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IPEA: exportadores estão próximos do limite

O dólar encerrou a última sexta-feira cotado a R$ 2,299. No ano, a valorização do real alcançou 15,4% e em 12 meses, 24,8%. Mas as exportações não caíram, como se poderia esperar com tamanha apreciação da moeda nacional. Pelo contrário, elas vêm crescendo – de janeiro até a segunda semana deste mês a expansão foi de 23,5%.

Um estudo elaborado pelos pesquisadores Ajax Moreira e Roberto Siqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ajuda a colocar mais luz sobre o comportamento surpreendente das exportações neste ano. O trabalho analisou 36 setores da economia e tenta explicar como os exportadores tomam suas decisões em um cenário de valorização cambial.

O trabalho mostra que a maioria dos exportadores suporta uma redução da rentabilidade nas suas vendas provocada por uma valorização de até 30% do câmbio em relação ao que seria um nível de equilíbrio. Isso porque tal perda seria menor do que os prejuízos que ocorreriam se os empresários parassem de exportar. Assim, utilizando como exemplo uma taxa de câmbio de equilíbrio na casa de R$ 2,90 por dólar, a cotação teria de ficar abaixo dos R$ 2,23 para que a maioria dos empresários desistisse de exportar, valor muito próximo do fechamento do mercado na sexta-feira.

Para o coordenador da Unidade de Pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, o diagnóstico é correto. Ele afirma ainda que muitas empresas entraram no mercado exportador a partir de 2002 – quando o dólar atingiu seus níveis mais altos, próximo de R$ 4 – e hoje se esforçam para não deixar o mercado que conquistaram, apesar da queda na rentabilidade.

Já o professor da PUC-SP, Antônio Corrêa de Lacerda, especialista em setor externo, diz que o aumento das commodities é o fator preponderante para os resultados obtidos pelo País e que isso compensa as perdas com o Real forte. No entanto, ele diz que o movimento do câmbio é preocupante. “Quando o cenário internacional se reverter e os preços das commodities caírem, nossas exportações sentirão esse movimento.”

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, também alerta: “A competição no mercado internacional é muito grande e por isso a margem de lucro dos exportadores é pequena, em média entre 10% e 15%”, afirma ele, que defende um câmbio “de pelo menos R$ 2,70, mas que seria ideal entre R$ 2,90 e R$ 3,10”.

Ontem, o dólar comercial fechou em R$2,2510, menor cotação desde 8 de maio de 2001. Segundo o jornal Valor Econômico, a perspectiva de mercado é que sem intervenção do BC, a cotação deverá chegar a R$2,20.

Fonte: O Estado de São Paulo (por Fabio Graner) e Valor Econômico, adaptado por Equipe BeefPoint

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