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JBS: vale a pena um campeão nacional?

Após sucessivos aportes de recursos realizados pelo BNDES, uma abertura de capital e a absorção de várias empresas, incluindo o Frigorífico Bertin, o JBS transformou-se num gigante. É a maior empresa mundial de proteína animal, trabalhando com as carnes de boi, frango e suínos, além de leite. Opera também na Argentina, Estados Unidos, Austrália e Itália. Nesse processo, o suporte do BNDES foi tão grande quanto fundamental: algo como R$ 10 bilhões, entre subscrição de ações, empréstimos e compra de debêntures. Tendo isso em mente, vale perguntar se o País ganhou com a operação, uma vez que os ganhos dos acionistas originais são evidentes.

Após sucessivos aportes de recursos realizados pelo BNDES, uma abertura de capital e a absorção de várias empresas, incluindo o Frigorífico Bertin, o JBS transformou-se num gigante. É a maior empresa mundial de proteína animal, trabalhando com as carnes de boi, frango e suínos, além de leite. Opera também na Argentina, Estados Unidos, Austrália e Itália.

Nesse processo, o suporte do BNDES foi tão grande quanto fundamental: algo como R$ 10 bilhões, entre subscrição de ações, empréstimos e compra de debêntures. Tendo isso em mente, vale perguntar se o País ganhou com a operação, uma vez que os ganhos dos acionistas originais são evidentes. Tive nesse trabalho uma inestimável ajuda de José Carlos Hausknecht (sócio da MB Agro). Destaco que não se faz aqui uma análise da companhia em si, mas da escolha de se reintroduzir uma política de campeões nacionais.

Comecemos com os aspectos comerciais externos:

– Estamos exportando mais? Não. Em quantidade, a média mensal de vendas ao exterior ainda é inferior a 2008, quando a União Europeia colocou restrições, que ainda existem, às vendas brasileiras. A existência do campeão nacional não parece ter alterado qualquer tendência.

– Estamos penetrando em novos mercados? Mais uma vez, não há evidências que o campeão nacional tenha contribuído para tanto. O Brasil continua acessando menos da metade do mercado mundial de carne vermelha, vendendo essencialmente para os países de renda mais baixa, produtos menos nobres e mais baratos. Os conflitos com a União Europeia continuam os mesmos. Estamos ainda longe de acessar os mercados mais nobres, como Japão e Coreia. Ao contrário, do ponto de vista das exportações, há um evidente conflito de interesses, pois a JBS-USA concorre com a carne industrializada brasileira lá e em outros mercados. O caso da controlada Pilgrim”s Pride é mais peculiar, pois a força comercial dos Estados Unidos garantiu para suas exportações a maior parte do mercado russo, às expensas do produto brasileiro. O financiamento para expansão mundial nesse caso é diferente do projeto de fusão de duas empresas nacionais (por exemplo, Aracruz e VCP), caso em que as sinergias são absorvidas no país.

– Melhorou a qualidade sanitária das exportações? Mais uma vez, não há evidências disso. Pior, coincidência ou não, as exportações de carne industrializada nacional para os EUA foram suspensas desde maio, por alegado uso não conforme de vermífugos em fábrica do JBS. Apenas recentemente as barreiras foram removidas.

Quanto aos impactos internos, vale destacar que não percebo grandes efeitos positivos na cadeia produtiva, pelo menos para os pecuaristas, pois o poder de mercado da empresa ficou enorme em boa parte das áreas de produção. É claro que isso decorre também da quebra de várias empresas, como Quatro Marcos, Margem, Independência, Arantes e Frigoestrela. Entretanto, o JBS, com sua folga financeira, reforçou sua posição ao arrendar várias fábricas do Quatro Marcos. Naturalmente, os preços do boi estão altos hoje (e as margens dos frigoríficos menores) por escassez de oferta e não pela consolidação do mercado.

A escolha dos campeões nacionais, especialmente JBS e Marfrig, precipitou a situação financeira de muitos frigoríficos, especialmente médios e pequenos. Alguns já pediram recuperação judicial. Outros estão em dificuldades, pois o mercado de crédito passou a temer o risco das não escolhidas; sem crédito, o setor paralisa e não funciona. A solução aventada, de fazer a fusão de algo como 15 pequenas empresas, não tem a menor base na realidade. Quem já assistiu a alguma tentativa de incorporar duas empresas familiares, sem gestão profissional, sabe das dificuldades envolvidas. Imagine um lote de empresas dispersas geograficamente!

Teria havido alguma mudança tecnológica ou organizacional decorrente da criação do campeão? Também aqui não há qualquer evidência disponível.

O grande problema com a criação de uma empresa dessa natureza, mesmo depois de resolvida a questão do capital, é cultural e organizacional. Não se transforma uma empresa local em internacional em cinco ou seis anos. Tive a oportunidade de ver isso pessoalmente quando participei do Comitê Estratégico da Companhia Vale do Rio Doce, de 2001 a 2004. Na ocasião, a Vale tomou a correta decisão de diversificar seu portfólio de produtos e de países onde desenvolver novas minas. Rapidamente, a empresa percebeu as dificuldades dessa expansão, pois mesmo operando há décadas no mercado internacional e tendo um quadro de pessoas de classe mundial, desconhecia o ambiente onde passaria a trabalhar. As dificuldades trabalhistas que enfrenta até hoje no Canadá, com a Inco, ilustram bem o ponto.

Pessoal qualificado, conhecimento dos mercados, gestão à distância, planos de remuneração, preparo para negociações, inclusive trabalhistas, planos de contingência para enfrentar situações inesperadas ou adversas são questões que exigem muito tempo para serem adequadamente respondidas. Mesmo experimentadas empresas já multinacionais perderam e ainda perdem muito dinheiro ao se aventurar na China. Não existe método “From Goiás” que produza resultados sólidos em um par de anos. Tudo fica mais difícil ainda quando se trata de alimentos, ante diferentes regimes de defesa do consumidor, especialmente onde essas coisas são levadas muito a sério.

Considere-se, por exemplo, a questão do conhecimento dos mercados e players e os casos da operação na Argentina e da Inalca. Qualquer analista que conheça a Argentina sabe há muito tempo que uma sucessão de governos populistas, num regime de gigantesca concentração de poder na presidência, resulta num grande risco político e regulatório. Em outras palavras, é muito comum um bom projeto ser destruído por intervenção do governo. Disso sabem muito bem industriais brasileiros como os calçadistas; sabe também até a Petrobrás. Entretanto, o JBS entrou com tudo no país ao comprar a Swift local. Desde então, a colocação de impostos nas exportações e as intervenções diretas do famoso ministro Moreno estão liquidando o setor de pecuária na Argentina. O nosso vizinho deixou de ser um fornecedor de importância no mercado internacional (até julho deste ano a Argentina exportou, em média, apenas 27 mil toneladas de carne por mês; o Brasil, por sua vez, exportou neste mesmo período 138,6 mil toneladas), bem como seu rebanho está se reduzindo em termos absolutos. O resultado é que as plantas do JBS estão fechadas e, aparentemente, à venda.

O investimento na Inalca italiana transformou-se, como se sabe pela imprensa, numa enorme dor de cabeça. O conflito entre acionistas será resolvido pela justiça italiana e o resultado será a saída de um dos dois sócios. Lembro esse caso não apenas por sua importância, mas também porque, na ocasião do negócio, um executivo internacional muito experiente disse-me que estava surpreso pela operação, pois a Inalca era uma empresa, digamos assim, muito complicada. É um caso típico de insuficiência de informações num novo mercado.

O caso do JBS como campeão não parece muito brilhante. Aparentemente, o mercado também tem a mesma opinião. A ação foi lançada em março de 2007 a R$ 8,00. Enquanto escrevo este artigo, seu valor é de R$ 6,51, sendo a empresa agora muito maior do que naquela ocasião. Não é simples criar um campeão nacional.

O artigo foi publicado no dia 07 de novembro, na seção Economia do jornal O Estado de S.Paulo.

0 Comments

  1. Jogi Humberto Oshiai disse:

    Prezado Dr. Mendonça de Barros,

    Acredito que a sua contribuição no debate sobre o JBS está a “altura” de seus títulos da USP e da Yale. Pondero, contudo, que como deve ser do seu conhecimento, o Brasil ao longo de sua curta história, em diversos setores do cultural ao esportivo, sempre teve seus campeões nacionais, com pontos positivos e negativos, que não seria o caso de mencionar todos neste sucinto comentário.

    Dois pontos importantes – não cabe ao JBS discutir os investimentos do BNDS e tampouco solucionar o problema da sanidade animal no país. O governo brasileiro apostou em alguns setores e cabe ao governo solucionar especialmente o segundo ponto !

    Tenho a certeza que com os títulos que detêm poderia apontar alguns pontos positivos ao campeão nacional que é o maior produtor de proteína animal no mundo, com cerca de 140 unidades de produção no mundo e que emprega aproximadamente 125 mil pessoas que de uma forma ou de outra segue o método que ironicamente Vossa Senhoria qualificou de método “from Goiás”.

    Caso tenha a oportunidade, não deixe de visitar a Anuga no próximo ano levando em consideração que não deve ter presenciado o sucesso do campeão nacional no SIAL deste ano.

    Devemos ter orgulho do campeão nacional assim como os americanos têm do Mac e da Microsoft. Afinal de contas, o nosso governo ainda não conseguiu criar políticas para termos Silicon Valley no Brasil e assim para não continuar no país do futebol e do carnaval devemos enfatizar e ter orgulho do fato de termos um campeão nacional oriundo do agronegócios ainda que seja com o método ´from Goiás” para não nos concentrarmos sempre nos bancos, nas telefônicas, na Vale, na Embraer e outras empresas do setor financeiro, telecomunicações ou industrial.

    Atenciosamente,

    Jogi Humberto Oshiai

  2. ROGERIO AVEZUM DE MORAES disse:

    Pelo que vejo a população Brasileira não ganhou em nada. O KG do Filé Mignon a R$ 39,00…

  3. Manoel Terra Verdi disse:

    O Governo pensou em formar um grupo de frigoríficos fortes capazes de resistir às eternas crises do setor, e também às possiveis investidas do capital internacional ao setor. Agiu atravez do BNDS, alavancou os grupos que buscaram este capital disponivel e os incentivou a abrir seu capital.
    Aí houve uma divisão, os que acreditaram que podiam crescer usando o dinheiro que, à época, sobrava na Bolsa (JBS e Marfrig), aquele que fez isso, mineiramente, com mais parcimonia (Minerva), e os que perderam o timing (Bertim e Independencia). O resultado parcial já conhecemos. Os que só se individaram quebraram. Os que buscaram capital na Bolsa sobrevivem, e bem, se modernizaram, ganharam dimensão internacional.
    Os donos, por enquanto, estão ganhando. Mas o Brasil ganha junto. O País ganha por manter em mãos brasíleiras este importante setor alimentar. Ganha por manter brasileiro um setor que viverá agora dentro de um regime de escassez, que o tirará, sem dúvida, de uma situação de crise constante. Quem acreditou ganhará.
    Penso que o Governo não se preocupou em fazer um campeão, se tivermos um campeão será por competencia dos que melhor se preparam para crescer rápido, os que souberam aproveitar o momento, aqui e no exterior. Claro que este jogo é arriscado, más será muito menos a partir do momento que se estará trabalhando com um produto onde a oferta é menor que a procura. Espero que os Batista, e o Marcos Molina sejam da estirpe dos Lemmam, Sicupira, e companhia. E se, por ventura, o desfecho deste jogo for outro, caberá ao nosso Banco de Desenvolvimento, escolher os substitutos. Penso que por enquanto estamos preservados do movimento que ocorre no setor sucroalcooleiro.

  4. José Manuel de Mesquita disse:

    O artigo do Sr. José Roberto Mendonça de Barros me parece lúcido, recheado de conhecimentos e informações desprovidas do “ufanismo barato” que os brasileiros tanto apreciam… principalmente aqueles que vivem nas tetas que sobram de nosso já combalido país, e em geral encastelados em uma realidade só deles…

    Me chama a atenção, a menção de que o JBS está a “altura” dos títulos da USP e da Yale possuídos pelo autor do artigo que comentamos… realmente… a altura do JBS, é equivalente a importância de aproximadamente R$ 18.000.000.000,00 ( JBS + Bertin) amontoado em notas de R$ 100,00… qual seria mesmo a altura?
    E na hora de pagar por tais empréstimos? qual será a altura do JBS?

    Quanto ao problema “sanidade animal” mencionado por um usuário neste mesmo espaço, cabe ressaltar que: este não é problema do “ente estado”, no caso o Brasil…

    O “ente estado” não deveria ser envolvido, nem confundido como o responsável pela produção de animais no país. Não é o BRASIL que produz bovinos, bovinos são produzidos por PECUARISTAS… A separação deveria ficar sempre muito clara…

    Não é o PAÍS o responsável pelo que os produtores colocam a disposição do mercado, e sim os próprios produtores (incluídos aí a sanidade animal, e o bem estar social de quem os ajudou a produzir), com a co-responsabilidade dos frigoríficos pois, são eles que abastecem o mercado de consumo interno ou externo.

    Na área Macro, ao país fica a responsabilidade de manter a Defesa Agropecuária em condição operacional efetiva, no combate e controle das moléstias como a Aftosa, Brucelose, Raiva e Tuberculose… isso sim é tarefa do “ente estado”…

    Mencionando agora as outras áreas de “responsabilidade” do estado…
    Escrevo “responsabilidade” mas o termo correto seria “Obrigação”, tais como: Educação, Saúde, Segurança, Saneamento Básico, Infra Estrutura (Estradas, Aeroportos, Portos, etc…), mas… seria pedir demais, afinal nas funções “Obrigatórias” o “ente estado” tem mostrado seguidas provas de “Irresponsabilidade”.

    E os empregos que deveriam ser gerados por aqui? a maioria está lá fora: Argentina, EUA, Europa, Austrália etc… me parece que “a falta de emprego formal ou mesmo informal” ainda não chegou até nós…

    O problema é que, parece ser mais agradável ou mais rentável aos “servidores de plantão” investir altas somas retiradas de nossos impostos para criar gigantes, que em geral, não se sustentam sem as tetas da mãe pátria… Fariam melhor investimento se aplicadas nas “obrigações” mencionadas acima…

    Difícil acreditar que estamos em um país dito “Capitalista”, afinal sustentar empresas privadas com dinheiro público, não me parece ser uma real atividade do capitalismo… onde: O lucro é meu, e o eventual prejuízo é nosso!

    Esperar prá ver…

  5. Marcos Francisco Simões de Almeida disse:

    O BNDES não existe para emprestar a fundo perdido!
    Isto é uma verdade absoluta? Não sei! Só sei que lá tem muita operação “micada”.
    Acredito que tenha ocorrido um plano de negócio, onde a taxa de retorno do projeto, aliada ao risco do negócio, justifique esta mega operação.
    Quais as garantias foram dadas ao BNDES?
    Estas informações foram divulgadas?
    PODERIAM DESTRINCHAR ESTAS INFORMAÇÕES PARA NÓS?
    Não vale os prospectos de lançamento de ações, debentures, etc. mesmo com a chancela da CVM.
    Olhando de fora e conhecendo a baixa rentabilidade da cadeia produtiva de carne, aliado ao risco do mercado (comprovado com a situação atual dos frigoríficos), esta operação parece mais uma TRAPALHADA da turma do PT (a exemplo das provas do ENEM) com os recursos do povo brasileiro.
    Agora uma pergunta:
    Como política de governo é importante ter um CAMPEÃO no setor de beneficiamento / intermediação ou ser campeão no setor de produção? Só temos quantidade num mercado de oferta escassa, pois num mercado competitivo, não temos produto de qualidade para concorrer.
    O que o governo do PT fez pela pecuária brasileira?
    Seguindo a lógica do PT de estimular o pequeno e o médio empreendedor (que acredito ser só no discurso), estimular o setor produtivo é sem dúvida mais importante.
    Se eu for ao BNDES pedir dinheiro, ele me emprestará? mesmo eu tendo garandias patrimoniais de sobra.
    Somos os maiores produtores em quantidade. Isto não basta! A nossa qualidade está longe da de muitos outros paises.
    Amigos, vamos ficar de olhos abertos! Sabemos quem está governando este país, que segundo artigo na revista Veja, “paisão de tolos, imaturos e injustos”.

  6. mauro gualberto da silva disse:

    como sempre tenho participado das discucoes e comentarios, quem viver vera, gostei do artigo e como diz um velho ditado carioca, (na guera do mar com o rochedo, quem sofre mais e o marisco)
    vamos aguardar e ver o que vem por ai, ja que o atual e o futuro governo sao aliados dessa empresa………

    Deus salve o Brasil

  7. Marcelo Ribeiro disse:

    Caros Amigos,

    Sempre discutimos o que o governo pode ter feito de errado ou certo para fazer crescer alguns setores da economia.

    A JBS alem de crescer de maneira solida, contando com o apoio do BNDS, banco que diga-se de passagem voltado ao incentivo da industria nacional; esta sim mudando a e mudou o perfil, presente e futuro da economia do boi.
    Hoje o produtor sabe que a industria nacional nao esta voltada somente para o mercado interno e que o “mundo e´ plano”. Ao fazendeiro foi apresentado o mundo fora da porteira da fazenda: certificacao (mesmo que fajuta), HEDE, BMF…etc!

    Paises em desenvolvimento como o Brasil, precisam de empresas internacionalmente conhecidas para equilibrio da balanca comercial, controle de dolares investido no pais, etc. Nunca se discutiu o que a JBS, Marfrig e outras de outros setores da economia, trouxeram para o pais em investimentos externos diretos.
    Um exemplo simples e direto e´ o que acareta o investimento da empresa em uma plataforma de distribuicao interna, contando com a aquisicao de veiculos e investimentos para realizacao dessa operacao.

    Na verdade estamos desacostumados em ver empresas dos setor de alimentos se destacarem na economia e receber investimentos, como os produtores de proteina brasileiros tem recebido. E a industria da mineracao, aviacao, informatica, naval; ja pensaram e pesquisaram o que o governo tambem investiu ai? Alias, governo nao! O banco e´ de capital publico e tambem recebe dinheiro privado para investimentos.
    Algo muito particular que me chama a atencao e´ quando o Sr. Jose Robeto menciona sobre “nao atingir o marcado da Korea e Japan”. Trabalho com producao e exportacao de carne bovina. Hoje vendemos aqui da Australia, onde os custos de frete e impostos sao mais baratos, carne mais barata que a carne do Brasileira; somos “invejosos” do Brasil por poder exportar carne para a Europa, Russia e Oriente Medio com custos e valores da comodite “carne” muito melhor que a nossa, onde diga-se de passagem, a mao-de-obra da operacao representa 62% do custo total.
    Em equivalente a Arroba do boi brasileiro, hoje recebemos pelo nosso boi de 20@ o valor equivalente R$85.00 por arroba e o pecuarista brasileiro R$ 110.00 ou mais.

    Nao sou economista, e na minha ultra simplicidade de Zootecnista diretor de empresa Australiana, nao consigo imaginar as desvantagens do BNDS ter investido na gigante JBS, MARFRIG e outras de outros setores.
    Investimento certo na hora certa e com as pessoas certas! Alguem ja teve a oportunidade e curiosidade de perguntar o que os Batistas estao fazendo entre as 4 da manha e 8 pm?

    Grande Abraco e Sucesso aos pecuaristas vendendo arroba de boi a mais de R$ 100.00.

    Marcelo Ribeiro

  8. Adauto Silva Gouveia Filho disse:

    DESPROPORCIONALIDADE…
    Recentemente eu vi um pequeno produtor rural chorando, porque não havia conseguido junto ao BB, (recurso do FCO) um financieamento de R$ 50.000,00 para aquisição de vacas leiteiras. Agora vendo que o JBS conseguiu R$ 10.000.000.000,00 (dez bilhões) do BNDES, me sinto confortado. Esse é um Governo que distribui muito bem a renda. Ironia, será?

  9. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Parabéns ao Dr. José Roberto Mendonça de Barros pelo oportuno debate sobre nossas políticas de investimento. Parabéns aos leitores que enviaram comentários e enriqueceram a reflexão. Percebe-se que o tema é muito complexo e exige muita informação para julgarmos o acerto ou desacerto desta ação. Há, sem dúvida, muitos pontos positivos mas, certamente, riscos muito preocupantes. Os mercados ainda não estão recuperados da crise de setembro de 2008 e necessitamos de tempo para que os ajustes e acomodações possam ser percebidos. No momento presente, sem apostar no longo prazo, o quadro está favorável para o produtor brasileiro. Obrigado ao Beefpoint e cumprimentos a todos participantes.

  10. Jose Carlos o Farrill Vannini Hausknecht disse:

    Justamente o que estamos quesionando é a política de investimento do BNDES como banco público, no caso do JBS, além de um péssimo investimento, já que o preço atual da ação está mais baixo anos após a abertura de seu capital, o BNDES ajudou o JBS a adquirir ativos no exterior que, ao nosso ver não correspondem ao interesse nacional.
    Uma vez que o capital do BNDES é finito, acreditamos que este dinheiro deveria ter sido empregado para investir dentro do país e não criar uma multinacional da carne. Hoje, apenas 15% do faturamento do grupo provém da operação brasileira, ou seja, estamos usando dinheiro público para aumentar o investimento em um setor produtivo no exterior que acaba competindo com a produção nacional.
    Acreditamos que uma empresa do porte do JBS tem condições de se capitalizar utilizando mecanismos de mercado e que para adquirir empresas no exterior deveria utilizar estes mecanismos e que o BNDES deveria concentrar seus esforços em fortalecer a indústria nacional e dar crédito para empresas menores que estão necessitando urgentemente destes aportes e não estão conseguindo.

  11. Rafael Henrique Ruzzon Scarpetta disse:

    o JBS tem banco… e a hora que o produtor quiser, estão a disposição para emprestar dinheiro!!!

    O pecuarista está colhendo hoje, os grandes erros administrativos do JBS, que sempre trabalharam com a filosofia de lucro acima de tudo, pisando no pecuarista, seu fornecedor, com isso o pecuarista apertado se desfez de matrizes, e o frigorífico ganhou muito dinheiro com isso, foi a época de grande expansão do JBS. Hoje realmente, não existe boi gordo, por todo lado que ando, vejo poucas fazendas com gado gordo.

    Na minha atividade, nunca trabalhei com cria, e tinha dificuldade com compra de bezerros de qualidade, então os fornecedores destes bezerros, sempre tratamos com muito respeito, pagavamos bem pelo seu produto, e sempre procuramos manter um bom relacionamento. A muito tempo compro gado das mesmas pessoas, ele lucra, eu lucro, enfim, estamos satisfeitos.

    Já o JBS usa outra técnica para comprar nossos bois gordos, que é ser o ÚNICO frigorífico comprador do Brasil, quando ele alcançar isso, aí vamos ter de mudar de atividade.

  12. Marcelo Carvalho disse:

    Não é uma tarefa das mais fáceis uma gigante em processo de pós-aquisições consolidar as atividades, sinergias, cultura organizacional etc. Mas conforme comentou o Dr. Mendonça de Barros no tópico 3 parágrafo 5, isso demanda tempo. Com todo respeito e seriedade, até gostaria de vê-lo, e quem sabe também a Ana Paula Laudares a qual tem feito trabalhos importantes de fortalecimento de marca junto a grandes empresas como AMBEV por exemplo trabalhando juntos em um projeto na JBS, por que não ? Uma opinião diferente pode gerar decisões mais consistentes.

    Ainda é dificil para nós brasileiros vermos “Chaebols” nascendo no quintal de casa. Mesmo assim, acredito que seja uma estratégia ousada, mas muito importante para o crescimento e desenvolvimento do país.

  13. renato morbin disse:

    Muito interessante o artigo do Dr. Jose Roberto Mendonça de Barros. Provavelmente a grande maioria das pessoas que leram este artigo ( e ele saiu no “Estado de São Paulo ) ficaram com o pensamento de que tudo isso é realmente assim e que foi um erro muito grande acreditar no JBS ( como fez o BNDS ). Ai passei a ler as cartas e a primeira que li foi a do Sr. Jogi Humberto Oshiai que por sinal esta espetacular pois deixa claro que o problema sanitário do Brasil ao exportar não é problema a ser resolvido pelo JBS e sim pelo governo federal e também a carta do Sr. Marcelo Ribeiro que da Austrália fala da importância de se ter um Campeão Nacional e que o Brasil causa inveja na Austrália pois atinge alguns países com muito mais competência alem de enaltecer as qualidades da familia Batista.. Bem, existem outras cartas mas algumas como a do Sr. Rafael Henrique Ruzzon que fala que os frigoríficos matam os fazendeiros e que os tratam mal, e que vão ter que mudar de atividade. É bom saber Sr. Rafael, que muitos ja mudaram de atividade por terem vendido os seus bois a empresas como o Arantes, Margem e alguns outros que se arrastam a anos em processos de recuperação judicial que de recuperação na verdade não tem nada, talvez devendo mudar de nome para “Cano Judicial”. Bom lembrar também que o boi apesar do domínio do JBS e do Marfrig nunca esteve nesses patamares de preços em dolar ou reais.
    Agora para finalizar quero voltar ao artigo onde se fala do método “from Goiás”. eu tive a oportunidade de trabalhar 5 ou 6 anos no antigo Friboi e o privilegio de conviver com toda a familia Batista. Esse método que usam baseia-se em muito trabalho ( é difícil para qualquer pessoa acompanhar o ritmo de trabalho da familia ), nunca saindo do foco e reinvestindo o que ganham no seu próprio negocio. O respeito deles com os clientes e com os colaboradores é total, assim como a sua simplicidade. Fico muito honrado de ter passado esse período por la torço para que o JBS que hoje é campeão mundial no ramo de proteína animal continue e solidifique cada vez mais esse processo que começou la em Anapólis, com a Casa de Carne Mineira. Portanto…”from Goiás” neles moçada…..

  14. Jose Marcos cuba disse:

    Senhores
    Excelentes dicissoes e opinioes.

    Apenas nao vi nenhuma das partes envolvidas na cadeia produtiva citar que deve-se sentar, todos, na mesma mesa e conversar como seres pensantes sobre o futuro do endividamente e suas consequencias para a cadeia produtiva como um todo.

    Pergunta-se: se o cenário é de rivalidade pessimo? Bom ? Muito bom ?

    Vamos continuar nos degladiando … pecuaristas e frigorificos nunca sentaram na mesma mesa para discutir o que pensa o verdadeiro cliente…

    Vamos esperar os frigorificos nacionais quebrarem todos (os pecuaristas ja esperaram e tiverfam todos quebrando) e agora vamos esperar o JBS quebrar tamberm.

    Ai dizemos: olha nao falei … rsrsrsssss… e vender a carne pra quem???

    Gente: vamos formar uma comissao dos pecuaristas, dos economistas, dos frigorificos que quebraram, dos em dificuldades, chamaremos o BNDES a se explicar judicialmente se for preciso e o senhores JBS se for preciso.

    Valorizem a cadeia produtiva tenham visão sistema… sentem numa mesa de negociaçãol preocupados com o futuro de todos.

    Pensem