Na edição nº 95, referente ao mês de abril, a equipe do Informativo Mensal do Índice de Custo de Produção de Bovinos Confinados (ICBC) observou redução nos custos para a propriedade CSPm (3,2%) e CSPg (3,5%), e aumento para o CGO (1,0%). Em relação a variação anual do ICBC (abril de 2024 a abril de 2025) foram verificados aumentos de 40,5% (CSPm), 43,0% (CSPg) e 51,4% (CGO) (Gráfico 1).
Gráfico 1. Variação dos índices de custos de bovinos confinados entre abril de 2024 a abril de 2025.
Os custos de alimentação representaram 72,5% (CSPm), 70,3% (CSPg) e 75,1% (CGO) dos custos da diária-boi (CDB). No que diz respeito aos ingredientes utilizados nas dietas: em SP, o Sorgo, a Casca de Soja e o Bagaço de Cana in natura tiveram reduções de 1,5%, 9,0% e 11,0%, respectivamente, enquanto o Farelo de Trigo aumentou 13,0%; em Goiás, o Sorgo reduziu 5,2% e o Farelo de Algodão 38% PB aumentou 11,6%.
O uso do software RLM foi essencial, otimizando a formulação e a eficiência nutricional das dietas ao menor custo, alinhando as necessidades das propriedades.
Na análise mensal dos custos de oportunidade, a taxa Selic de 14,25% ao ano é utilizada como referência. Essa taxa impacta diretamente a remuneração do capital de giro, dos ativos imobilizados e da terra. Em abril, os custos de oportunidade atingiram 17,3% do CDB para CSPm, 14,3% para CSPg e 14,4% para CGO. A otimização desses custos, especialmente em propriedades com uso intensivo de bens de capital, é crucial para a competitividade.
Por fim, os custos da diária-boi (CDB) para os confinamentos CSPm, CSPg e CGO variaram em comparação ao mês anterior, conforme demonstrado na Tabela 1.
As variações nos preços das commodities agrícolas demandam uma gestão estratégica dos custos de produção para garantir a rentabilidade das operações. Nossa equipe monitora essas flutuações para fornecer dados atualizados e precisos. Portanto, a análise detalhada dos custos é crucial, pois proporciona ganhos e minimiza perdas. Na próxima página, apresentaremos uma análise dos custos totais (CT). Além disso, para calcular os custos do seu sistema produtivo de forma precisa, convidamos você a fazer o download da planilha disponibilizada em nosso site, gratuitamente. Confira a evolução do ICBC acessando em nosso site todas as edições anteriores, basta clicar aqui.
O Índice de Custo de Produção de Bovinos Confinados (ICBC) considera o Custo da Diária-Boi (CDB) como referência para o comparativo mensal. Na tabela 2 abaixo, apresentamos a composição do custo total (CT), incluindo a aquisição de animais (item de custo variável) para o confinamento, o componente mais relevante no CT. Registramos o preço de aquisição do boi magro: R$ 11,88/kg (+3,7%) em SP e R$ 11,17/kg (+1,5%) em GO, representando 68,3%, 64,7%, e 66,3% do CT para CSPm, CSPg e CGO, respectivamente.
Entre março e abril de 2025, os custos totais por arroba (R$/@) apresentaram aumentos de 1,6%, 1,2% e 1,3% para os confinamentos CSPm, CSPg e o CGO, respectivamente. Já os custos da arroba produzida tiveram variações, incluindo reduções de 3,3% e 3,4% para o CSPm e o CSPg, respectivamente, e aumento de 0,94% para o CGO. Ademais, os preços médios da arroba do boi gordo registraram R$ 321,58 em São Paulo e R$ 306,42 em Goiás, com aumentos de 4,0% e 6,3%, respectivamente.
Portanto, os resultados obtidos pelo ICBC apontam possíveis prejuízos de R$ 18,06/@ (CSPm), R$ 15,93/@ (CSPg) e R$ 11,01/@ (CGO) para os confinadores paulistas e goianos na venda do boi gordo. Dessa forma, é imprescindível que os produtores monitorem seus custos, busquem alternativas para reduzir despesas e maximizar a receita, a fim de assegurar a viabilidade econômica de seus negócios.
O método de alocação dos custos contempla quatro categorias: i) custos variáveis (aquisição de animais e despesas relacionadas); ii) custos semifixos (energia elétrica, telefonia e combustíveis); iii) custos fixos (mão de obra, depreciações e manutenções); e iv) renda dos fatores (juros sobre o capital de giro e sobre o capital próprio). Desta forma todos os itens de custos foram considerados conforme a Teoria Neoclássica Econômica. A análise de todos os custos se faz necessário para evitar a descapitalização do produtor na atividade. Entretanto, é comum analisar os resultados por meio de outros indicadores.
Este informativo de custos faz parte da dissertação de mestrado do Zootecnista Gustavo Lineu Sartorello, intitulado “Desenvolvimento de modelo de cálculo e de indicador de custos de produção para bovinos de corte em confinamento” e foi desenvolvido sob orientação do Professor Dr. Augusto Hauber Gameiro. Para calcular os custos de produção apresentados acima, foram utilizados procedimentos metodológicos descritos na literatura científica.
Realizou-se o estudo de caso em confinamento de bovinos nos estados de São Paulo e Goiás. Propriedades comerciais foram visitadas, das quais dados foram coletados e descritos em modelo matemático desenvolvido em planilha eletrônica no software Microsoft Excel®, conforme descrito na Imagem 2.
Os dados foram alocados, organizados e as equações matemáticas foram revisadas e validadas por profissionais e técnicos do setor. As informações levantadas serviram de subsídio para delinear as duas propriedades representativas, no entanto, os custos apresentados neste informativo representam as características mais comuns daquelas propriedades participantes do estudo e não uma propriedade em específico. Os principais coeficientes técnicos levantados foram descritos na Tabela 3, a seguir, os quais serão atualizados regularmente para acompanhar a evolução tecnológica da atividade.
Para formulação das dietas, o método do estudo considera os mesmos parâmetros técnicos atribuídos a dieta em termos de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) e Proteína Bruta (PB) ao longo do tempo, isso para ser justa a comparação ao longo do tempo. Altera-se apenas os preços dos insumos alimentares e a sua disponibilidade mês a mês. Desta forma, há sempre uma dieta com os preços atualizados utilizando aqueles mesmos parâmetros adotados.
Agradecimentos: à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da Universidade de São Paulo (USP); ao Programa Unificado de Bolsas de Estudo da USP (PUB); aos desenvolvedores do software RLM que cedem a licença de uso, aos colegas do Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal (LAE/FMZ/USP), e a todos os informantes de preço que não medem esforços para manter este trabalho ativo.
Fonte: Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal da FMVZ/USP.