Miguel da Rocha Cavalcanti, coordenador do BeefPoint, conversou na 7ª Feira Internacional de Ovinos e Caprinos (Feinco) com Jean-Yves Carfantan, especialista em mercado europeu de alimentos, em especial de carne bovina. Na entrevista, Jean-Yves fala sobre as tendências do mercado europeu, rastreabilidade e oportunidades brasileiras no mercado internacional. Acesse e assista o vídeo da entrevista!
Miguel da Rocha Cavalcanti, coordenador do BeefPoint, conversou na 7ª Feira Internacional de Ovinos e Caprinos (Feinco) com Jean-Yves Carfantan, especialista em mercado europeu de alimentos, em especial de carne bovina. Na entrevista, Jean-Yves fala sobre as tendências do mercado europeu, rastreabilidade e oportunidades brasileiras no mercado internacional. Confira o vídeo abaixo!
Destaques da entrevista
“Na Europa, há várias empresas especializadas em comércio internacional de carne, que antigamente importavam carne brasileira e faziam exportações para países terceiros e para países fora do Bloco Europeu. Essas empresas perderam muito espaço nos últimos anos devido a diminuição das importações de carne brasileira e devido a diminuição do comércio entre países do bloco, que hoje é um comércio cada vez mais gerenciado pelos grandes frigoríficos.”
“Hoje as empresas especializadas em comércio internacional estão buscando negócios com parceiros brasileiros. Essas tradings podem realmente se tornar grandes parceiras, visto que estão realmente procurando reatar laços com os fornecedores brasileiros, desde que esses fornecedores consigam respeitar as exigências do mercado europeu.”
“A principal coisa que mudou entre 2008 e 2009, é que houve uma queda de consumo de cortes nobres na Europa devido a crise econômica. Algumas redes varejistas da Europa chegaram a retirar cortes nobres da prateleira porque não tinham clientes.”
“O que percebemos agora é que aos poucos as importações vão ser retomadas e existem novas oportunidades. As empresas especializadas em comércio internacional, as tradings, que são todas integrantes de uma associação inglesa chamada The International Meat Trade Association, estão querendo reatar laços com os fornecedores brasileiros”
“O que cria a oportunidade hoje é a abertura de uma nova cota. Devido as negociações com os EUA, a UE teve que abrir uma cota para a carne produzida a partir de animais confinados. Isso pode ser uma oportunidade para o Brasil já que os americanos não vão conseguir usar toda essa cota, e o Brasil, desde que pratique a rastreabilidade corretamente, pode entrar nessa cota.”
“O mercado europeu precisa de carne de alta qualidade e com preços mais competitivos do que a carne européia. Essa cota de 20 mil toneladas pode ser uma oportunidade para determinados setores, já que as exigências são um pouco menos rigorosas do que as exigências da cota Hilton”
“Esta nova cota será gerenciada por importadores europeus e não pelos países exportadores, então, para quem tiver pequenos volumes, pode ser uma porta de entrada no mercado europeu.”
“Quando conversamos com compradores de empresas varejistas, inclusive de cadeias de restaurantes, o que mais interessa são os cortes de traseiros.”
“O consumidor europeu está buscando uma carne que atenda todas as exigências de qualidade e está querendo comprar uma carne que conta uma história. Isso é essencial para você seduzir o consumidor europeu de classe média.”
“As associações de criadores vão ter cada vez mais um papel importante no comércio internacional e principalmente porque os compradores querem saber da história, e quem conta a história não é o frigorífico, e sim o pecuarista.”
“Temos que nos convencer que as associações terão que gastar dinheiro para vender sua história lá fora, elas têm que investir num esforço contínuo, fazer várias visitas, manter o contato, manter um canal de comunicação permanente até o contrato comercial aparecer.”
“Se a carne brasileira não for rastreada, o produto não entra no mercado europeu, simplesmente porque não passa na alfândega. Na Europa, não há mercado para os produtos não rastreados.”
“Em relação a sustentabilidade, hoje no Brasil há cada vez mais a participação de ONG´s em debates, fazendo cobranças, etc. Algumas dessas ONG´s são internacionais e o Brasil pode utilizar essas entidades para entrar no mercado internacional de carnes, pois já que aceitamos elas como parceiras, elas podem nos ajudar lá fora. Se o Brasil, por exemplo, entrar no mercado inglês com um selo de qualidade de uma ONG preocupada com o ambiente e com o bem-estar animal, acaba ganhando uma vantagem enorme.”
Equipe BeefPoint