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Indústria da carne no Uruguai: mais de 50% nas mãos dos brasileiros

A multinacional brasileira Minerva Foods comprou o frigorífico Breeders and Packers Uruguay (BPU). Diante disso, produtores de gado manifestaram preocupação com a concentração do abate nas mãos de duas empresas brasileiras: Minerva e Marfrig, que serão responsáveis ​​por mais 50% do abate no Uruguai.

O presidente da Associação Rural do Uruguai (ARU), Gonzalo Valdés Requena, disse que “é preocupante que haja domínio do mercado” por parte dessas duas empresas. E explicou que a maior demanda por gado estará concentrada na Minerva, Marfrig, Las Piedras e Frigorífico Pando (duas empresas brasileiras e duas uruguaias).

Dados do Instituto Nacional da Carne (INAC) mostram que no primeiro mês de 2023 estas quatro empresas lideraram a lista de abates.

A Marfrig foi a empresa que mais abateu bovinos até o momento em janeiro, 34.574 cabeças no total, divididas em 12.160 no frigorífico La Caballada, em Salto; 12.690 na geladeira Colonia; e 9.724 na planta localizada em San José. A quarta fábrica que esta empresa possui no Uruguai (Frigorífico Tacuarembó) permanece fechada durante o mês de janeiro devido a licenças, informaram diversos meios de comunicação.

O total de abates da Minerva Foods foi de 33.771 até este mês, se contabilizadas as cabeças abatidas pelo frigorífico BPU (8.787). No matadouro Carrasco foram abatidos 9.121 animais, no matadouro PUL 8.751 e no matadouro Canelones 7.292.

Enquanto as empresas uruguaias Las Piedras e Pando abateram 21.746 bovinos no total, 11.783 e 9.963 cabeças, respectivamente.

Preocupação com a concorrência

Valdés disse que estão preocupados em como o mercado pode se comportar após a compra do frigorífico BPU. “Embora nos digam que as empresas (Marfrig e Minerva) competem fortemente, não sabemos disso”, disse.

“Vamos torcer para que isso não tenha impacto no preço do gado, que é o que acaba se traduzindo para os produtores”, acrescentou o gerente e pecuarista.

A ARU monitoriza constantemente os níveis de abate e os preços do gado gordo e aguarda agora a manifestação da Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência do Ministério da Economia e Finanças (MEF), que vai avaliar o investimento.

Outro sindicato que acompanha de perto, e com preocupação, a situação é a Federação Rural. Martín Uría, seu presidente, disse que no último conselho sindical se discutiu a compra do frigorífico BPU e se expressou grande incerteza. “Hoje o mercado está reduzido a poucas empresas e quanto mais concorrentes houver no mercado, melhor”, afirmou.

“As opções de venda estão diminuindo”, e isso é preocupante, disse Uría.

Joaquín Falcón, presidente da Associação de Transportadores de Gado (ACG), disse por sua vez que, devido ao bom relacionamento comercial e à concorrência que existe, espera-se que o mercado “não seja interrompido”.

“Apelando para a vontade e uma concorrência sadia, eu diria que (a compra da BPU) não afetaria a formação dos preços. Hoje a concorrência é de todos os setores. Esses dois grupos (Minerva e Marfrig) têm a maior parte do trabalho, mas há uma competição saudável e esperamos que continue assim”, acrescentou.

Capital japonês se retira

A Federação Rural sugeriu que seria bom para o governo “ver um negócio desse tipo”, não só pela concentração do trabalho como também pela saída de um importante player do setor como o empresa japonesa NH Foods.

“Não é um bom sinal que uma empresa como esta se retire”, disse Uría, destacando que seria bom saber por que está se retirando” e por que em quatro ou cinco anos não conseguiram fazer funcionar no Uruguai uma empresa que está dentro de uma indústria que supostamente está entre os melhores negócios do país.”

Uría, Valdés e Falcón lamentaram que a empresa, que comprou o frigorífico BPU em 2017 por US$ 135 milhões, esteja deixando o mercado uruguaio.

Valdés garantiu que a saída da empresa do mercado local “não é positiva”, principalmente quando o Japão demonstrou interesse pela carne uruguaia, após a viabilização da exportação de língua bovina para aquele país.

O presidente da ACG concordou: “É lamentável que uma empresa como a NH se retire do nosso país.”

Fonte: El Observador, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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