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JBS reforça aposta em IPO de divisão americana

A oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) da JBS USA continua sendo a melhor estratégia para a companhia, segundo afirmou  o presidente da divisão, André Nogueira, durante teleconferência com analistas sobre os resultados de 2017.

“Não paralisamos nenhuma das atitudes que tínhamos com relação ao IPO”, disse Nogueira. “Temos um conselho consultivo que está se reunindo trimestralmente e nos ajudando na melhora e na preparação para se e quando esse IPO for feito”, afirmou.

“É a melhor opção que a companhia tem de destravamento de valor no futuro”, reforçou o diretor de relações com investidores e presidente do conselho de administração da JBS, Jerry O’Callaghan.
Mesmo sem data definida para o IPO da unidade de negócios americana, as notícias são positivas para a JBS nos EUA.

De acordo com o presidente da JBS USA, a reforma tributária americana deverá agregar US$ 350 milhões ao fluxo de caixa da divisão em 2018.

A reforma tributária implantada pela gestão do presidente Donald Trump reduziu de 35% para 21% os impostos pagos por empresas em território americano.

“Existem alguns outros benefícios relacionados à aceleração de depreciação de capex e há importantes benefícios relacionados às exportações. No total, devemos ver US$ 350 milhões a mais no fluxo de caixa de 2018 em relação a 2017”, disse Nogueira.

Durante a teleconferência, os executivos afirmaram, ainda, que em geral o crescimento da JBS deverá ocorrer organicamente nos próximos anos. Diferentemente do que ocorreu na última década, quando algumas aquisições de peso marcaram a história da companhia, agora o avanço deverá ocorrer por meio da expansão dos negócios já existentes. A mudança ocorre depois dos escândalos envolvendo os controladores da companhia — os irmãos Wesley e Joesley Batista.

“A gente continua com foco contínuo em excelência operacional. A gente enxerga a companhia, nos próximos anos, focada em crescimento orgânico. Temos muitas oportunidade internas e muita capacidade oculta que nos permite crescer organicamente”, disse Gilberto Tomazoni, presidente global de operações da JBS.

Segundo o executivo, também faz parte da estratégia da companhia ampliar o mix de produtos com maior valor agregado.

No mercado brasileiro, a diminuição do abate em 14% em 2017 pressionou os resultados da empresa. De acordo com Tomazoni, os níveis de abate já voltaram ao normal neste trimestre.

“Terminamos o ano com capacidade de abate praticamente normal. Em 2018, estamos com nosso nível de abate exatamente como havíamos planejado, o mesmo nível do terceiro trimestre do ano passado”, afirmou.

O executivo lembrou, ainda, que mesmo sem manter a escala de abate completa em 2017 — em decorrência da crise provocada pela delação dos irmãos Batista pelas investigações relacionadas à Operação Carne Fraca —, a JBS não fechou nenhuma unidade de produção durante o ano.

As margens da área de bovinos no Brasil, contudo, devem continuar pressionadas. “Ainda observamos um mercado com excesso de capacidade, o que vai ser desafio para recuperar as margens ao longo desse ano”, disse Jerry O’Callaghan. “Mas estamos empenhados em voltarmos às margens tradicionais deste negócio no Brasil”, completou.

Com relação às operações de couro, Jerry afirmou que deverá haver uma melhora gradual no mercado neste ano. Segundo ele, em 2017 houve um crescimento do abate de bovinos no mercado global, particularmente, na América do Norte. “O mercado de couro ficou abarrotado de matéria- prima e houve uma piora substancial do valor do produto”, disse.

Sobre as provisões nos balanços de 2016 e 2017 relacionadas ao acordo de leniência da holding J&F, que controla a JBS, Jerry afirmou que os valores correspondem ao que já é público em relação à investigação que o Ministério Público está realizando.
Foram provisionados cerca de R$ 35 milhões nos resultados de 2017 e mais de R$ 150 milhões em 2016.

“Essa investigação está bastante avançada, de maneira que os auditores da companhia se sentiram bastante confortáveis em dar um parecer. Mas nós não podemos fazer uma previsão da conclusão“. O que é público é suficiente para indicar uma provisão . A gente acha que a provisão já reflete um eventual resultado dessa investigação. ”, afirmou Jerry.

Fonte: Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.

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