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Indústria gaúcha prevê maior exportação de couro

A instabilidade do cenário internacional, principalmente em razão do conflito no Iraque e seus desdobramentos, não assusta o setor curtumeiro gaúcho, que prevê uma taxa de crescimento de 15% em 2003.

A previsão otimista da Associação das Indústrias Curtumeiras do Rio Grande do Sul (AICSul) vem da capacidade tecnológica dos curtumes do estado em beneficiar o couro cada vez mais, agregando valor para vendas no mercado doméstico ou internacional. As exportações do setor gaúcho obtiveram crescimento de 69% em níveis monetários no ano passado, se comparado com 2001.

No ano passado, os curtumes gaúchos faturaram algo em torno dos US$ 800 milhões, dos quais US$ 331 milhões foram obtidos com as vendas externas, o que, monetariamente, colocou o Rio Grande do Sul na liderança nacional, com 34,3% das vendas brasileiras (São Paulo é o segundo com 26,2%). Se consideradas as vendas externas brasileiras somente de couros acabados, esse percentual sobe para 47,1%.

“O crescimento ocorre justamente da capacidade de nossa indústria em beneficiar o couro, vendendo o produto acabado para a manufatura, já que o volume da oferta de matéria-prima cresce, tradicionalmente, em torno dos 2% anuais”, observou o presidente da AICSul, Cezar Müller.

Hoje, a grande compradora de couros brasileiros é a indústria do estofamento, interna ou externa, responsável pela aquisição da metade da produção da indústria curtumeira nacional. Depois, seguem a indústria calçadista, de artefatos de couro e do vestuário. No Estado a situação não é diferente.

“A indústria calçadista, além de consumir o couro nacional, também importa a matéria-prima para a sua produção, principalmente couros diferenciados (de bezerros ou novilhas). Em sua quase totalidade, a nossa pecuária é extensiva, o que implica uma oferta de um mesmo tipo de couro. A produção nacional de couros especiais ainda não tem escala para diminuir a necessidade desta importação”, disse Müller.

O Rio Grande do Sul tem um total de 220 curtumes, que empregam 13 mil pessoas de forma direta. Em 2002 o Estado abateu dois milhões de cabeças (6% do abate nacional), mas processou 12 milhões de peças graças às importações de peças de outros Estados como Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Pará, onde estão concentrados os grandes rebanhos brasileiros.

Os destinos dos couros produzidos no Rio Grande do Sul são os produtos manufaturados para o mercado interno e o mercado internacional, com exportações sobretudo para China, Hong Kong, Itália e EUA.

“China e Hong Kong, responsáveis por 26,9% das exportações dos curtumes gaúchos, compraram principalmente couros de maior valor agregado (couro acabado). Já a Itália, que participa em 21% das nossas vendas externas (é a grande compradora do couro brasileiro tipo wet blue), compra, preferencialmente, couro em estágio de menor valor agregado. Os EUA (18%) dão ênfase à compra de couros de maior valor agregado, principalmente para a indústria de estofamento”.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Vitor Paz), adaptado por Equipe BeefPoint

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