Balizador de preços do boi gordo GPB/DATAGRO – Boletim de 01-junho-2023
2 de junho de 2023
Preço do boi gordo desaba, mas recuo da carne ainda é tímido
2 de junho de 2023

Intenção de confinamento tem forte baixa em Mato Grosso

Acidose ruminal

A queda nos preços do boi gordo também derrubou as intenções de confinamento em Mato Grosso, maior Estado produtor de carne bovina do país. Levantamento realizado em abril pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que o volume de cabeças de gado que os criadores pretendem confinar em 2023 – de 479,7 mil animais – é 9,46% menor que o estimado no mesmo mês de 2022. Quando comparado com o consolidado de 704,2 mil animais de todo o ano passado, a queda é de 31,88%.

A pesquisa do Imea indica que 61,05% dos pecuaristas ouvidos pretendem confinar em 2023. Já 32,63% não vão colocar gado em confinamento e outros 6,32% não decidiram. A principal preocupação dos confinadores é o preço do boi gordo, seguido da baixa lucratividade e o custo dos insumos. Os cenários econômico e político também foram citados.

Segundo o Imea, a “intensa desvalorização do animal” no último ano foi a preocupação de 37,36% dos confinadores. Em abril de 2022, o pecuarista de Mato Grosso recebia uma média de R$ 291,93 por arroba vendida. Já em abril de 2023, o preço caiu para R$ 246,05 por arroba.

Mesmo assim, o Imea diz que quatro das sete macrorregiões do Estado indicaram aumento no número de animais confinados e que a queda no preço dos insumos pode ter motivado os criadores. Quase metade do rebanho que será confinado já foi negociado para aproveitar a onda de baixa do milho usado para alimentar os bois e dos animais de reposição (bezerro, boi magro, garrote ou novilha).

O Imea observa que o volume indicado no 1º levantamento geralmente é menor e costuma apresentar ajustes positivos ao longo do ano, conforme a movimentação e tendência do mercado.

O diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi, afirmou que o cenário exige “muito profissionalismo” dos pecuaristas. “A conta da maioria dos pecuaristas hoje não fecha. A situação está bastante apertada e o criador terá que fazer muitas contas para que possa permanecer na atividade”.

“Se o pecuarista tem pasto sobrando e caixa, é hora de comprar gado magro para repor. Se ele tem dinheiro, mas não tem pasto, é hora de investir nas pastagens. Se ele tem gado e não tem pasto, não tem o que fazer, tem que vender”, apontou.

De acordo com o Imea, a “crescente pressão baixista” na arroba do boi gordo e os fatores de volatilidade no mercado pecuário, como o caso atípico do “mal da vaca louca” que ocorreu em fevereiro e travou as exportações para a China, acenderam um sinal de alerta para a forma como alguns pecuaristas negociam seus lotes de gado.

O instituto afirma que 22,41% dos pecuaristas entrevistados em abril disseram já ter feito a negociação prévia de parte de seus animais, dos quais 8,62% por meio do contrato a termo com frigorífico e 13,79% por meio de contrato na bolsa. “A utilização destes mecanismos de proteção de preço aliada ao planejamento estratégico eficiente pode garantir a rentabilidade e aumento da margem da operação, uma vez que a negociação prévia permite que o pecuarista se proteja da volatilidade do mercado e de bruscas oscilações”, diz o Imea.

Fonte: Valor Econômico.

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