Marco Antonio Balsalobre e Ivan Vieira 1
A busca em se alcançar maiores índices de produtividade leva os produtores rurais a buscarem alternativas para incrementar a produção de carne na propriedade e que, conseqüentemente, aumentem os seus lucros gerados.
Neste texto, iremos discutir a viabilidade da implantação de um sistema de irrigação por pivô central, em uma fazenda de gado de corte, onde os cenários para implantação desse projeto serão quatro áreas distintas: região de Uberaba (MG); região de Barra do Graça (MT); região de Araguaina (TO); região de Barreiras (BA).
Foram consideradas, em cada uma das regiões, a implantação do sistema em uma fazenda com 120 hectares, com o pivô ocupando 100 hectares (custo de implantação – R$300.000,00), o ciclo de produção de 365 dias e a capacidade de suporte de 7 UA/ha. Valores como rendimento de carcaça (53%), peso inicial (270 kg), ganho de peso diário (600 g), ganho de peso total (219 kg), peso final (490 kg), tamanho do rebanho (828 animais), foram considerados iguais nas quatro situações propostas. Os dados técnicos, utilizados para os cálculos, estão listados na tabela 1.
As despesas com a manutenção do rebanho – suplementação mineral, assistência técnica, mão-de-obra, custo e manutenção de máquinas, – também foram consideradas iguais nas quatro situações (Tabela 2). O funcionamento do pivô foi calculado para diferentes períodos, nas diferentes regiões, para prover uma irrigação suplementar de 7 mm/dia.
Tabela 1 – Índices utilizados para o cálculo da implantação de um sistema de irrigação
Conforme pode se observado na Tabela 1, existe variação no valor do rebanho para as diferentes regiões. O valor usado na confecção da Tabela 2 foi o encontrado na região de Araguaina (como exemplo).
Os resultados de lucro obtidos estão no gráfico 1. Pode-se observar que os ganhos anuais por hectare são considerados baixos para um sistema agrícola irrigado. Alterações em alguns itens, como o preço de compra do boi magro, que nas situações aqui propostas, foi estimado em um ágio de 10% em relação ao preço da arroba do boi gordo, ou queda no valor de venda dos animas, podem acarretar na inviabilidade do sistema, ou um lucro pouco maior. Porém, esses aspectos serão abordados em uma próxima discussão.
Gráfico 1 – Relação custo/receitas e lucro/patrimônio líquido nas diferentes regiões
Comentário BeefPoint: O importante deste texto não é apenas o montante do lucro obtido nessas áreas irrigadas, mas sim, ressaltar que, em qualquer região do Brasil, existirá o problema de estacionalidade da produção forrageira. A média de lotação de 7 UA/ha, é estimada da lotação de 4 e 10 UA/ha, respectivamente, no inverno e no verão. Outro ponto que deve ser analisado é em relação ao ganho de peso. Água não melhora a qualidade da forragem e também não aumento o consumo de matéria seca, portanto, ganhos de peso superiores a 600 g/cabeça/dia (7,2 @/ano) são difíceis de serem conseguidos.
Obviamente, existirão sistemas mais rentáveis, como a recria de bezerros, e também menos rentáveis, como um ano em que a reposição esteja com ágio muito alto. Esse sistema que analisamos foi com o objetivo de descrever uma situação média.
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1Aluno de doutoramento no Laboratório de Ecologia Isotópica – CENA/USP.