O produtor irlandês de carne bovina e empresário internacional do setor de agribusiness, Derek Shaw, disse que a carne bovina brasileira não pode competir com a carne da Irlanda do Norte em termos de qualidade.
“E este tem que ser o princípio central de qualquer mensagem que a indústria de carne bovina mande para nossos varejistas e consumidores. A confiança do Brasil nas raças tropicais de gado é, de muitas formas, seu calcanhar de Aquiles uma vez que isso significa que a qualidade da carne bovina de seus rebanhos é bem menor do que a produzida nas fazendas aqui da Irlanda do Norte, onde predominam as raças nativas e européias”.
“É tolice para a indústria de carnes daqui sugerir que os padrões de garantia de qualidade e rastreabilidade em outros países são inferiores aos esquemas operados atualmente na Irlanda do Norte. Por exemplo, eu estou atualmente envolvido com um dos maiores negócios de produção e processamento de carne bovina da Austrália e posso confirmar que cada animal é eletronicamente identificado, os padrões de garantia de qualidade são rigorosamente aplicados e as autoridades australianas estão muito comprometidas em garantir que os produtores trabalhem com um cuidado com o meio-ambiente. Eu acho que a Irlanda do Norte pode aprender com outros países, particularmente no que se refere a questões de garantia de qualidade”.
“O fato é que nós tendemos a trabalhar com esquemas que são muito bons do ponto de vista burocrático e administrativo enquanto em outras partes do mundo a ênfase é dada nas práticas dos sistemas produtivos”.
Porém, no que se refere às importações de carne bovina, Shaw reiterou que o Brasil continuaria a encontrar problemas quando tentasse se comparar à qualidade do produto localmente produzido. “Raças como Brahma, que estão adaptadas às condições tropicais, são o suporte principal da indústria de carne bovina brasileira. É necessário, uma vez que nossos gados europeus não sobreviveriam naquele clima. Enquanto isso permanece, a indústria de carne bovina da Irlanda do Norte aproveitará a única vantagem em termos de qualidade que precisa ser informada aos consumidores”.
Supermercado ASDA diz “não” à carne brasileira
A rede de supermercados britânica ASDA confirmou que não estará estocando qualquer carne bovina brasileira na Irlanda do Norte. O supermercado tem a intenção de abrir suas portas ao público na Província em fases, a partir de outubro.
“Nós estamos totalmente comprometidos em trabalhar com os fornecedores locais de alimentos”, enfatizou o gerente de desenvolvimento agrícola, Chris Brown. “Nós já conversamos com todos os atuais fornecedores do Safeway e os informamos sobre este fato. A maioria deles nós já conhecíamos com a permissão do compromisso existente do ASDA de fornecer produtos alimentícios da Irlanda do Norte para suas lojas na Grã-Bretanha. Nós queremos trabalhar com negócios locais de alimentos e isso se tornará evidente uma vez que começarmos e vender”.
Brown negou os rumores surgidos na Escócia de que o ASDA tinha a intenção de reduzir os preços de alguns alimentos, como leite e batata, para ganhar mercado na Irlanda do Norte. Ele disse que o crescimento será obtido baseado na qualidade dos alimentos e dos serviços.
“Nós reconhecemos que os consumidores na Irlanda do Norte preferem variedades locais de alimentos e temos a intenção de suprir esse requerimento”.
Em 2002, o ASDA lançou sua missão agrícola, que incluiu uma série de promessas à indústria agrícola que foram centradas nos compromissos de comprar no Reino Unido o máximo possível e aumentar o volume de carnes e produtos do Reino Unido vendidos aos consumidores locais.
“Nós também estamos comprometidos em estreitar as relações com os fornecedores de alimentos agrícolas e promover as melhores práticas dentro da indústria agrícola. Isso permitirá que nós desenvolvamos estratégias de negócios de longo prazo com os fornecedores que estimulará um crescimento através de um planejamento conjunto e diálogo”.
“Noventa por cento dos alimentos frescos que vendemos que podem ser fornecidos no Reino Unido são fornecidos no Reino Unido. Nós nos basearemos nisso nas lojas que estamos adquirindo na Irlanda do Norte”.
Fonte: Farming Life (por David McCoy e Richard Halloran), adaptado por Equipe BeefPoint