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Irlanda quer expandir mercados de carne bovina

As exportações de carne bovina da Irlanda ao continente europeu deverão crescer em mais de 25% neste ano, de acordo com a Comissão de Alimentos da Irlanda (Irish Food Board, chamado de Bord Bia). Além disso, o futuro término do Esquema de Mais de Trinta Meses (Over Thirty Months Scheme – OTMS) no Reino Unido requererá maiores crescimentos a estes mercados durante os próximos dois anos.

“O surgimento de uma relação mais próxima entre produtores e processadores para satisfazer as necessidades de segmentos específicos de mercado tem sido um fator contribuinte chave para a aquisição deste crescimento. O contínuo desenvolvimento destas relações será crítico para a sustentação de uma maior participação no mercado”, disse o diretor executivo do Bord Bia, Michael Duffy.

Em resposta ao ambiente de mercado que está se desenvolvendo, a indústria de carne bovina irlandesa tem feito progressos significantes no desenvolvimento de sistemas de produção especializados que produzam carne bovina para a especificação exata requerida por alguns clientes especiais, disse ele. Isso tem sido evidente no crescimento prevalente das relações formais entre produtor e processador, levantadas para garantir que os animais fossem terminados com vistas em padrões específicos referentes à idade, regime alimentar e conformação.

“Essas relações demonstram a capacidade e a especialidade dentro do setor de carne bovina irlandês para adequar com sucesso nossa produção de carne bovina a mercados específicos, sejam mercados de carne bovina de animais alimentados a pasto do Reino Unido e do Norte da Europa, sejam mercados de carne bovina de animais alimentados com cereais da Itália e da Espanha”, disse Duffy.

Em 2003, estima-se que mais de 200 mil bovinos, ou 15% dos animais fornecidos, foram destinados diretamente a estes esquemas. O desenvolvimento tem sido particularmente bem sucedido no mercado italiano e também tem levado a aumentos nas vendas a outros mercados em toda a Europa, bem como no mercado doméstico.

Um exemplo de como as parcerias entre produtores e processadores têm funcionado é evidenciado pela significante emergência de carne bovina irlandesa de animais de menos de 12 meses. Apesar deste comércio inicialmente ter resultado de uma legislação da União Européia (UE) em relação às vendas de carne bovina com osso, a indústria da Irlanda desenvolveu ativamente fortes ligações com os clientes de foodservice em mercados como a Itália para fornecer estes requerimentos emergentes.

Em 2002, dados mostram que 32 mil bovinos foram processados com menos de 12 meses de idade, com cerca de dois terços destes animais sendo novilhas. A produção para este nicho de mercado dobraria neste ano, para mais de 60 mil animais, com um aumento proporcional de machos.

Vale notar que qualquer mudança na legislação referente à idade dos animais dos quais a carne pode ser vendida com osso provavelmente terá um impacto significante no potencial para este mercado. Atualmente, não há indicações de que qualquer mudança ocorrerá em curto prazo.

Duffy disse que uma série de outras relações envolvidas na especialização da terminação de novilhas e touros jovens para várias especificações depende do mercado pretendido de destino da carne. Com relação aos touros jovens, um prêmio significante tem sido atualmente disponibilizado para os fornecimentos disponíveis, particularmente para animais de menos de 12 meses. Vale notar que um significante aumento nos fornecimentos provavelmente teria um forte impacto sobre isso.

Enquanto a produção de carne bovina sob estes esquemas envolve um aumento de custos para produtores e processadores, esta é premiada devido aos preços mais altos e à maior segurança no mercado. Duffy disse que o desenvolvimento destas relações formais fornece uma base sólida para o futuro crescimento e para maiores retornos do mercado. Em um período pós-reforma da Política Agrícola Comum (PAC) e de mercados cada vez mais competitivos, isso representa uma importante oportunidade para o estabelecimento de posições diferenciadas nos mercados consumidores da Europa.

Fonte: FarmingLife (por David McCoy), adaptado por Equipe BeefPoint

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