Os produtores de carne bovina da Irlanda estão protestando contra os processadores de carne do país devido aos baixos preços que estão recebendo pelo seu produto. O chefe executivo da Associação Irlandesa de Carnes (IMA), John Smith, representando os processadores, disse que a atual ação de protesto dos pecuaristas da Associação Irlandesa de Produtores Rurais (IFA) representa uma séria ameaça à viabilidade da indústria de carne bovina do país e ao sustento dos produtores rurais.
O líder do IFA, John Dillon, disse que os produtores de carne bovina não estão preparados para tolerar o que considerou como “discursos hipócritas” do IMA com relação ao preço da carne bovina, quando é exatamente a falência dos mercados das fábricas que tem levado os produtores a receber o preço mais baixo da Europa pelos seus produtos. O confronto ocorreu quando os produtores de carne da Irlanda mantiveram seu protesto na empresa Kepak. Protestos similares foram feitos em outras fábricas do país.
Dillon disse que a enormidade de falências de mercado de frigoríficos está exposta pela diferença nos preços da carne entre a Irlanda e a Inglaterra. Os pecuaristas irlandeses estão determinados a intensificar a campanha para aumentar o preço de seus produtos e tirar o controle dos preços das mãos dos processadores, segundo ele.
Porém, Smith disse que as fábricas de carne do país estão competindo em um mercado que apresenta sobre-oferta, onde os compradores de carne podem facilmente satisfazer sua demanda em outro lugar, freqüentemente a custos mais baixos.
“Para ter sucesso em nível de varejo no mercado internacional, os processadores irlandeses têm que ser hábeis em convencer seus compradores que podem garantir a eles carne bovina irlandesa de alta qualidade a preços razoáveis em um regime contínuo, sem interrupção do fornecimento. A ação organizada pelo IFA levanta mais uma vez a questão da confiabilidade do fornecimento da Irlanda na mente dos compradores. Os protestos do IFA estão promovendo danos extremos aos esforços que as fábricas irlandesas estão fazendo aos mercados de vendas já existentes, bem como na recuperação de mercados perdidos e na busca de novos consumidores para a carne bovina irlandesa”.
Veterinários e especialistas em segurança dos alimentos de Bahrain, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estão, atualmente, participando de uma conferência de cinco dias nesta semana, realizada na capital irlandesa Dublin.
A carne bovina irlandesa foi incluída em um embargo feito pelos Estados do Golfo às carnes bovinas européias após a crise gerada pelo surgimento de casos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) no continente europeu no final de 2000. A conferência de Dublin sobre segurança dos alimentos e proteção dos consumidores no setor de carne bovina está sendo organizada pelo Departamento de Agricultura e Alimentação irlandês, juntamente com o An Bord Bia, e está voltada especificamente aos importantes mercados da região do Golfo.
Os representantes do Golfo terão a oportunidade de ver os métodos de produção de bovinos, bem como produção e processamento de carne bovina na Irlanda, e ter acesso aos controles de qualidade feitos no país como prevenção à EEB.
Fonte: The Irish Examiner (por Ray Ryan), adaptado por Equipe BeefPoint