A indústria de alimentos orgânicos está se tornando global com grandes Corporações Multinacionais, como Heinz, Danone e PepsiCo exercendo uma influência cada vez maior.
A maioria destas companhias entrou na indústria de alimentos orgânicos através de aquisição ou de investimento em companhias dedicadas à produção de orgânicos. Recentemente, a Dean Foods, maior companhia de lácteos dos Estados Unidos, anunciou a aquisição da Horizon Organic, companhia líder na produção de orgânicos do país.
Outra maneira da indústria de alimentos orgânicos se tornar globalizada é a forma como a demanda dos consumidores está se aproximando entre as várias nações. De acordo com analistas da indústria de alimentos orgânicos, da Organic Monitor, um quadro dos consumidores globais de produtos orgânicos está surgindo, que tipicamente possui os seguintes atributos:
Duas tendências, entretanto, estão amortecendo a taxa de globalização da indústria de alimentos orgânicos. A crescente importância dos mercados regionais está causando um número cada vez maior de consumidores sem acesso a produtos orgânicos. Sempre haverá necessidade de produtos frescos orgânicos importados devido à sazonalidade e à variedade de produção. Entretanto, a distância de transporte está se tornando cada vez mais analisada durante um processo de compra.
Em segundo lugar, um número crescente de países está introduzindo padrões nacionais para produção de alimentos orgânicos, os quais estão sendo encarados como medidas de protecionismo por alguns produtores. Por exemplo, a implementação das Regulamentações Agrícolas Japonesas em 2001 levou à grande maioria dos produtos orgânicos importados a perder seu status de orgânico à medida que não satisfazem os novos padrões.
As diferenças entre padrões orgânicos dificultam para muitos produtores de alimentos orgânicos comercializarem seus produtos em nível global. Por exemplo, um produtor de chá orgânico da Índia precisa se adequar aos padrões de orgânicos da União Européia (UE), dos EUA e do Japão, para poder exportar para estas regiões.
As vendas globais de alimentos e bebidas orgânicos aumentaram em 10,1% para US$ 23 bilhões em 2002. O maior crescimento foi observado na América do Norte, onde o mercado dos EUA tem aumentado pela implementação do Programa Nacional de Orgânicos (National Organic Programme – NOP). O NOP tem aumentado o perfil dos produtores de orgânicos e eles estão se tornando mais visíveis para os principais varejistas. Os norte-americanos estão comprando alimentos e bebidas orgânicos à medida que estão vendo estes produtos como mais saudáveis e mais naturais do que os alimentos não orgânicos.
O mercado da Europa Ocidental para alimentos e bebidas orgânicos é o segundo maior do mundo. O crescimento do mercado se reduziu para 7,8% em 2002, com vários países registrando lentas taxas de crescimento. O mercado da Alemanha foi prejudicado pelo escândalo na indústria de alimentos devido ao herbicida Nitrofen, e a demanda dos consumidores nos países como Reino Unido e Dinamarca está se estabilizando enquanto outros países, como Itália e Suíça, continuam registrando grandes crescimentos nas vendas. As lentas taxas de crescimento estão fazendo com que os setores de carne e leite apresentem supercapacidade em alguns países europeus.
A produção de alimentos orgânicos está aumentando nos quatro cantos do mundo, com quase 23 milhões de hectares das propriedades rurais sendo hoje manejadas como orgânico. Muito deste aumento está ocorrendo nos países do terceiro mundo, onde alguns produtores rurais estão sendo atraídos pelos benefícios de exportação da produção de alimentos orgânicos.
A Organic Monitor disse que a formação de blocos comerciais está tendo efeitos positivos e negativos na indústria de alimentos orgânicos, que está se globalizando. Uma grande integração dos mercados regionais está facilitando o comércio entre os países membros. Entretanto, isso também está tornando os blocos comerciais mais fortalecidos contra os países não-membros.
A entrada de 10 novos membros na UE em 2004 dará aos produtores de alimentos orgânicos da Europa Central e do Leste Europeu acesso a um mercado de US$ 12 bilhões. Isso também estenderá oportunidades de mercado aos produtores de alimentos orgânicos da Europa Ocidental. Ao mesmo tempo, isso significará menores oportunidades aos produtores de alimentos orgânicos não-europeus, com os países da Europa Ocidental esperando substituir os vegetais e condimentos orgânicos da Ásia e os cereais e grãos orgânicos da América do Norte com aqueles dos novos membros.
“Concluindo, a globalização da indústria de alimentos orgânicos deverá continuar. A velocidade da globalização, entretanto, deverá ocorrer em uma taxa mais lenta do que outros setores da indústria de alimentos, especialmente à medida que as diferenças permanecem em termos de padrões de orgânicos e preferência dos consumidores ‘que pensam localmente e não globalmente’ quando compram produtos orgânicos”.
Fonte: MeatNews.com