A JBS informou que não foi notificada pela Justiça a respeito de processo que a família Dorazio, ex-controladora do Mataboi, move contra a empresa.
Como noticiou a “Broadcast”, a família questiona o valor da venda do Mataboi à JBJ Agropecuária, em 2014. A JBJ é controlada por José Batista Júnior, conhecido como Júnior Friboi, que é irmão de Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS.
“A JBS desconhece qualquer ação dessa natureza e não está relacionada com a empresa citada”, informou a maior empresa de proteínas animais do mundo.
Como já informou o Valor, o negócio entre Mataboi e JBJ foi fechado em 2014, por valor não revelado. O Mataboi era, então, o quarto maior frigorífico de carne bovina do país, com capacidade de abate de 2,6 mil animais por dia, em três unidades — Araguari (MG), Rondonópolis (MT) e Santa Fé (GO) — e faturamento anual da ordem de R$ 1,7 bilhão.
Apesar da boa escala, o Mataboi havia pedido recuperação judicial em 2011, com dívida de R$ 253,5 milhões. Quando foi adquirida pela JBJ, a dívida era de R$ 480 milhões, assumida pelo novo controlador, mas em 2017 a empresa saiu da recuperação.
Também em 2017, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) mandou a JBJ se desfazer do Mataboi, por considerar a possibilidade de a empresa de Júnior Friboi atuar em consonância com a JBS — e avaliar que a participação de mercado da JBS já era elevada.
A JBJ recorreu da decisão do Cade na Justiça, obteve em 2018 uma liminar favorável e continua a controlar o Mataboi. Júnior Friboi não tem há anos participações nem na JBS nem na J&F, a holding dos irmãos Batista.
Mas, amparada na posição do Cade de que JBJ e JBS podem agir em consonância, a família Dorazio, segundo a “Broadcast”, pede na Justiça a diferença entre o efetivo valor da venda do Mataboi à JBJ e o valor que a empresa supostamente teria caso a JBS não tivesse “interferido” no mercado. A família estima que essa diferença pode chegar a R$ 1 bilhão.
Para a família, essa “interferência” da JBS, que teria ficado clara nas delações dos irmãos Joesley e Wesley, teria prejudicado frigoríficos menores. O Valor não conseguiu contato com a família Dorazio.
Fonte: Valor Econômico.