A previsão inicial da Associação das Indústrias de Couro do Rio Grande do Sul (AICSul) e do Centro das Indústrias de Couro do Brasil (CICB) de fechar o ano com um crescimento, em relação a 2001, variando entre 10% e 12%, em volume físico das vendas internacionais, dificilmente será alcançada pela indústria nacional. Hoje, percentuais entre 7% a 8% em relação ao ano passado já serão festejados. A recessão das economias de mercados compradores e a queda no preço do couro são os principais motivos apresentados para a nova realidade pelo economista André Maurício dos Santos, consultor da entidade gaúcha.
Entre janeiro e agosto de 2002, o Brasil somou US$ 592 milhões com suas exportações de couros (cerca de 3% de crescimento em relação ao mesmo período de 2001), o que correspondeu a embarques de 147 mil toneladas (5% a mais em relação aos primeiros oito meses do ano passado), algo em torno de um terço da produção total. “Em termos monetários, tínhamos a expectativa de fechar o ano com um aumento variando entre 7% e 8% em relação ao que foi vendido em 2001. Na revisão desses percentuais, a nova previsão é de um incremento em torno de 5%”, observou Santos.
Em relação aos seus quatro estágios de beneficiamento, o couro salgado teve aumento de 1,5% em volume físico e de 0,5% em termos monetários nos oito primeiros meses de 2002 sobre o mesmo período do ano passado. As vendas internacionais do wet blue cresceram 36% monetariamente e 50% em volume físico; do semi-acabado, os aumentos foram de 15% em volume físico e de 19% e do couro acabado, os percentuais foram de 20% de aumento do volume físico e de 35% em termos monetários.
Entre os principais compradores, a Itália continua na liderança, com participação total de 48% sobre tudo aquilo que o Brasil exporta de couro. Nos oito primeiros meses do ano, os italianos importaram do Brasil US$ 194 milhões, contra US$ 175 milhões de janeiro a agosto de 2001. O volume físico cresceu de 59 mil toneladas para 71 mil toneladas.
A grande vedete das compras de couro brasileiro até agosto foi a China. Para lá, a exportação brasileira cresceu 79% em termos monetários, subindo de US$ 30 milhões em 2001 para US$ 54 milhões neste ano de 2002. Em volume físico, o aumento foi de 120%. Em seguida, aparecem os compradores de Singapura como aqueles que mais aumentaram suas aquisições. Em 2001, os embarques para aquele mercado representaram US$ 10 milhões, pulando, agora, para US$ 16 milhões.
No ranking dos 10 principais compradores brasileiros, os italianos ocupam o primeiro lugar, seguidos por Hong-Kong, Estados Unidos, China, Portugal, Singapura, Espanha, Taiwan, Coréia do Sul e os Países Baixos.
O presidente da AICSul, Cezar Müller, disse que a entidade continua na luta para estimular as empresas a beneficiarem, cada vez mais, o couro. Ele defendeu a manutenção da taxa de 9% sobre as vendas internacionais do wet blue e sugeriu a criação de taxa dobrada em relação ao couro salgado, na tentativa de combater a exportação de produto sem nenhum valor agregado.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Vitor Paz), adaptado por Equipe BeefPoint