Mercado Físico do Boi – 29/10/09
29 de outubro de 2009
CFM disponibiliza vídeo dos touros a venda no leilão virtual CFM do dia 03/Nov/09 – assista aos vídeos (Parte III)
31 de outubro de 2009

José Ricardo Rezende: identificação precisa ter auditabilidade

Aqueles que lerem com atenção a lei 4714, de 1965, verão que a identificação de bovinos é obrigatória no país desde então. Só que a auditabilidade do processo de identificação animal baseado em marca a ferro era e continua sendo falho. Para superar as dificuldades do uso da marca de produtor a ferro quente só adotando a identificação individual, controlada centralmente e apoiada em um banco de dados.

O leitor do BeefPoint José Ricardo Skowronek Rezende (Produção de gado de corte), de São Paulo, São Paulo, enviou um comentário ao artigo “Esclarecimentos da nova lei da rastreabilidade aprovada pelo senado“. Abaixo leia a carta na íntegra.

“Aqueles que lerem com atenção a lei 4714, de 1965, verão que a identificação de bovinos é obrigatória no país desde então. Inclusive com multa estipulada em caso de descumprimento da lei. Só que a auditabilidade do processo de identificação animal baseado em marca a ferro era e continua sendo falho. Especialmente se considerarmos que muitos animais passam por duas, três ou mais propriedades ao longo de sua vida, com todas as complicações que esta movimentação acarreta.

Por isto a lei nunca “pegou”, as multas nunca foram cobradas e pouquíssimos produtores tem marcas devidamente registradas.

O nome auditabilidade é feio, mas o conceito é simples: não basta fazer direito, é preciso que isto possa ser efetivamente comprovado por meio de registros auditávies. O que quer disser que outros, que não o produtor, tem que conseguir rastrear os animais de maneira prática e segura. E estamos falando em centenas de milhares de propriedades e quase 200 milhões de animais pelo pais a fora.

Para superar as dificuldades do uso da marca de produtor a ferro quente só adotando a identificação individual, controlada centralmente e apoiada em um banco de dados. Neste caso não é o código que conta a história do animal. Ele é apenas a chave para o registro do animal que se encontra em um banco de dados. Este é o caminho que vem sendo trilhado mundo afora, apesar de não ser fácil.

A atividade bancária, por exemplo, que se iniciou com controles/registros manuais há muitos seculos atrás não poderia existir nos dias de hoje sem ter lançado mão dos avanços da TI. O campo ainda precisa absorver esta cultura e isto exige qualificação da mão-de-obra e leva algum tempo. Mas já temos casos de sucesso para provar que é possível.”

Clique aqui para ler mais opiniões sobre este assunto.

0 Comments

  1. Fábio Henrique Ferreira disse:

    Gostaria de ver seu comentário na página principal do site em destaque para que mais produtores tivessem acesso. Muito bom mesmo.

    Tem essa questão ai dos registros individuais dos animais e das movimentações. Agora e os animais escuros que a marca com o tempo desaparece como fica? Sem falar na facilidade de fraude destas marcas.

    Falemos também no bem estar animal que será marcado a fogo algumas vezes, bom motivo para grupos greenpeace e outros realizarem movimento contra, o que com certeza fechará mercados.

  2. Laura Beatriz Alves disse:

    Olá José Ricardo,

    a sua carta expressou muito bem a realidade da pecuária no país. É incrível ver que a marcação do gado a ferro ainda é falha, apesar do longo tempo que já está aplicada no mercado. Imagine só a demora para a aplicação do chip para identificação de cada cabeça de gado no Brasil.

    Sou graduanda em Tecnologia em Informática para a Gestão de Negócios, pela FATEC – Rio Preto, e sempre acompanhei a pecuária de corte de perto e com muito carinho. Pela conviência com o meio tecnológico e o pecuário, percebo também que a adequação de uma boa parte dos produtores será lenta. Com todo o esforço do governo em implantar regras para se adequar ao mercado externo, e com a tentativa dos criadores de conseguirem efetivarem a sua propriedade como certificada, é triste perceber que está distante a popularização desse método tão eficaz. Exige-se grande competência dos envolvidos, um bom investimento em tecnologia e no treinamento dos colaboradores para o sucesso do produto final. E ainda depende-se da estabilidade e confiabilidade das economias internacionais.

    São obstáculos que podem e devem ser superados. Todo esforço é válido, desde que corretamente direcionado e gerenciado. Existem no mercado diversas ferramentas para o armazenamento dos dados, e profissionais dispostos a colocarem em prática o que sabem.

    O que esperamos agora é a agilidade das empresas certificadoras, e a percepção dos pecuaristas que a tecnologia no campo não é uma tendência, mas uma realidade exigida, e muito próxima da obrigatoriedade. Há um processo cíclico que beneficiará toda a cadeia de produção, que vai desde a educação básica e a inclusão digital dos funcionários [e do proprietário também], até o atendimento ao público após a distribuição do produto final. É um negócio de qualidade, rentável, gratificante e eficaz para os envolvidos: o produtor, o funcionário, o distribuidor e o consumidor. Torço para que as entidades não-governamentais pecebam as vantagens, e que sabe até simpatizem-se com esse tipo de rastreabilidade.