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Irlandeses criticam controle sanitário brasileiro

Os produtores de bovinos da Irlanda atacaram os sistemas de controle da febre aftosa do Brasil, bem como os de rastreabilidade, após o envio de uma missão ao País e à América do Sul para investigar o setor de carne bovina e a produção pecuária.

“A realidade é que os controles da febre aftosa são totalmente inadequados, a rastreabilidade é inexistente e existe ampla degradação ambiental e exploração social”, disse o presidente da Associação Irlandesa de Produtores Rurais (Irish Farmers Association – IRA), John Bryan.

“Eu testemunhei padrões deploráveis e práticas intoleráveis em nível de fazenda que estão muito longe do que seria aceitável aos consumidores europeus”. Ele disse que os riscos da entrada de febre aftosa na Europa a partir das importações de carne bovina brasileira são muito sérios.

“Baseado no que vimos no Brasil com relação à febre aftosa e à falta de rastreabilidade, está claro que a Comissão Européia está colocando o setor de carne bovina europeu e os pagadores de impostos em um risco desnecessário. Está claro para nós agora porque Estados Unidos, Japão, Austrália, Coréia do Sul e Nova Zelândia não estão preparados para correr este risco e proibiram totalmente as importações de carne bovina fresca do Brasil”.

Bryan reiterou que a IFA demanda que a Comissão Européia proíba todas as importações de carne bovina brasileira.

Segundo os irlandeses, é de grande importância o fato de que os certificados de vacinação são obtidos quando as vacinas são compradas e não quando são administradas, o que significa que a vacinação real não é obrigatória.

Rastreabilidade

Os irlandeses visitaram algumas fazendas no Brasil, principalmente em Mato Grosso do Sul e Paraná, e na Argentina, para avaliar os sistemas de rastreabilidade. Eles afirmaram que são usados preferencialmente métodos de identificação de grupos, com as práticas de identificação individual sendo menos comuns nos dois estados brasileiros.

No entanto, segundo eles, onde os animais eram identificados, existiam sérias questões com relação a quanto o método era adequado para fornecer um nível preciso de rastreabilidade. Além disso, no caso de vendas de fazenda para fazenda, as informações individuais dos animais não são registradas. Ao invés disso, o produtor que compra o animal completa a Guia de Trânsito Animal, “que somente registra o número total de bovinos sendo comercializados e fornece controles muito limitados nos movimentos dos rebanhos”, afirmaram os irlandeses.

As informações são dos sites MeatNews.com e Farmersjournal.ie.

0 Comments

  1. antonio Basoni junior disse:

    Em 2004, quando uma comissão Norte-Americana veio visitar um frigorífico em Minas Gerais e ficaram de “boca aberta” quando viram o mais alto nível de excelente higiene, controle de qualidade, organização, e 13 agentes da inspeção federal atuando em todas as linhas do estabelecimento, não foi divulgado. Pois é, notícia boa é difícil de obter quando se tem muita articulação inversa.

    Apesar de alguns exageros da parte da (IFA), que sempre falam mal da carne brasileira e que sempre estão procurando algum pequeno gargalo para “envenenar os consumidores” quanto à qualidade da nossa carne e tentar, como sempre tentaram, afetar de algum modo o nosso mercado, é válido refletirmos sobre algumas das críticas passadas.

    Pois nós temos grande potencial de produção, qualidade, baixo custo de produção, políticas desfavoráveis, muitas “barreiras político-sanitárias” e, mesmo assim, produzimos em quantidade e qualidade para atender o mercado que for preciso.

    Por sermos classificados como um “país em desenvolvimento”, as atenções ficam todas voltadas em dobro para nós em relação aos produtos que concorrem no mercado mundial.

    É preciso maior interação entre produtor, frigorífico, governo (Mapa), para fins de atenção e organização dobrada e depois redobrada. Não é possível mais produzir carne como nos tempos passados.

    Vamos aproveitar a crise que estamos passando com a pecuária para nos organizarmos dentro e fora das porteiras das fazendas, não basta apenas querer, é preciso fazer para acontecer. Sempre acreditei no Brasil e continuo acreditando. Com muita persistência e perseverança, aqui é o lugar.

  2. Nagato Nakashima disse:

    Velho ditado: quem compra tem mais é que exigir. Ministro Rodrigues que me perdoe, mas o ex-Ministro Pratini estava corretíssimo. Nós programamos o sistema de rastreabilidade desde o nascimento às gôndolas de mercado, passando pela classificação de carcaça, couro, sanidade animal, controle de trânsito de animais, inclusive com emissão de GTA digital, auditáveis de acordo com as IN do tempo do Ministro Pratini.

    Agora o curso de treinamento dos Certificadores leva 40 horas para identificação, certificação e rastreamento. Mais 40 horas para Classificação de Carcaça e do Couro.

    Agora estamos entrando no controle de risco para fazer com que a carne saia certificada e rastreada do frigorífico chegado ao ponto do pecuarista saber onde a carne da sua produção está sendo comercializada. Esta etapa leva mais 20 horas de treinamento. E não essas poucas vergonhas que são amplamente divulgadas pelas mídias.

    Para que o sistema do Sisbov/Mapa dê certo não precisaria de muita coisa, não é falta de competência.

    Pecuarista também tem que entender que ele está no mundo dos negócios, tem que correr atrás para obter lucratividade tirada na décadas de 60 e 70 do século passado e ninguém desconfia que já não atende a atual conjuntura. Está aí o quadro da nossa agropecuária.

    Só que isto parece não ser do interesse dos pecuaristas. Este trabalho todo exige profissionalismo, como também respeito pelo sistema.

    Sou Médico Veterinário de formação, bom entendimento de informática, com mais de 30 anos de experiência e coloquei toda a experiência no sistema de identificação, certificação e rastreamento.

  3. Gerson Simão disse:

    Quem sabe nossos amigos Irlandeses , tão chocados , não possam doar parte dos subsídios que eles e outros países europeus recebem para produzir carne em excesso para exportação, para o melhoramento do nosso sistema sanitário. Ajudariam muito também se citassem casos específicos dando data e local onde foi confirmada um único caso de transmissão de febre aftosa através da carne e quais foram as conseqüências para a saúde de quem consumiu.

    Muito interessante seria também mostrar às claras a insalubridade do sistema de produção irlandês. Ou quem sabe, mostrassem a maneira com que eles até bem pouco tempo transportavam seus animais exportados para o abate em outros países, desrespeitando as mínimas condições de bem estar animal.

    Quanto à exploração social, aí sim eles estão fazendo a sua parte para nos ajudar, levando os profissionais brasileiros para trabalhar nos seus frigoríficos, atividade que os cidadãos irlandeses não querem mais fazer por considerar “trabalho pesado demais”.

  4. Roberto Carlos M. Stabile Filho disse:

    Infelizmente os Irlandeses estão com a razão, já que nós sabemos que ainda existe os que compram a vacina e não a aplicam, utilizando-se somente da nota fiscal de compra para regularizar a situação do rebanho junto aos órgãos estaduais. Estes, por sua vez, por mais boa vontade e competência que tenham os funcionários e técnicos desses órgãos, não contam com o mínimo de infra-estrutura para fiscalizarem a vacinação.

    Quanto à rastreabilidade, esta também se tornou mais um problema para os pecuaristas, com muita burocracia e nenhuma seriedade. Os frigoríficos de maneira geral utilizam-se somente do DIA para conferir idade, origem e propriedade do animal, obrigando os pecuaristas a se verem envoltos numa infinidade de papéis (DIA), que na verdade não certificam nada pois é muito fácil mandar um ou vários animais sem brinco com DIA de um outro animal que já morreu ou foi vendido anteriormente como não rastreado.

    Ora, se o animal está brincado e se o brinco já possui o código de barra, os frigoríficos teriam a obrigação de passar o leitor ótico no brinco do animal já na linha de abate, enquanto o animal ainda está com o brinco. Feito isso, e de posse das numerações, aí sim entrariam no site do Mapa e verificariam o animal no banco de dados evitando fraudes e também a ridícula papelada que muitas vezes têm que ser enviadas pelo próprio caminhoneiro. Sou Méd.Veterinário e pecuarista e já vi essa novela antes com o novilho precoce, tipificação de carcaça etc etc. Os Irlandeses estão certos, porém técnicos como eu continuam a tentar mudar essa situação, esperando que um dia alguém que ao menos já tenha visto um boi tenha uma cadeira no Mapa.

  5. Rodolfo Endres Neto disse:

    Infelizmente esta é a fotografia real do sistema no Brasil.

    Este é o resultado de um governo sem rumo e de um ministro da Agricultura omisso, que só sabe reclamar de falta de dinheiro em sua pasta.

    Rodolfo Endres Neto, pecuarista (ainda)

  6. Francisco Pereira Neto disse:

    Seria muito bom que a exemplo dos irlandeses que vieram auditar nosso sistema de controle de sanidade animal e de rastreabilidade, outros países importadores tivessem a mesma franqueza de falarem da nossa realidade. É extremamente positiva a divulgação para a mídia o conceito e a avaliação do resultado da auditagem deles.

    É engraçada a definição que eles deram a respeito da obrigatoriedade da vacinação contra a Febre Aftosa em nosso país. De fato nossa legislação apenas exige a obrigatoriedade do produtor entregar nos órgãos de Defesa Sanitária Animal apenas a declaração de vacinação que contempla entre outros dados o efetivo populacional do rebanho de bovídeos da propriedade junto com a nota fiscal de compra da vacina, que é perfeitamente fraudável, além do que, como eles afirmaram, isso não garante que o produtor vacine seu rebanho. O público leigo tem idéia, o que significa para um pecuarista vacinar mil, duas mil, cinco mil, dez mil cabeças de gado? Só quem faz isso tem noção do que estou falando. Então imaginem o que acontece com aqueles “pecuaristas” de primeira hora lá dos grandes centros que tem mega-propriedades e que não sabem nem quantos tetos tem uma vaca?

    Quando eu ainda não trabalhava no Serviço Oficial Estadual de Defesa Agropecuária soube desse sistema de controle, não acreditei!!! Quase tive uma síncope. Falei: isso não é coisa séria? E hoje defronto com esse mesmo sistema; e olha que isso já se passou mais de vinte anos. Como estamos atrasados e emburrecidos. Uma salva de palmas para os nossos político e tecnocratas de plantão e também para aqueles que os antecederam, por que os erros se perpetuaram e ainda não tivemos, salvo raras exceções, alguém realmente comprometido com o setor.

    Nós funcionários dos Órgãos de Defesa, tanto federal quanto estaduais, que somos profissionais de carreira, sofremos todas as conseqüências dessas irresponsabilidades, e os pecuaristas mais ainda. É sempre um dilema para nós a cada quatro anos. Quem será o próximo exterminador do futuro? Depois de consumado o estrago, eles somem e ninguém reclama?

    O Brasil não é o celeiro do mundo? Essa conversa eu ouço desde quando eu estava no primário. Então meus caros auditores internacionais, continuem tendo a coragem de falar a realidade, por que vocês sabem melhor do que nós, que precisarão do nosso território para produzir alimentos com qualidade para alimentá-los num futuro não muito distante.

    M.V. Francisco Pereira Neto
    Botucatu – SP

  7. Carlos Roberto Conti Naumann disse:

    O artigo que os Irlandeses acabam de tornar público a todos os produtores de bovinos e bubalinos do Brasil e do mundo inteiro, está muito próximo da realidade. Quando eu entro em um Shopping, tenho a intenção inicial de adquirir algum bem de consumo. E avalio a qualidade do produto, preço e garantia de entrega.

    Não é possível que ainda os nossos produtores, não tenham percebido que o nosso produto Carne tem que atender o interesse do comprador, para que possamos comercializar o nosso bem de produção. Se acharmos que o comércio internacional não nos interessa, é ali que estão os melhores preços. E a remuneração do nosso trabalho onde fica? Eu sou produtor de gado, desejo o melhor preço para o meu produto, será que os demais não pensam dessa forma? Rastrear é fundamental, assim como a saúde dos animais que só se consegue com vacinas.