Às vésperas do início do período de confinamento de gado, o preço médio dos principais insumos utilizados para alimentar os animais durante o inverno subiu 50% com relação a abril de 2002. Mais uma vez, a explicação para o aumento é a valorização do dólar registrada a partir do segundo semestre do ano passado. Apesar da base da alimentação ser formada por commodities, a queda da moeda americana, nas últimas semanas, não foi suficiente para retrair o custo dos pecuaristas.
A análise é do analista da Scot Consultoria, Fábio Lucheta Isaac. Para ele, a conjuntura deve diminuir a margem de lucros dos criadores em 8% a 10%. ”O custo com alimentação, no confinamento corresponde a 30% das despesas totais”, informou.
O insumo que mais subiu foi a uréia pecuária, que de abril de 2002 a abril de 2003 aumentou de R$ 506,00 para R$ 1.048,00. Em valores nominais, o encarecimento é de 107%. Em valores deflacionados, o concentrado subiu 56% sobre a inflação do período, que foi de 33%, de acordo com o índice IGP-DI.
Com relação ao milho, a alta nominal é de 75%, com o preço da tonelada passando de R$200,00 para R$ 350,00. Considerando a inflação, a valorização é de 31%. Já o farelo de soja subiu 36% em valores nominais: em abril de 2002 a tonelada era negociada a R$ 375,00 e em abril de 2003 passou a ser vendida a R$ 510,00. Em valores deflacionados, a alta foi de 2%.
Também utilizados para alimentar o gado, o sorgo e a polpa cítrica apresentaram aumento expressivo: 78% e 87%, respectivamente, em valores nominais. Considerando a inflação, a valorização foi de 34% e 40%.
Mesmo com a alta, Isaac acredita que o confinamento crescerá 5% no Brasil em 2003. Segundo ele, os maiores confinadores são os grandes frigoríficos, cujas condições financeiras permitiriam investir nessa alternativa apesar dos custos.
O pecuarista Valdir Lazarini, de Cascavel, discordou da afirmação do analista. Tradicional confinador de gado, ele vai diminuir em 20% o volume de bois a serem confinados neste ano. ”Muita gente vai adotar essa solução para enfrentar a alta.” A conseqüência, segundo ele, é que o preço do boi gordo pode subir na entressafra.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Carolina Avansini), adaptado por Equipe BeefPoint