Representantes da JBS informaram ao Ministério Público Federal, na segunda-feira, que a Caixa Econômica Federal teria suspendido, de forma repentina, o crédito da empresa na instituição. O corte seria uma retaliação do governo ao fato de os donos da J&F, holding que detém o controle acionário da JBS, terem feito delação premiada que compromete o presidente Michel Temer.
No início da noite de ontem, o governo baixou medida provisória que, entre outras decisões, aumenta de forma exponencial as multas cobras pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central (BC). No caso da CVM, o teto da multa passará de R$ 500 mil para R$ 500 milhões.
Fontes da empresa sustentam que o grupo estaria sofrendo uma “devassa” por parte da CVM e da Receita Federal, como represália pela delação.
No caso da Caixa, a JBS informou ao MPF que tem uma linha de crédito antiga, além de um empréstimo com vencimento em 2018. O banco teria decidido rever o limite de crédito e antecipar o vencimento da dívida, sendo que o contrato, informam fontes da JBS, não teria previsão de vencimento antecipado. Em sua delação, o empresário Joesley Batista relatou pagamento de propina para a liberação de empréstimos da Caixa, que detém 4,65% do capital da JBS.
Procurados, os bancos e órgãos públicos citados não quiseram se manifestar. Reservadamente, no Banco do Brasil foi dito que não há orientação política para boicotar a JBS, mas que, como em todos os casos envolvendo empresas investigadas na Operação Lava-Jato, é “natural” que haja maior cautela na concessão de crédito, além do aumento nas exigências de garantia. Em nota, o Palácio do Planalto assegurou que não há “qualquer ingerência política” nas decisões dos bancos oficiais.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.