Os preços dos alimentos continuaram pressionados em agosto, mas não devem ser o único fator a contribuir com a manutenção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em trajetória pouco compatível com a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% ao ano.O intervalo entre as estimativas é de avanço de 0,38% a 0,43% e o índice deve ser divulgado em 05/set pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os preços dos alimentos continuaram pressionados em agosto, mas não devem ser o único fator a contribuir com a manutenção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em trajetória pouco compatível com a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% ao ano. A média das projeções coletadas em 11 departamentos econômicos e consultorias aponta alta de 0,41% do IPCA de agosto, resultado que, se confirmado, traria nova elevação dos preços no acumulado em 12 meses. O intervalo entre as estimativas é de avanço de 0,38% a 0,43% e o índice deve ser divulgado em 05/set pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Economistas acreditam que o índice de difusão – medida que mostra quanto a inflação está disseminada na economia – deve se acelerar. Se a estimativa para o IPCA de agosto estiver correta, o índice em 12 meses passará de 5,2% em julho para 5,24% no mês passado.
Para Priscila Godoy, economista da Rosenberg & Associados, o grupo alimentação, que avançou 0,91% em julho, deve subir um pouco menos em agosto: 0,75%. Ainda assim, ela espera que o IPCA registre alta de 0,43% no último mês, mesmo resultado de julho, por causa da expectativa de que a aceleração da inflação seja mais disseminada.
Priscila estima que a alta de preços concentrada em alimentos, em julho, deve atingir mais produtos em agosto. “Se em julho o IPCA subiu por causa de alimentos, em agosto a pressão é generalizada”. Thiago Curado, economista da Tendências Consultoria, estima que o índice de difusão deve permanecer em patamar elevado em agosto. No IPCA-15 do mês passado, o índice chegou a 65,75%, o maior nível desde janeiro, quando 69% dos preços analisados pelo IBGE apresentavam alta. Para Curado, entretanto, o avanço no índice de difusão não significa repique na inflação.
Pelas suas contas, o IPCA de agosto subirá 0,4%, praticamente a mesma variação vista no IPCA-15 do mês passado, que foi de 0,39%, e se situará um pouco abaixo do IPCA de julho, que foi de 0,43%. Já as estimativas para os núcleos de inflação, que retiram do cálculo do indicador os fatores de maior volatilidade, apontam elevações mais intensas. A projeção para a média dos três núcleos de inflação do IPCA em agosto é de alta de 0,44%, ligeiramente acima do 0,43% contabilizado no IPCA-15, mas abaixo do 0,46% visto no IPCA de julho.
Para Marcelo Arnosti, economista-chefe da BB-DTVM, as trajetórias do índice de difusão e dos núcleos de inflação reforçam a percepção de que não foi apenas o choque de oferta que prejudicou a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5%. Para Arnosti, as expectativas para o IPCA em 2013, situadas em 5,5%, reforçaram a inércia inflacionária. Além disso, os reajustes de salários acima da produtividade tendem a elevar os custos do setor de serviços, impedindo recuo nos preços.
Apontando ainda o fato de que parte dos repasses ao varejo de preços em função da desvalorização cambial ainda não se materializou nos preços ao consumidor, a Rosenberg revisou a projeção para o IPCA em 2012 de alta de 5,1% para aumento de 5,5%.
Fonte: jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.