O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) manteve em 11,6% sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário em 2023. No ano passado, o PIB do agro caiu 1,7%.
Com a perspectiva de colheitas fartas em culturas como milho e café na safra 2023/24, o segmento vegetal deve crescer 14,2% e puxar o avanço geral. Para o segmento animal, o IPEA reduziu de 1,6% para 0,8% sua estimativa de expansão. A desaceleração da produção de suínos e a continuidade do cenário adverso para o leite levaram à mudança da previsão.
O segmento vegetal evolui e já corresponde a 80% do valor agregado do campo. Isso ocorreu apesar do corte na projeção de resultado na soja, que mesmo assim se mantém como principal componente dessa conta. A oleaginosa deve crescer 21,3% neste ano, com a recuperação da cultura em Estados que sofreram mais com a seca em 2022, como Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.
O resultado econômico da produção de milho deve aumentar 10,2% e do café, 5,7%, com o fim dos efeitos negativos das geadas do ano passado nos cafezais. Arroz e trigo, no entanto, têm projeções de queda de 6% e 13,8%, respectivamente.
Na área animal, o Ipea destacou a desaceleração da produção brasileira de suínos. Com isso, a suinocultura deve crescer 2,2% – a projeção inicial era de aumento de 5%. O cenário é ainda pior para a pecuária leiteira. O instituto prevê queda de 1,4% para o segmento. Antes, a estimativa era de crescimento de 1,3%.
Em contrapartida, o Ipea revisou para cima a estimativa de crescimento da produção de carne bovina, que passou de 2,4% para 2,6%. Os dados de abates mostram um começo de ano positivo e acima do esperado, ressaltou o instituto, que decidiu adotar cautela na projeção de aumento, calculada antes da notícia da reabertura do mercado chinês para exportação da proteína, anunciada ontem. A projeção para a produção de aves saiu de 3,5% para 4,4% e a ovos, de 1,9% para 3,2%.
O Ipea destacou que o resultado do setor agropecuário em 2023 depende da concretização das previsões das colheita, principalmente de soja. “A probabilidade de que essa projeção permaneça em um patamar próximo de um crescimento de 20% é elevada. Mas uma nova revisão da safra de soja no Rio Grande do Sul é o principal risco para a estimativa da produção brasileira desse grão em 2023. A melhora nas condições climáticas na região, nas últimas semanas, é um fato positivo no impacto das restrições hídricas no Sul do país”, disse o instituto.
Na área animal, com o fim do embargo chinês para a carne bovina, as atenções voltam-se para o setor leiteiro.
O Ipea também analisou o desempenho do setor agropecuário em 2022. Segundo o instituto, o PIB do segmento recuou 1,7% no ano passado, pressionado pela quebra de 11,4% da safra de soja e pela redução de 5,3% na produção de leite.
Fonte: Valor Econômico.