Pecuaristas de Bagé, no Rio Grande do Sul, estão tendo que vigiar seu gado, usando binóculos e comunicando-se via rádio, para alertar os vizinhos sobre movimentação suspeita, em uma tentativa de proteger seu patrimônio ameaçado por abigeato. Eles comunicam a polícia em caso de suspeita.
Em 2014, Bagé liderou o número de registros do crime no Rio Grande do Sul, com 228 casos, conforme estatísticas da Secretaria da Segurança Pública. O número foi 30,3% maior do que no ano anterior.
Produtores relatam que a redução do patrulhamento militar no meio rural por conta do corte de despesas promovido pelo governo estadual, somada ao maior interesse dos criminosos em um produto mais valorizado, fez aumentar a insegurança nas fazendas.
Na Campanha, é difícil encontrar algum pecuarista que não tenha tido animais mortos ou roubados para abastecer a cadeia criminosa — que começa com o furto, passa pelo transporte ilegal e abate clandestino e termina na venda ilegal da carne aos consumidores.
Em Pedras Altas, no Sul, os problemas são parecidos e a organização é para contratar segurança particular.
Após serem furtados ou carneados nas fazendas, os animais abastecem um mercado clandestino que envolve cerca de 400 mil cabeças de gado por ano, estima o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs). Essa carne é consumida sem qualquer inspeção sanitária, representando perigo para a saúde pública.
Hoje, a indústria gaúcha de carne bovina abate cerca de 1,9 milhão de animais por ano. Embora não seja o único fornecedor do abate clandestino, o abigeato responde por boa parte do que chega ao mercado sem inspeção.
Quase 50% dos furtos de gado ocorrem nas regiões da Campanha, Missões, Fronteira Oeste e Sul, informa a Secretaria da Segurança Pública. Animais de raça prontos para o abate são o alvo preferencial dos ladrões.
Fonte: Zero Hora, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.