A melhora proporcionada pela monensina sobre a eficiência alimentar de bovinos em confinamento têm sido atribuída ao aumento na digestibilidade dos alimentos, diminuição das perdas de energia na produção de gases e diminuição na relação acetato:propionato. Outras possibilidades como a diminuição da utilização de aminoácidos como fonte de energia por bactérias gram-positivas, também têm sido mostradas. Alguns trabalhos têm demonstrado efeito da monensina na melhora da conversão alimentar somente quando são utilizadas fontes verdadeiras de proteína, havendo diminuição dos efeitos quando se utilizam fontes de nitrogênio não protéico.
A utilização de lipídio na dieta de bovinos inibe o crescimento de bactérias gram-positivas, aumentando as concentrações de propionato e diminuindo a produção de metano. Também pode levar ao aumento do fluxo de aminoácidos ao intestino delgado, por diminuir a desaminação de aminoácidos no rúmen. Esses efeitos são semelhantes ao proporcionados pela monensina. Porém, segundo Clary et al. (1993) a monensina não apresentou melhora na conversão alimentar quando havia gordura presente na dieta.
Lana e Fox (2001) trabalhando com novilhos Aberdeen Angus, avaliaram as interações entre monensina, óleo de soja e fontes de nitrogênio em bovinos confinados. Na tabela 1 é apresentada a proporção dos ingredientes das rações usadas.
Tabela 1: Composição das dietas utilizadas (%MS)
A tabela 2 mostra os efeitos da monensina, óleo de soja e fontes de nitrogênio sobre o desempenho, consumo de matéria seca e eficiência alimentar de animais da raça Angus alimentados com dietas contendo 90% de concentrado e 13,5% de proteína bruta.
A monensina diminuiu o consumo de matéria seca nas dietas contendo farelo de soja. Essa redução tem sido explicada pelo efeito da monensina na redução das perdas na fermentação e no aumento da disponibilidade energética. Entretanto, isso não explica o fato da monensina não ter diminuído a ingestão de matéria seca, quando a uréia foi utilizada como fonte de nitrogênio na presença de óleo de soja. Segundo os autores, a interação observada entre monensina e fontes de nitrogênio sobre o consumo de matéria seca, pode estar relacionada à desaminação ruminal de aminoácidos. A diminuição da desaminação ruminal de aminoácidos leva a diminuição das concentrações de amônia no rúmen, diminuindo a fermentação e tendo como conseqüência a diminuição da ingestão de matéria seca.
Tabela 2
A inclusão de excesso de lipídios insaturados na dieta tende a ter efeito negativo sobre o crescimento microbiano, inibindo principalmente as bactérias gram-positivas e diminuido o consumo. Entretanto, o efeito no presente trabalho foi pequeno, chegando a não ser observada redução no consumo em uma das dietas (dieta com monensina, uréia e óleo de soja, por coincidência a mesma dieta em que a presença de rumensina não causou diminuição do consumo). A presença de óleo de soja nas dietas levou a redução consistente do ganho de peso e na eficência alimentar.
Houve interação entre a monensina, óleo de soja e fonte de nitrogênio sobre a eficiência alimentar. Nas dietas com uréia, a presença de monensina apresentou melhora muito pequena na eficiência alimentar (1 a 2,5%). Nas dietas com farelo de soja, o efeito foi grande (aumento de 7,4%) na ausência de óleo de soja e foi negativo (diminuição de 12,7%) na presença de óleo de soja.
É importante lembrar que o teor de extrato etéreo das dietas com óleo de soja do presente trabalho (7 %) está bem mais alto do que o recomendado em dietas de ruminantes quando se usa fontes não protegidas de lipídeos (5%).
A monensina é mais eficiente em melhorar a conversão alimentar de animais em confinamento, quando a dieta possui fontes de proteína verdadeira e sem a inclusão de lipídios em excesso especialmente de fontes insaturadas. Pelo fato dos lipídios insaturados terem efeito semelhante a monensina sobre os microorganismos ruminais, a utilização conjunta desses componentes parece ter efeito aditivo, podendo piorar a conversão alimentar.
Referências Bibliográficas:
CLARY, E.M.; BRANDT, R.T.; HARMON, D.L. et al. Supplemental fat and ionophores in finishing diets: feedlot performance and ruminal digesta kinetics in steers. J. Anim. Sci., v. 71, p. 3115-3123, 1993.
LANA, R.P.; FOX, D.G. Interações entre monensina sódica, óleo de soja e fontes de nitrogênio no desempenho de novilhos Aberdeen Angus em confinamento. Rev. Bras. Zootec., V. 30(1), p. 247-253, 2001.