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José Carlos Bunlai: qualidade e padronização para aumentar o valor da carne brasileira

Ele é um dos destaques da pecuária brasileira, que alcançou nos últimos meses a ponta no ranking dos maiores exportadores de carne do mundo. Mas não está satisfeito. Diz que o País tem que buscar qualidade e critica a prática do “boi alimentado só a pasto”, principal peça de marketing do Brasil no exterior. O engenheiro civil José Carlos Bunlai, nascido em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, centro de uma das maiores áreas de produção de gado do Brasil, é considerado pelo setor o maior produtor individual do País e um dos maiores do mundo.

Ele envia entre 30 mil e 35 mil cabeças de gado por ano para o abate em vários frigoríficos brasileiros e possui rebanho de 160 mil cabeças em áreas ao redor de Campo Grande, capital sul-mato-grossense. E alega razões de segurança para não revelar a área total que usa no estado.

“Somos os maiores exportadores, mas a Austrália vende sua carne por preços que são mais que o dobro dos nossos”, afirmou Bunlai. “Isso acontece porque eles possuem qualidade constante e nós não. Precisamos dar uma uniformidade à qualidade do que produzimos. Quando fizermos isso teremos preço”. Bunlai diz que as dimensões continentais do país e o fato de a produção de bois estar espalhada por praticamente todo o território, com produtores em vários estágios de profissionalização, estão por trás da falta de constância na qualidade da carne brasileira.

Em sua crítica, Bunlai também não poupou a principal ferramenta de marketing dos exportadores brasileiros, o Green Cattle ou boi verde, o gado alimentado só a pasto e que por isso está livre de doenças como a “vaca louca” que, se acredita, é provocada pelo consumo de rações com proteína animal. “Claro que nós temos o boi de pasto, o boi verde, mas o mundo quer saber de padrão de qualidade. É inevitável a suplementação alimentar”, afirmou Bunlai, que defende um aumento do confinamento.

O produtor se mostrou favorável ao cruzamento industrial do nelore com outras raças como as européias, na busca por maior maciez da carne. Mas elogios também têm espaço nas opiniões do rei do gado brasileiro. “De dez anos para hoje, a profissionalização do setor é evidente. A indústria está mais aparelhada, mais tecnificada. E estamos bem do ponto de vista sanitário”.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Marcelo Teixeira/Reuters), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Angélica Simone Cravo Pereira disse:

    Concordo com o Senhor José Carlos Bunlai, principalmente no que diz respeito à modernização dos frigoríficos brasileiros. Porém, existem ainda muitas barreiras a serem ultrapassadas: Enquanto não houver organização e união de toda a cadeia produtiva de carne bovina, não sei por quanto tempo nos manteremos como principal exportador! É necessário conscientização e muito trabalho. Mais ainda, é necessário que se implemente qualidade em todo o sistema. Por que será que a cadeia avícola está “tão bem das pernas”??

    Um abraço,