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Influência de ingredientes da dieta sobre o perfil de ácidos graxos

O perfil de ácidos graxos na gordura da carne bovina tem apresentado crescente interesse da comunidade científica, principalmente depois da descoberta do ácido linoléico conjugado (CLA), substância encontrada na gordura de bovinos com atividades anticolesterolêmica, de prevenção ao diabetes, diminuição de aterogênese, ativação do sistema imune e principalmente ação anti-carcinogênica (BAUMAN & KELLY, 1997).

A concentração de CLA na carne bovina pode ser modificada, podendo ser aumentada ou diminuída devido a alguns fatores como a alimentação, sistema de produção e genética. Aumentos nas concentrações de CLA foram observadas em animais em pastagens, ou com a inclusão de óleos de peixe ou girassol na dieta desses animais (Enser, et al., 1999). Óleos vegetais não são comumente usados em grandes concentrações em dietas de bovinos, devido às altas concentrações de ácidos graxos insaturados com efeitos tóxicos aos microorganismos ruminais. Esse fato pode causar diminuição na digestibilidade de fibras e produção de proteína microbiana, sendo a utilização de sementes de oleaginosas uma boa alternativa nesses casos, pois permite liberação gradual de ácidos graxos insaturados no ambiente ruminal.

Madron et al. (2002) avaliaram os efeitos da inclusão de grãos de soja extrusados na dieta de bovinos de corte em confinamento sobre o perfil de ácidos graxos em diferentes pontos da carcaça.

Pelo fato do trabalho ter sido realizado no Estados Unidos, os pesos de abate foram elevados devido ao sistema de produção adotado naquele país. Esse fator tem certa importância, porém os resultados podem ser utilizados como referência para pesquisas nacionais sem grandes ressalvas. Os animais não apresentaram diferenças nas características de carcaça no abate, evidenciando que apesar das diferentes inclusões de óleo nas dietas, o desempenho não foi alterado, ocorrendo bom controle das variáveis no experimento.

Tabela 1. Composição da dietas experimentais utilizadas


Os ácidos graxos presentes em maiores quantidades no tecido adiposo foram o oléico (38,5%), palmítico (25,7%) e esteárico (15,4%). Já as concentrações de CLA aumentaram em resposta aos diferentes tratamentos. A inclusão de soja extrusada na dieta aumentou as concentrações de CLA em 17% relacionado ao controle (Tabela 2). Essa resposta pode ser explicada em parte pelo aumento das concentrações de ácidos graxos insaturados inclusos na dieta, principalmente o ácido linoléico, substrato chave no processo de biohidrogenação podendo levar a formação de CLA no rúmen.

Tabela 2. Desempenho, características de carcaça e concentrações de CLA para os diferentes tratamentos.


Não foi observada diferença no efeito da inclusão de ácidos graxos insaturados na dieta sobre o perfil de ácidos graxos de diferentes sítios de deposição de tecido adiposo. Esse fato nos evidencia que a dinâmica de deposição é controlada principalmente por enzimas como a delta 9 dessaturase, não sendo influenciado por ácidos graxos da dieta. O perfil de cada sítio de deposição de gordura vai ser influenciado principalmente pela quantidade de enzimas presentes em cada local.

Os resultados mostraram que a inclusão de soja como fonte de ácidos graxos insaturados na dieta, permite aumento das concentrações de CLA no tecido adiposo de bovinos de corte. Dessa forma, os ingredientes da dieta podem ser usados como ferramenta para a manipulação da composição de ácidos graxos da gordura da carne bovina.

Referências biblográficas

BAUMAN, D.E.; KELLY, M.L. Conjugated linoleic acid: A potent anticarcinogen found in milk fat, II Annual Provita Science Symposium, Cornell University, New york, 1997.

MADRON, M.S.; PETERSON, D.G.; DWYER, D.A.; CORL, B.A. BAUMGARD, L.H.; BEERMAN, D.H.; BAUMAN, D.E. Effect of extruded full fat soybeans on conjugated linoleic acid content of intramuscular, intermuscular and subcutaneous fat in beef steers. J. Anmi. Sci., v. 80, p. 1135-1143, 2002.

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