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Irlanda diz ter motivos para embargo a carne brasileira

Uma missão investigativa da Irlanda no Brasil produziu relatório sobre a produção de carne bovina brasileira, autoridades disseram que "baseado em evidências, nós descobrimos a não existência de rastreabilidade do gado, freqüente remoção ilegal e corte dos identificadores, movimentos e controles da febre aftosa totalmente inadequados e o uso de hormônios promotores de crescimento.

Uma missão investigativa feita pela Associação Irlandesa de Produtores Rurais (IFA)/Farmers Journal no Brasil produziu extensas evidências factuais que provam a falta total de controles efetivos e padrões no setor de carne bovina brasileiro, segundo alegou a IFA em um informativo divulgado por sua assessoria de imprensa.

O presidente nacional de animais domésticos da IFA, John Bryan, disse que “baseado em evidências, nós descobrimos a não existência de rastreabilidade do gado, freqüente remoção ilegal e corte dos identificadores, movimentos e controles da febre aftosa totalmente inadequados e o uso de hormônios promotores de crescimento, a única conclusão da Comissão Européia é impor imediatamente uma barreira total às importações de toda a carne bovina brasileira pela Europa”.

Bryan acusou a Comissão Européia, particularmente o Comissário Comercial, Peter Mandelson, e o Comissário de Proteção ao Consumidor, Markos Kyprianou, de insistir em uma agenda comercial politicamente motivada referente às importações de carne bovina brasileira que estão colocando os consumidores e os pecuaristas europeus em riscos inaceitáveis e desnecessários que não são tolerados nos Estados Unidos e em vários outros países.

Bryan disse que para manter qualquer credibilidade no sistema da UE de controles de importação a Comissão precisa imediatamente proibir as importações de carne brasileira. Ele alegou que existem ainda conseqüências sociais e ambientais associadas com as exportações de carne bovina brasileira à Europa relacionadas à exploração de mão-de-obra, trabalho escravo e contínua destruição das florestas tropicais em regiões do Pantanal e da Amazônia.

Sobre a questão crucial da rastreabilidade, Bryan alegou que não existe um sistema efetivo no Brasil e que nas poucas fazendas onde os animais são identificados, existe uma prática disseminada de remover os identificadores para facilitar os movimentos ilegais dos animais.

Ele alegou também que a visita deixou claro que o movimento de animais de estados restritos pela aftosa para estados considerados livres da doença é comum, direcionados pelos maiores preços nestas regiões. “Isso explica porque as importações totais da UE caíram somente 2%, apesar das restrições em estados que representavam 60% das importações da UE antes da crise da aftosa em 2005”.

Bryan disse a situação do Paraguai e da Bolívia no controle da aftosa é pior que no Brasil, e que esses países fazem fronteira com os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Ele também alegou que devido ao fato de o gado ter preços significantemente maiores no Brasil, o contrabando de animais destes países com alto risco de aftosa é comum.

Bryan disse ainda que o Brasil não tem medidas de controle da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB).

Ele também disse que a missão mostrou evidências do uso de hormônios promotores de crescimento proibidos na Europa, além do uso de outras drogas proibidas pelos europeus. Alegou também que as fazendas brasileiras utilizam muitos antibióticos e inseticidas e que não fazem registros dos medicamentos usados nos animais, além de não se respeitar o período de carência.

0 Comments

  1. Arnaldo Barin disse:

    Se nossos colegas irlandeses tivessem competência e capacidade produtiva certamente eles não iriam se preocupar conosco.

    Sugiro que eles também façam algumas visitas a Inglaterra, mas não para checarem a rastreabilidade bovina de lá e sim para tentar absorver um pouco dos bons modos e da educação britânica.

    Temos problemas sim, isso todos nós concordamos, mas daí a generalizar, desmerecer e desmoralizar a todos os pecuaristas brasileiros já extrapola o limite da ética e do bom-senso.

    Se eles realmente têm provas concretas então que as mostrem. Do contrário, sejam coerentes ou mudem de profissão.

  2. Marcelo Gouveia Guimaraes disse:

    Creio que o relatório dos irlandeses está errado, menos na geografia. Me parece ser mais um apelo político protessionista diante do fim dos subsídios.

    O Brasil tem a carne mais saudável do mundo baseada na sua maioria no zebu e na pastagem. O que nos falta e uma posição mais protecionista do nosso governo, mais investimento no setor sanitário, e maior preço para o produtor. Os grandes frigoríficos,como o Bertin aqui de Minas tem sido extremamente criteriosos. Quem desdenha quer comprar.

  3. Wagner Milanello disse:

    Será que não chegará um dia em que este assunto apresente pelo menos um pequeno progresso? Ah! é melhor como está?

  4. Marcio Sader Khouri disse:

    Eu acho as críticas recebidas coerentes com a realidade da pecuária no Brasil, porém na Europa a pecuária deixa muito a desejar.