A indústria de carne bovina dos Estados Unidos teve reações variadas às notícias de que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o Brasil chegaram a um acordo que aumentará o comércio e carne bovina e derivados entre os dois países.
Pela primeira vez desde 2003, a carne bovina e os produtos derivados dos Estados Unidos terão permissão para ter acesso ao mercado brasileiro. O Brasil removeu as restrições à carne americana relacionadas à encefalopatia espongiforme bovina (EEB) e reconheceu os Estados Unidos como com risco desprezível para EEB. Ao mesmo tempo. O Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS) do USDA determinou que os sistemas de segurança alimentar do Brasil que governam a produção de carne continuam equivalentes aos sistemas de segurança de carnes dos Estados Unidos. Isso significa que a carne bovina resfriada ou congelada produzida no Brasil poderá ser importada pelos Estados Unidos.
“O mercado brasileiro oferece uma excelente oportunidade para as companhias dos Estados Unidos e é um mercado em que a indústria vem trabalhando para retornar o acesso há anos”, disse o presidente e diretor executivo do Instituto Norte-Americano de Carnes (NAMI), Barry Carpenter. “Também estamos satisfeitos que o Brasil reconheceu o que a Organização Mundial para Saúde Animal reconheceu: que a carne bovina americana é tão segura quando qualquer outra no mundo, com risco desprezível para EEB”.
O presidente da Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina (NCBA) dos Estados Unidos, Tracy Brunner, disse que a decisão de permitir importações de carne fresca, congelada ou resfriada, é preocupante porque o Escritório de Contabilidade do Governo continua revendo a metodologia usada no processo de tomada de decisão. “O USDA falhou em fornecer uma revisão detalhada e documentada baseada em ciência dos protocolos de avaliação de riscos sobre o status de saúde animal para países; a informação foi requerida pela indústria de carne bovina dos Estados Unidos e pelo Congresso no ano passado visando aliviar sérias preocupações referentes à saúde animal”.
Em julho de 2015, membros do Comitê de Apropriações do Parlamento dos Estados Unidos concordou em bloquear as importações de carne bovina fresca do Brasil e da Argentina esperando mais estudos sobre potencial risco de febre aftosa entrar nos Estados Unidos.
Alguns membros da indústria se opõem à decisão de permitir as importações de carne fresca brasileira. O CEO da R-CALF USA, Bill Bullard, disse que o acordo exporá os consumidores dos Estados Unidos e o rebanho americano a um “risco desnecessário e evitável de doença”.
“O Brasil não tem recursos e infraestrutura para manter padrões de saúde e segurança que sejam no mínimo iguais aos dos Estados Unidos. É por isso que o USDA reduziu o padrão dos Estados Unidos a essa mera equivalência – que essencialmente significa ‘perto o suficiente’.
O acordo permite que ambos os países comecem procedimentos administrativos visando permitir que o comércio de carne bovina seja retomado. As companhias dos Estados Unidos precisarão completar o processo de registro regular de plantas do Brasil, disse o USDA.
“O mercado brasileiro oferece um excelente potencial de longo prazo para os exportadores de carne bovina dos Estados Unidos”, disse o secretário de Agricultura norte-americano, Tom Vilsack. “Os Estados Unidos querem fornecer carne e derivados americanos de alta qualidade aos mais de 200 milhões de consumidores do Brasil e a uma crescente classe média”.
O acordo pede por uma cota inicial de cerca de 60.000 toneladas de carne brasileira enviada aos Estados Unidos nesse ano. O NAMI notou que a carne brasileira provavelmente competirá com outros produtos da América Central, sob o sistema de cotas sujeitas a tarifas dos Estados Unidos que limitam o volume de carne bovina sem pagar tarifa de 26,4%. O Instituto antecipa que a carne brasileira será principalmente usada em produtos de carne moída e processada.
Fonte: Meatpoultry, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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