Biossegurança é o termo utilizado para descrever programas sanitários - ou o conjunto de medidas planejadas e executadas - que objetivem a prevenção da introdução de patógenos ou elementos considerados potencialmente perigosos à saúde e bem-estar de um rebanho ou de uma unidade de produção.
Biossegurança é o termo utilizado para descrever programas sanitários – ou o conjunto de medidas planejadas e executadas – que objetivem a prevenção da introdução de patógenos ou elementos considerados potencialmente perigosos à saúde e bem-estar de um rebanho ou de uma unidade de produção.
Os agentes causadores de doença (ACDs) podem ser de natureza infecciosa (a exemplo de bactérias, vírus e parasitas) e não-infecciosa (a exemplo de micotoxinas, metais pesados e agrotóxicos). Por outro lado, o controle de ACDs (prevenindo a transferência para novos grupos de animais) que já estão presentes em uma propriedade rural é chamado biocontenção.
Os efeitos adversos decorrentes da introdução de doenças e/ou tóxicos em uma propriedade pecuária podem variar e atingir áreas operacionais específicas como a reprodutiva (por meio de baixas taxas de concepção, morte embrionária precoce, abortos, defeitos congênitos), a produtiva (baixo peso ao nascimento, baixo peso a desmama, reduzida eficiência alimentar), a sanitária (altas taxas de morbidade e mortalidade) e a comercial (restrições mercadológicas, perda de negócios, perda na qualidade dos produtos).
Como mostrado na Tabela 1, o nível de biossegurança em uma empresa pecuária pode variar, de forma que cada unidade de produção possui sua própria janela de vulnerabilidade e, assim, deve traçar um plano de biossegurança particular e personalizado de acordo com os riscos inerentes ao seu ambiente produtivo.
As áreas e fatores a serem considerados incluem:
– o status sanitário de animais em introdução (temporária ou permamente) ao rebanho;
– a qualidade dos alimentos utilizados (produzidos e adquiridos);
– a qualidade da água de bebida;
– o risco atribuído à exposição a fauna selvagem ou nativa, assim como, a outras espécies domésticas (cães e gatos);
– o risco atribuído aos trabalhadores, prestadores de serviço e visitantes;
– o risco atribuído à ectoparasitas;
– o risco atribuído à nematódeos com resistência anti-helmíntica múltipla;
– a função de equipamentos e instrumentos na introdução e difusão de ACDs;
– o risco de patógenos e contaminantes difundidos pelo vento.
Um dos primeiros e principais passos em um plano de biossegurança visa reduzir a exposição dos animais e da propriedade a potenciais ACDs. Dentro deste tópico, algumas medidas podem ser adotadas, tais como:
1.Assegurar o controle do perímetro – é preciso ter o controle sobre os limites territoriais da propriedade a fim de evitar mistura de animais, contaminações e introdução de patógenos, limitando ou controlaando de forma mais efetiva o acesso de veículos, animais e pessoas. Embora seja uma tarefa mais difícil para sistemas de produção a pasto conduzidos sob grandes áreas, assegurar o bom controle do perímetro e, identificar e dimensionar as rotas de acesso, reduzem significativamente a probabilidade de exposição a ACDs;
2.Adicionar animais de status conhecido – qualquer animal introduzido ao rebanho deve ter seu status sanitário conhecido e ser vacinado usando um protocolo compatível com o rebanho receptor antes do embarque ou envio ao novo rebanho. Exames sorológicos e parasitológicos dos animais adquiridos deve ser um procedimento padrão durante a introdução de novos animais a um rebanho;
3.Isolar todos as novas aquisições – idealmente, todos os animais adquiridos devem ser isolados do rebanho receptor antes da incorporação efetiva, sendo manejados separadamente por um período de 15 a 30 dias e, durante esse tempo, os mesmos devem ser revacinados para otimizar o desempenho e minimizar a possibilidade de doença após a mistura com o rebanho receptor. Exames laboratoriais para algumas doenças de relevância podem ser efetivos durante esse período de quarentena;
4.Isolar os animais doentes – qualquer animal doente ou que apresente sinais clínicos deve ser isolado do restante do rebanho, sendo examinado, manipulado e tratado com equipamentos e instrumentos adequados que, por sua vez, devem ser limpos e desinfectados após cada uso. O diagnóstico deve ser confirmado por exames laboratoriais e necropsia.
5.Assegurar o manejo dos piquetes-maternidade – Muitos pontos de algumas doenças neonatais podem ser atribuídos ao uso repetitivo das áreas de nascimento ou piquetes-maternidade. Tanto a nível de campo quanto de aprisco, as áreas ou baias de maternidade devem ser limpas regularmente e usadas de forma rotativa, mantendo-se as áreas de amamentação separadas das áreas de maternidade, de forma a minimizar a exposição a ACDs.
6.Praticar o manejo de dejetos – a produção de dejetos em sistemas a pasto não é tão problemática quanto em confinamento. As dejeções devem ser removidas frequentemente e utilizadas para compostagem ou produção de húmus de minhoca, ou ainda, serem diluídas e espalhadas como adubo nos piquetes e em áreas de produção de volumosos. Resíduos de alimentos devem ser removidos e encaminhados para compostagem ou espalhados no campo, mas nunca serem reprocessados com outros alimentos para re-alimentação. Animais mortos devem ser queimados, enterrados ou enviados para compostagem.
Na próxima parte deste artigo serão abordados mais alguns tópicos e estratégias relacionados a um plano de biossegurança.