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Irlanda reclama do aumento das exportações brasileiras

Novos dados revelam que o Brasil está ganhando cada vez mais espaço no mercado de carne bovina da Irlanda. De acordo com os dados oficiais do Serviço Central de Estatísticas da Irlanda (Central Statistics Office – CSO), as importações de carne bovina da Irlanda no ano passado aumentaram em 60% para quase 30 mil toneladas, representando um terço do requerimento doméstico total.

Em resposta, a ministra da Agricultura, Mary Coughlan, prometeu que instituiria uma nova legislação sobre rotulagem de carne bovina para hotéis e serviços de bufê em setembro.

Mais de 8 mil toneladas de carne bovina vieram diretamente para a Irlanda do Brasil no ano passado. Mais 18 mil toneladas entraram na Irlanda vindas do Reino Unido – 10 mil toneladas de aumento com relação ao ano anterior. Provavelmente a maioria desta carne bovina é oriunda da América do Sul.

O presidente do Comitê de Amimais Domésticos da Associação de Produtores Rurais da Irlanda (Irish Farmers Association – IFA), John Bryan, disse que as importações estão agora representando um terço do importante mercado doméstico. “Os consumidores estão sendo enganados com a ausência de transparência e rotulagem efetiva”. Na segunda-feira, a ministra e outros oficiais seniores do Ministério da Agricultura se reuniram com organizações rurais e representantes da indústria de carne bovina.

O Ministério concordou com os comentários feitos na reunião de que as tarifas não são um mecanismo efetivo de controle das importações e proteção do mercado da União Européia (UE). A vasta maioria das importações de produtos brasileiros consiste em filés resfriados, chegando ao país mais baratos que os produtos irlandeses mesmo pagando a tarifa da UE de 3.034 euros (US$ 3,69 mil) a tonelada, mais 12,8%. Bryan disse que a determinação de um teto de volume total é a única forma de proteger a produção européia.

No entanto, os irlandeses estão preocupados porque os sinais são de que a tendência de importações da América do Sul está acelerando em 2005, com as exportações de carne bovina sul-americana aumentando 38% nos primeiros cinco meses do ano (tabela 2). Fontes da indústria sugerem que os preços da carne bovina sul-americana estão realmente caindo mais à medida que o fornecimento aumenta.

Este aumento nas exportações de carne bovina da América do Sul está sendo sentido nos principais mercados de exportação da Irlanda. Por exemplo, os dados deste ano mostram que as exportações de carne bovina da América do Sul para a Rússia aumentaram 190%. Esta tendência se repete no Reino Unido (+48%) e na Itália (+45%).

A reunião do setor ouviu os pedidos da indústria de carnes da Irlanda por ações imediatas nos subsídios de exportação para restaurar a competitividade do país nesses mercados. “A ministra Coughlan precisa fazer um contato imediato com a comissária da UE, Mariann Fischer Boel, sobre a importância de proteger os subsídios às exportações em importantes mercados como a Rússia”, disse o presidente da IFA, John Dillon.

Ele disse também que os produtores estão enfrentando cortes nos preços de 30 centavos de euros (36,56 centavos de dólar) por quilo durante as ultimas quatro semanas, que significaram 105 euros (US$ 127,97) por cabeça no valor dos animais e destruíram qualquer possibilidade de lucros do pastoreio de verão neste ano. “Os cortes de preços precisam parar e ações urgentes precisam ser tomadas para restaurar a estabilidade do comércio”.

Ele disse que é necessário um esforço geral para fazer com que o produto irlandês volte aos mercados internacionais como Egito, Tunísia, Indonésia, África do Sul e outros locais. “Restrições desnecessárias relacionadas à tuberculose estão prejudicando 25% do acesso de nossos bovinos à Rússia. Esses problemas precisam ser resolvidos”, disse ele.

Bryan também questionou o que ele chamou de “padrões duplos” dos principais varejistas e processadores de carnes por importarem tanta carne bovina sul-americana que não é produzida com os mesmos padrões dos produtos da UE.

“Como eles podem ignorar esses importantes assuntos relacionados ao consumidor e ao mesmo tempo insistir que os fornecedores domésticos estejam de acordo com os mais altos padrões da UE?”, questionou ele, citando o relatório do Serviço Veterinário e de Alimentos da UE que concluiu que a certificação animal no Brasil é ineficaz.

Tabela 1: Importações de carne bovina da Irlanda (2003-2004), em toneladas


Tabela 2: Destinos das exportações de carne bovina do Mercosul (janeiro a maio de 2005), em toneladas


Fonte: Irish Farmers Journal Interactive (por Pat O’Keeffe), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Diego Estrela Garla disse:

    Realmente a carne bovina sul-americana, pelo menos a do Brasil (que conheço bem, pois sou produtor), não está no mesmo padrão do produto da UE, mais especificamente da Irlanda, porque nossos padrões de qualidade e produção são muito superiores aos deles.

    Conheço vários brasileiros que já trabalharam em alguns frigoríficos no Brasil e agora estão trabalhando em frigoríficos na Irlanda. Eles relatam que nunca viram tanta falta de higiene, tanta falta de inobservância de qualidade sanitária.

    Muitas vezes não precisam de máscaras, de tocas, de lavar as botas, sem falar que não precisam nem lavar as paredes, chão, teto por muito tempo.

    O que fazem é encher a carcaças de adesivos com códigos de barras, chips, letras, números e exportar para países da própria UE como se fossem produzidas no mais alto padrão de qualidade.

    Ou os europeus são muito ingênuos (pra não falar coisa pior) ao aceitar isso, ou são muito hipócritas fingindo que comem carnes com alto padrão de qualidade só para exigir qualidade nas suas importações.

    Aqui, como bem sabemos, nossas carnes são de cultivo a campo, carnes muito saudáveis e bem controladas (na grande maioria). Sem falar que nossos frigoríficos seguem um rigoroso padrão de qualidade, principalmente os exportadores que são frequentemente visitados por fiscais estrangeiros exigentes em tudo e mais um pouco para produção da carne mais saudável e confiável.

    Na verdade a culpa não é só deles que tem o “apito” nas mãos, é nossa também. Para revertermos este quadro não é fácil, mas é possível.

    Temos que começar a fiscalizar também a produção destes países para que tenhamos argumentos contra estes ataques simulados a nossa produção, afinal “eles sentam em cima de seu próprio rabo e querem morder os rabos dos outros”. Vamos deixar o “rabo” deles a mostra também.

    Contudo, espero que nosso órgão competente, o Ministério da Agricultura, tome uma posição firme e de ataque para proteger o produtor brasileiro que já está muito fragilizado e descapitalizado, caso contrário, não sei o que seremos de nós.

    Obrigado

    Diego