Janaina Flor: precisamos buscar a classificação da carcaça para daí decidirmos qual o tipo de produto que cada confinador quer trabalhar

O Prêmio BeefPoint – Edição Confinamento vai homenagear quem faz a diferença nos confinamentos do Brasil. Essa é uma iniciativa do BeefPoint, e tem a Assocon como parceira. A premiação será feita durante o Interconf 2013, evento da Assocon que acontecerá nos dias 9 a 12 de setembro de 2013, em Goiânia/GO e que o BeefPoint está fazendo a curadoria de conteúdo.

Para conhecer melhor os finalistas, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas que mostram o que eles têm feito para se destacar na pecuária de corte.

Confira abaixo a entrevista com Janaina Flor, uma das finalistas na categoria Gestão de Pessoas.

Janaina Flor de Leles é formada em Ciências Econômicas pela Universidade Católica de Goiás. Adicionalmente, cursou no Idort – Instituto de Organização Racional do Trabalho, cursos nas áreas de Análise de Perfil de Excelência, Marketing e The Management Game. Também possui pós-graduação em Ciências Contábeis pela FGV e pós-graduação em Produção de Gado de Corte pela Rehagro. Atualmente, trabalha na Fazenda Califórnia Confinamento, onde é gestora de processos, implantação de tecnologia e consultora estratégica de rastreabilidade e certificados de qualidade. Também é membro do NFA – Núcleo Feminino do Agronegócio, membro do Conselho Consultivo SISBOV, membro do Fórum de Pecuária de Corte de Goiás – FAEG e diretora SGPA – Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura.

BeefPoint: O que você considera mais importante em um confinamento de gado de corte?

Janaina Flor: Tudo no confinamento é importante uma vez que é um segmento de alto risco e com ciclo curto, característica essa que torna cada detalhe importante, e, em tempos de redução de margens isso se torna mais evidente. Ter uma equipe comprometida capacitada é tão importante quanto conhecer seus custos e ter otimização dos processos.

O confinamento não é só um negócio, é uma tecnologia que precisa ser bem dimensionada e bem avaliada, pois do contrário se torna um problema. Hoje confinamento é ferramenta para estratégias, direcionamento da produção, manejo da propriedade, possibilidade expansão sem ter que expandir em área.

É o conjunto: planejamento estratégico e nutricional, gestão de custo, operacionalização, otimização de cada processo envolvido na atividade, uso correto de tecnologia, cumprimento de prazos que faz o sucesso da atividade de confinamento.

BeefPoint: Qual o maior desafio dos confinamentos no Brasil hoje?

Janaina Flor: O maior desafio do confinamento hoje é a manutenção da lucratividade, fazer carne de qualidade que agrade ao bolso do consumidor e ao mesmo tempo remunere o produtor pela sua competência na produção. Os produtores veem buscando ferramentas diversas para tentar se firmar no segmento seja na gestão porteira adentro seja na gestão de mercado com travas e hedges.

Ele hoje é um profissional com conhecimento múltiplo que busca ferramentas, antes tidas somente como empresariais, está na busca da otimização de seu lucro, mas infelizmente, por melhor que sejamos não somos nós que impomos as margens ao nosso produto, nosso produto é commodity.  Mesmo tendo revolucionado o mercado, trazendo o conceito de escala, mesmo incorporando o conceito de fluxo de caixa anual, semestral, trimestral e em alguns casos mensal o que anteriormente se dava a cada triênio o produtor continua em déficit nas contas.

Vivemos hoje na era da demanda,  é questão de sobrevivência atender as necessidades, expectativas e aspirações de um cliente cada vez mais infiel, infiel pelas varias possibilidades de ofertas.

Hoje o produtor concorre com produtores locais, regionais e mundiais na oferta de carne, em um mercado que não se utiliza mais de estoque e sim do conceito Just In Time, ou seja, a indústria preconiza que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora certa.

A demanda hoje é o carro chefe, é ela que determina e que comanda. A oferta de carne hoje tem que estar à altura desta demanda e vence neste mercado quem tiver o maior diferencial seja na capacidade de produção de bezerros, na capacidade de entrega, no volume, na qualidade, ou qualquer que seja o diferencial ofertado.

BeefPoint: Qual projeto de confinamento você teve contato ou implementou nestes últimos anos, que considera um case de sucesso? Por quê?

Janaina Flor: Não posso dizer se foi um case de sucesso, mas posso afirmar que foi o inicio de uma nova fase dentro de nossa estrutura, uma fase de muito aprendizado e muita integração. A implantação de uma rastreabilidade com foco em gestão cujo objetivo além de adequação e aprovação da propriedade para ser apta a exportação, fosse uma gestão de estoque e processos.

Essa visão ampla e com multi objetivos a serem alcançados trouxe-nos uma maior comodidade e eficiência na avaliação dos indicadores internos. Fizemos implantação de chips para coleta de informações que se transformaram em índices com maior confiabilidade e agilidade na coleta de informações.

As informações geradas foram de relevância para toda a reestruturação de máquinas, equipamentos, processos e adequação e integração de sistemas, aproximou produção e assistência técnica num nível de gestão co participativa envolvendo todos os colaboradores em um projeto único de gestão com estruturas online. A dinâmica nos trouxe maior agilidade e maior comprometimento entre os elos envolvidos e isto em tempo real sempre que necessário. A consequência de erros foi minimizada pela atuação direta dos envolvidos. Conseguimos aproximar todos no mesmo elo, buscar comprometimento mesmo da unidade de MT em virtude de dados levantados.

O planejamento, o treinamento da equipe, acompanhamento de resultados, analises de casos individuas tudo foi possível com o controle individual e envio de relatórios padrões diária e automaticamente a todos.

Desafiamos a equipe a melhorar desempenho, iniciamos a cultura de bonificar produtividade, a equipe desafiou os colaboradores a buscar novos índices pra propriedade e a engrenagem girou em todos os níveis da produção. O cenário mudou, a cultura mudou e consequentemente mudou-se a visão do sistema.

Fazíamos cria em MT meio sangue com as raças como Short Horn, Rubia Galega, Angus, Caracu, Senepol, e Brangus. Trouxemos a equipe de inseminação pra dentro da estrutura de coparticipação e iniciamos novos projetos para desmama e terminação em confinamento.

Hoje estamos cruzando todos os resultados econômicos desde 2009 com os dados zootécnicos desde a inseminação ate a terminação de forma individualizada Tudo isso nos proporcionou um mix de produtos: o confinamento hoje trabalha com animais tardios, precoces e super precoces de forma diferenciada buscando o máximo de cada categoria animal.

BeefPoint:O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Janaina Flor: Estamos num processo contínuo de busca e correções, 2012 continuou sendo a busca incansável por gerir todo o processo de produção indo desde o planejamento ate entrega do animal acabado e isto passa por todos os custos e processos. Esse é o confinamento: um leão por dia todo, com todas as variáveis externas aonde nos produtores não temos o controle, mas sofremos todas as consequências da economia de mercado.

BeefPoint:O que você pretende fazer de diferente em 2013? E por quê?

Janaina Flor: Existe um ditado que diz que toda ação gera uma reação, e assim é o dia a dia do confinamento, a cada nova etapa vencida descobre se que se pode fazer melhor com melhor desempenho. As informações geradas e analisadas de 2009 a 2012 é o nosso ponto de partida para reajustarmos nossas escolhas de cria e terminação além de nos sinalizar quais as prioridades em treinamento de equipe.

Estamos buscando alcançar o objetivo de exercer a atividade durante todo o ano e esse é o trabalho de 2013 fazer às adequações físicas necessárias a concretização deste sonho. Outro objetivo para o futuro é integrar os controles financeiros de toda nossa estrutura  no mesmo raciocínio hoje exercido pelo confinamento, informatizar e gerenciar todos os custos das duas unidades de produção a um toque.

BeefPoint: Qual mensagem gostaria de deixar para os confinadores no Brasil?

Janaina Flor: Não podemos negar que a atividade de confinamento vem passando pelo dilema da rentabilidade como também não podemos negar o quanto foi importante na transformação dos conceitos de produção de carne e gestão de propriedade.

A tecnologia do Confinamento posicionou a pecuária brasileira a um nível profissional jamais visto: hoje, todos nos estamos discutimos fatores comuns: custos, gestão de processos e pessoas, otimização, redução, qualidade de produto acabado, enfim, hoje estamos buscando sermos empresários dentro e fora de nossas propriedades. Mas não basta sermos esse gigante em competências se não buscarmos mudanças de conceito e formas de comercialização de nosso produto.

Precisamos colher os frutos desta tecnologia que foi a melhora na qualidade do produto ofertado a indústria. Precisamos buscar a classificação da carcaça para dai decidirmos qual o tipo de produto que cada confinador quer trabalhar.

Existem diversos mercados e diversas formas de produção que atendem cada mercado um na sua peculiaridade, mas precisamos de padrões pré-definidos para cada um com remuneração distinta. Padrão que diferencie o mercado mais exigente do menos exigente, do mercado que exige entrega continua e volume das oportunidades sazonais, enfim padrões que nos defina qual o conceito de qualidade para cada confinador e qual o futuro que a atividade de confinamento poderá vislumbrar.

O esforço contínuo desta atividade precisa ser vista sobre nova ótica do contrario não existe motivação para se buscar tanta excelência. Precisamos saber para onde queremos ir do contrario qualquer caminho serve.

Confira a Programação do Interconf 2013

Lembramos que todos os finalistas do prêmio são convidados vip cortesia do Interconf 2013.