Com parcialidade perigosa, uma imprensa feita por citadinos dirige a adequação das leis ambientais contra os interesses da atividade econômica nacional. A qualidade do debate público em países democráticos pode ser inferida pelo grau de isenção e imparcialidade expresso nos editoriais dos jornais de grande circulação. No Brasil, cuja imprensa absolutamente urbanizada, se deixou apartar dos anseios dos brasileiros que ainda teimam em viver no campo, não surpreende que os editoriais sobre questões ambientais e revelem tão medíocres.
Contra-Editorial
Com parcialidade perigosa, uma imprensa feita por citadinos dirige a adequação das leis ambientais contra os interesses da atividade econômica nacional
A QUALIDADE do debate público em países democráticos pode ser inferida pelo grau de isenção e imparcialidade expresso nos editoriais dos jornais de grande circulação. No Brasil, cuja imprensa absolutamente urbanizada, se deixou apartar dos anseios dos brasileiros que ainda teimam em viver no campo, não surpreende que os editoriais sobre questões ambientais ― tema que veio para ficar na agenda global ― se revelem tão medíocres.
A argumentação dos jornalistas ambientais avançou tanto na modernidade que perdeu completamente o contato com o presente ainda ligado de forma indissociável, infelizmente para uns, ao passado recente. Os jornais perderam a capacidade de ler os anseios reais dos homens do campo. Essa incapacidade os leva a jogar tudo o que não é urbano em rótulos genéricos, muitos deles empoeirados, como agronegócio, ruralistas ou oligarcas rurais.
Nesse momento o meio rural brasileiro se insurge, num movimento perfeitamente legítimo em democracias reais e saudáveis, contra aquilo que considera serem abusos das agências voltadas a proteção ambiental na busca por essa proteção e a imprensa nacional perdeu completamente a capacidade de ver e interpretar esse movimento.
Em Jandaíra, no Rio Grande do Norte, o lavrador Emanuel Josian Barbosa foi morto por um fiscal do Ibama quando caçava numa unidade de conservação; 12 mil brasileiros que viviam no município de Marcelândia, no Mato Grosso, migraram depois que as operações do Ibama destruíram a economia local; os moradores da Resex Tapajós-Arapiúns, no Pará, estão sendo ameaçados por fiscais do ICMbio para acabarem com a criação secular de gado na reserva; em muitos outros municípios na Amazônia (Buritis-RO, Tailândia-PA, Buriticupú-MA, São Felix do Xingu-PA) houve insurreições populares contra a estratégia de preservação ambiental oficial baseada na asfixia das economias locais.
A forma desumana, injusta e autoritária com que o Brasil oficial se lança contra aqueles sobre os quais encaixou a pecha de destruidores da natureza e do futuro do mundo urbano se reflete em contra ataques. Muitas vezes esses contra ataques vêm eivados de rancor e arcaísmos, mas isso não significa que não haja um problema digno de ser visto em sua fonte.
É da efervescência dessa fonte que saem posicionamentos como os dos Ministros Stephanes, Edson Lobão, da própria Dilma Rousseff no seu período de Casa Civil, em seus embates com Marina Silva pelas hidroelétricas. É da efervescência dessa fonte que saem as sucessivas tentativas de se alterar o Código Florestal e de se flexibilizar as leis ambientais. O setor produtivo se insurge contra o meio ambiente não porque queira destruí-lo, mas porque a estratégia de preservação ambiental oficial é autoritária e anti produtivista e a imprensa, apaixonada que está pelo verde, cegou-se a essa faceta do ambientalismo.
Um jornalista cego e parcial não é menos medíocre e pernicioso do que um oligarca rural e não será com visões maniqueístas e reações paranóicas que se travará um debate racional sobre o tema.
Resposta ao editorial do dia 12 de fevereiro do Jornal Folha de São Paulo: Paranoia Amazônica.
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Parabéns ao Profissional Ciro Siqueira,
Aos poucos pessoas do ramo estão acordando para os absurdos impostos à agropecuária brasileira e levantando a voz contra estas injustiças!
Gostaria de postar aqui a resposta que dei a um interlocutor a respeito de um artigo que publiquei em outro site, pois creio servirá de informação à esta mídia ambientalista medíocre:
“Caro Arturo,
Em primeiro lugar por favor não confunda fenômenos físicos/metereológicos com aquecimento global!
Morar no sopé de uma elevação coberta por vegetação florestal nativa ( ou não ) e no litoral implica em alguns fenômenos físicos, mas basicamente à questões de termodinâmica!
A alta evapotranspiração do maciço florestal ( nativo ou plantado ) sofre um choque com as correntes de ar frio vindas do atlântico ( no caso do Rio de Janeiro ) retira calor da atmosfera resfriando uma parte do ar que fica mais denso e desce ( o seu ar condicionado natural ) e aquecendo outra parte que fica menos denso e mais quente e sobe ( correntes convectivas ). Some-se a isto o já bem conhecido e estabelecido fato das chamadas “ilhas de calor urbano”, provocadas pelo baixo albedo do concreto e asfalto. Nenhuma novidade aqui.
Por outro lado, seu desconhecimento dos dados sobre o pais que você diz valorizar o levam a fazer afirmações errôneas e que só servem para nos prejudicar ainda mais frente àqueles países do norte que literalmente já destruíram praticamente todo seu patrimônio florestal e agora querem nos dar lições de moral ou nos ensinar a sermos conservacionistas. É o cúmulo da hipocrisia!
Mas vamos aos dados para que você fique mais bem informado e não faça mais comentários que reforcem a visão de países e ONGs que só querem levar vantagem sobre nós:
Em área absoluta o pais que mais tem área de cobertura florestal original no planeta é a Rússia com 8,51 milhões de Km2, mas um percentual de território de apenas 49 por cento.
Já o Brasil, o segundo colocado tem 5,44 milhões de Km2 de área absoluta de FLORESTAS TROPICAIS, mas que equivalem a 63 por cento da área do pais.
Mas leve em consideração que a quase totalidade das florestas russas são as chamadas florestas boreais, basicamente florestas monoespecíficas de pinheiros em áreas que NÂO PODEM SER APROVEITADAS para agropecuária!
O único pais que está à frente do Brasil em cobertura percentual de território é o Suriname, com 90 por cento. Mas olhe o tamanho do Suriname comparado ao Brasil em qualquer mapa mundi!
Outros em cobertura percentual mais próximos ao Brasil são Canadá com 24, EUA com 23, Austrália com 20, China com 17, etc. Nem mesmo países africanos e bem menores que o Brasil como Congo com 57 e Angola com 55 ou mesmo indo para a Indonésia com 54 ou nosso vizinho o Peru com 50 por cento chegam perto dos nossos 63 por cento. Todos bem menores que o Brasil!
Agora o melhor é que as maiores críticas ao nosso pais vem do velho continente, a Europa ocidental, quer seja via sociedade civil, via governos ou ONGs e eles tem apenas 0,3 por cento de cobertura florestal original, isso mesmo, devastaram 99,7 por cento de suas florestas!
E volto a insistir que mesmo países com boa cobertura de florestas originais como Canadá, EUA e China estas florestas são do tipo temperadas, boreais ou semi-boreais ( coníferas em sua quase totalidade ), ou seja, em áreas inaproveitáveis para agropecuária!
E como último dado, só para ter certeza que deixei bem estabelecido meu ponto, há 8.000 anos ( no holoceno, portanto antes do advento da primeira civilização nos moldes como a conhecemos ), o Brasil respondia por 9,8 por cento do total de florestas do mundo. Hoje o Brasil detém nada menos que 28,3 por cento de todas as florestas originais do planeta!
Como você é matemático creio que não terá dificuldade em ter uma visão estatística e representativa do que os números aqui expostos representam.
Há que se estar bem informado para emitir opiniões publicamente e se possível embasá-las tecnicamente, principalmente quando tais opiniões colocam em cheque a conduta de toda uma nação, e ainda mais quando esta opinião não condiz com a realidade dos fatos!
Cordialmente,
Helio Cabral Jr “
Com estes dados espero que os jornalistas e outros mais que militam nas questões ambientais revejam suas opiniões e passem a informar a população não com notícias deturpadas com viézes ideológicos, mas com a realidade dos fatos.
Cordialmente,
Helio Cabral Jr
Parabens Ciro pela coragem. E obrigado Helio pelas valiosas informações técnicas.
Precisamos rever nosso Código Florestal com urgência. Devemos preservar, mas precisamos respeitar o “CAMPO”.
Att,
Agradeço ao Dr Ciro pelo oportunissimo Contra Editorial.
Da mesma forma agradeço ao Dr Helio.
A coragem e os esclarecimentos tecnicos expressos devem ser exemplos a todos nos que devemos e precisamos difundi-los.