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Introduzindo à biossegurança – parte II

Na primeira parte desse artigo foi abordado algumas medidas objetivando reduzir a exposição dos animais e da propriedade a potenciais agentes causadores de doença (ACDs). Nessa segunda parte, abordaremos alguns procedimentos visando a proteção do rebanho e da unidade de produção contra infecções potenciais.

Na primeira parte desse artigo foi abordado algumas medidas objetivando reduzir a exposição dos animais e da propriedade a potenciais agentes causadores de doença (ACDs). Nessa segunda parte, abordaremos alguns procedimentos visando a proteção do rebanho e da unidade de produção contra infecções potenciais, dentre os quais se destacam:

1. Vacinação – é a primeira medida de ação na proteção de animais de produção. Existe no mercado uma ampla variedade de vacinas, o que reforça a necessidade de se desenvolver protocolos específicos e personalizados para cada propriedade, a partir de uma análise minuciosa do sistema de produção, programa nutricional, condição dos animais, tipo de atividade (cria, recria e/ou engorda), histórico sanitário, problemas sanitários atuais, riscos potenciais e exames laboratoriais.

2. Exames laboratoriais – o exame sorológico dos animais é a melhor forma de se definir o status sanitário de um rebanho, indicando quais agentes infecciosos estão circulando no plantel e a efetividade potencial de um protocolo de vacinação. A necropsia de todos os animais que vêm a óbito é um mecanismo essencial para se estabelecer um programa de vigilância a fim de identificar quaisquer mudanças no padrão sanitário atual, assim como, confirmar as doenças ou condições ocorrentes em um rebanho ou população.

3. Limpeza – em uma propriedade pecuária, as áreas de manejo dos animais, tais como currais, troncos e bretes, são fontes de contaminação geralmente ignoradas. Devido a sua localização externa e, muitas vezes isolada, essas instalações não são limpas regularmente após o uso. As áreas com acúmulo de sujidades devem ser raspadas até o chão, pois, embora a luz solar, o tempo e a secagem sejam bons inativadores de muitos ACDs, para que esses elementos naturais sejam efetivos, é necessário minimizar ao máximo o nível de matéria orgânica (dejetos, poeira, sangue, etc.). Todas as superfícies e áreas de trabalho devem ser completamente lavadas e desinfectadas após cada uso, especialmente entre lotes de animais. As estruturas de armazenamento de alimentos e de água (silos, galpões, bebedouros e reservatórios) são importantes fontes de ACDs, e devem ser limpos regularmente, eliminando-se sujidades, resíduos ou sobras. O equipamento de transporte e de processamento de alimentos (carroças, carretas, misturadores, vagões, etc.) deve ser limpo e desinfectado antes e após cada uso ou periodicamente.

4. Desinfecção – é a destruição de microrganismos sobre superfícies inanimadas, porém, para que os desinfetantes sejam efetivos, os mesmos requerem uma variável amplitude de tempo para interagir com o agente infeccioso em questão para inativá-lo. Todo desinfetante apresenta redução em sua eficácia na presença de matéria orgânica, portanto, há a necessidade de limpeza prévia antes que o processo de desinfecção seja executado. Dependendo do agente e do ambiente ao seu redor, a quantidade de tempo necessária para inativar agentes infecciosos varia desde uns poucos 5 minutos a até mais do que 30 minutos, considerando também o tipo de desinfectante e de sua concentração em solução.

5. Funcionários – todo o time de funcionários deve ter conhecimento e consciência do programa de biossegurança e contra o que os animais estão sendo protegidos. Planos escritos para cada aspecto de biossegurança e treinamentos de rotina devem ser providos para cada funcionário. Um delineamento claro das ações a serem executadas em cada etapa do processo ajuda a assegurar a continuidade e que nenhum passo será ignorado. A adesão à “política” do programa é especialmente importante nos estágios de processamento, tais como, parição, programas de saúde, limpeza e desinfecção, manejo de dejetos e manutenção de registros. Assegurar que o time compreendeu plenamente a importância da visualização regular e freqüente dos partos, da movimentação oportuna às áreas de maternidade, e do adequado manejo dos neonatos é o passo mais importante para a produção de animais livres de doenças ao longo de todo o processo de produção. O treinamento apropriado na administração de vacinas e medicamentos é uma das mais importantes medidas para garantir a continua saúde dos animais e o fornecimento de um produto seguro e saudável para o consumidor.

6. Visitantes e vendedores – podem ser um risco potencial para a introdução de doenças, de forma que o conhecimento e o registro de todos os indivíduos presentes na propriedade deve ser mantido, procurando-se limitar o número de veículos e de ajudantes ou visitantes externos, assim como, conhecer a origem dos mesmos.

7. Identificação animal – a identificação animal permanece como uma prática comum para os produtores de animais pecuários, entretanto, com a crescente demanda do consumidor por alimentos seguros e saudáveis, e com o desejo de um segmento do setor produtivo em fornecer ao mercado produtos de maior valor agregado, a identificação animal individual e permanente tem emergido vagarosamente na forma da rastreabilidade. Para a biossegurança, esse tipo de identificação facilita a verificação (registros) e o monitoramento (epidemiologia) de surtos de doença.

8. Registros – Em um programa de biossegurança, o registro de todos os programas e procedimentos é necessário, uma vez que, é crucial se verificar os programas de treinamento; a fonte, qualidade e disposição de todos os produtos (animais, alimentos, forragens, equipamentos e materiais); produtos e procedimentos médicos e de vacinação; e o movimento de pessoas e equipamentos. No caso de uma incursão de doença, um programa de biossegurança que demonstre registros completos de todos os parâmetros operacionais estará em vantagem para o controle e erradicação da doença, bem como, para a liberação da propriedade e/ou remuneração pelas perdas.

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