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Inspeção estadual de frigoríficos está suspensa em SP,diz secretário

Frigoríficos com inspeção estadual no Estado de São Paulo estão com a fiscalização presencial suspensa para evitar o contágio dos profissionais pelo novo coronavírus, afirmou nesta quinta-feira ao Valor o secretário de Agricultura do Estado, Gustavo Junqueira.

Com a suspensão dos trabalhos, ele disse que relatórios serão cobrados das empresas no fim do mês e que “controles digitais” foram estabelecidos.

“As companhias estão nos informando sobre o que estão fazendo e nós estamos acompanhando. Assim, em caso de qualquer problema, entraremos em contato por telefone ou teleconferência”, afirmou o secretário.

Segundo ele, o Estado têm o papel de monitorar a produção, mas não de “dizer o tempo todo o que o empresário tem que fazer”.

A decisão da Secretaria de Agricultura não vale para os maiores frigoríficos, que são fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF). Nesses casos, a fiscalização presencial continua e é, inclusive, requisito de alguns países importadores da carne brasileira.

“Não há risco de desabastecimento”

Na entrevista ao Valor, Junqueira ressaltou que a produção de alimentos está normal no Estado e, portanto, não há risco de desabastecimento.

Ele reiterou que a procura por produtos nos supermercados nos últimos dias cresceu da ordem de 10% a 30%, conforme o avanço da semana, e afirmou que as indústrias estão trabalhando para reorganizar suas entregas, dado que o setor de food service (bares, restaurantes etc) foi fortemente afetado pela recomendação de que as pessoas permaneçam em casa para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.

De acordo com ele, há alimento disponível, mas as indústrias estão redimensionando a demanda e reembalando alguns itens. Ele citou o exemplo da reembalagem de produtos de produtos antes destinados para cozinhas industriais que serão realocados para o varejo, incluindo os de pequeno porte.

“É tudo uma questão de readequação. As feiras livres são outro caso que estamos tratando. Sugerindo menor frequência, separação da comercialização, um dia com legumes, outro com frutas, e uma distância entre o feirante e o consumidor, com entregas também por caixas, ao invés da opção pela exposição dos produtos a granel”, disse.

Segundo ele, se houve alguma paralisação na indústria frigorífica, “foi por conta de questões de mercado”. “Mas a safra continua sendo colhida; os animais, sendo alimentados; leite, sendo tirado”, acrescentou. Nesta semana, a Minerva Foods deu férias coletivas para os funcionários do abatedouro de bovinos de José Bonifácio, no interior paulista.

Em grandes propriedades, os trabalhos a campo não devem ser afetados, segundo Junqueira, porque tratam-se de grandes áreas abertas. Em relação a fazendas de leite, a orientação é que os funcionários mantenham maior distância entre si. Já dentro de frigoríficos estão sendo estudadas medidas como a possibilidade de estabelecer turnos, seja manhã e tarde, ou trabalho em equipes, que se revezam a cada 14 dias subsequentes.

Em relação aos estoques, ele disse que São Paulo está abastecido e os centros de distribuição têm mercadorias. “Como vínhamos numa crescente na economia do Estado, formamos estoque”, justificou.

O consumidor, de maneira geral, sairá menos de casa, mas serviços de delivery podem colaborar com a distribuição dos alimentos neste momento e, inclusive, fomentar que restaurantes permaneçam ativos com as entregas, disse Junqueira.

“É importante também que os supermercados fiquem abertos para a população sentir que a situação está sob controle, que há produto nas prateleiras e que pode ir comprando aos poucos”, afirmou.

Fonte: Valor Econômico.

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