Vitória do Brasil na OMC repercute na imprensa mundial
5 de agosto de 2004
Oeste paulista: gado cede terras para a cana
9 de agosto de 2004

Interpretação de análises de solo: métodos de extração de fósforo

Por Patricia Menezes Santos1, Luciano de Almeida Corrêa1 e Marco Antonio Alvares Balsalobre2

Os métodos de determinação utilizados pelos laboratórios de análises de solos nem sempre são os mesmos, o que pode causar problemas no momento da interpretação dos resultados. O fósforo é um exemplo de nutriente cuja determinação pode ser feita por mais de um método.

O fósforo no solo pode estar na solução, na forma lábil ou na forma não lábil. O fósforo na solução do solo é insuficiente para suprir as necessidades de uma cultura, porém ele encontra-se em equilíbrio com a fração lábil, que é responsável por promover uma constante reposição do fósforo disponível na solução (Plábil ® Psolução ® Pplanta). Uma avaliação adequada do fósforo disponível para as plantas deve, portanto, considerar os valores de fósforo na solução e de fósforo lábil.

A principal diferença entre os métodos de determinação de fósforo está no processo de extração. Os extratores mais utilizados atualmente são o de Mehlich e a Resina. O extrator utilizado no método de Mehlich é uma mistura dos ácidos sulfúrico e clorídrico. No método da Resina, a extração é feita por meio de uma resina trocadora de ânions.

O método da Resina foi proposto como uma tentativa de reproduzir em laboratório o processo de absorção de fósforo pelas plantas no campo. Como a capacidade de troca de ânions da resina é muita alta, há uma transferência do fósforo lábil do solo para a resina (Plábil ® Psolução ® Pplanta) (Raij, 1991). Esse método de extração de fósforo foi adotado pelo IAC em 1983 e, desde então, vem sendo utilizado pelos laboratórios credenciados por esse Instituto.

Os extratores ácidos extraem mais fósforo ligado a cálcio no solo e pequena proporção do fósforo ligado a alumínio e ferro, o que pode levar à subestimativa dos teores disponíveis de fósforo em solos argilosos que vêm recebendo adubação fosfatada (Raij, 1991). Por outro lado, como o extrator ácido solubiliza fosfatos naturais, esse método pode superestimar a quantidade de fósforo disponível em locais adubados com fosfatos naturais (Raij, 1991).De modo geral, os resultados obtidos com o método da Resina são mais elevados do que aqueles observados quando se utiliza o extrator de Mehlich, no entanto, as correlações entre os dois métodos não são boas, o que dificulta a interpretação dos resultados obtidos.

Corrêa & Haag (1993) compararam a disponibilidade de fósforo determinada pelos extratores de Mehlich e Resina em Latossolo Vermelho Amarelo cultivado com três gramíneas (braquiária, braquiarão e colonião). Foram utilizados dados de dois ensaios de adubação fosfatada, um realizado em casa-de-vegetação e outro no campo. Os autores observaram que os dois métodos foram eficientes e semelhantes na avaliação do fósforo disponível para as três gramíneas avaliadas, sendo que o método da Resina considerado mais indicado, pois apresentou maior capacidade de extração do fertilizante fosfatado aplicado (Tabela 1).

Tabela 1. Porcentagem média de fósforo recuperado pelos extratores de Mehlich e Resina, em função das doses de fósforo aplicadas, após o primeiro e segundo cortes das plantas


Comentários: As limitações dos métodos de determinação de fósforo reforçam a importância de acompanhar o histórico de adubações, produtividade e das próprias análises de solo realizadas em anos anteriores na área. Recomenda-se que as análises sejam feitas sempre em um mesmo laboratório que tenha uma rotina de análise bem estabelecida.

Bibliografia consultada

CORRÊA, L.A.; HAAG, H.P. Disponibilidade de fósforo pelos extratores de Mehlich e Resina em Latossolo vermelho amarelo, álico cultivado com três gramíneas forrageiras. Scientia Agricola, v.50, n.2, p.287-294, 1993.
RAIJ, B. van. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres, Potafós, 1991. 343p.

_________________________
1Patricia Menezes Santos, Embrapa Pecuária Sudeste
1Luciano de Almeida Corrêa, Embrapa Pecuária Sudeste
2Marco Antonio Alvares Balsalobre, BN Consultoria

Os comentários estão encerrados.