Em meio a estes exportadores tradicionais ele destaca a Índia, que trabalha basicamente com carne de búfalo – considerada carne bovina no mercado internacional – e que a partir de 2006 se tornou o terceiro maior exportador. Segundo o USDA, em 2010 a Índia produziu 2,8 milhões de toneladas e exportou 700 mil toneladas de carne bovina.

O palestrante avalia que a pecuária baseada na espécie bubalina é um dos grandes diferenciais da Índia, pois sua carne apresenta vantagens para a produção de industrializados, além da espécie ser mais eficiente na produção de carne a pasto e mais barata que a produção de bovinos.

Segundo Kadimi, o rápido crescimento da população foi o motor que impulsionou a pecuária indiana e nos últimos anos as exportações cresceram, se consolidaram e têm apresentado rápidos avanços.

O presidente da AIMLEA ressaltou que os mercados que mais devem crescer nos próximos anos são os do sudoeste da Ásia, China, Oriente Médio e Norte da África – todos próximos da Índia, o que deve facilitar as negociações e impulsionar as exportações.

Outro ponto destacado por Kadimi como um diferencial e que reserva grande potencial para os exportadores indianos é a larga produção de carne Halal, destinada aos países islâmicos. Segundo ele este tipo de produção além de atender preceitos religiosos, garante ao consumidor extremo controle do processo de produção.

Outras vantagens da carne de búfalo no mercado internacional elencadas pelo palestrante são:
• a Índia é livre de doenças como a EEB;
• os animais são alimentados com pastagem e resíduos agrícolas;
• os produtores não utilizam hormônios ou promotores de crescimento;
• a carne de búfalo tem 32% menos colesterol, 55% menos calorias, mais proteínas, minerais e vitaminais que a carne do bovina;
• é aceita em mais de 64 países;
• tem preços competitivos.

Veja os slides da palestra: