Mercado Físico da Vaca -11/12/09
11 de dezembro de 2009
Mercados Futuros – 14/12/09
15 de dezembro de 2009

José Ricardo Skowronek Rezende: precisamos definir melhor os papéis de cada agente da cadeia

De fato desde o início do SISBOV há um conflito de interesse no papel da certificadora, que continua sem solução. Por isto precisamos aproveitar a revisão para acabar com esta confusão e definir melhor os papéis de cada agente.

José Ricardo Skowronek Rezende, enviou uma carta muito interessnate em resposta às considerações que Otavio Cesar Bucci fez ao seu artigo “Reflexões sobre a rastreabilidade bovina e certificação de propriedades rurais no Brasil“. Abaixo leia a carta na íntegra.

“De fato desde o início do SISBOV há um conflito de interesse no papel da certificadora, que continua sem solução.

A mesma empresa não só é a consultora que orienta o produtor no atendimento da norma como é a operadora responsável pelo lançamento dos dados da rastreabilidade do rebanho e a certificadora que atesta o cumprimento da norma.

Convenhamos que é difícil que quem orientou o produtor na implantação do processo e ainda por cima lançou os dados do rebanho dele na BND esteja isento para certificar a propriedade.

Por isto precisamos aproveitar a revisão para acabar com esta confusão e definir melhor os papéis de cada agente.

A certificadora deve apenas certificar e o órgão acreditador (MAPA) deve fiscalizar as certificadoras por amostragem. O MAPA ter que auditar cada uma das propriedades é improdutivo e só faz sentido temporariamente em uma situação crítica. Foi importante para o resgate da credibilidade no início de 2008, mas já deveria ter sido revisto.

E acredito que a certificadora dará conta do recado se estiver livre dos conflitos de interesse mencionados.

Acredito em consultores independentes, ajudando o produtor a ajustar seus procedimentos às exigências da norma. Não faz sentido cada produtor virar um especialista na norma e a certificadora não deve desempenhar este papel para evitar conflitos.

Acredito que a rastreabilidade do rebanho seja sempre responsabilidade do produtor. Em nome dele os dados devem ser inseridos na BND (login e senha para cada produtor acessar diretamente a BND) e basta um ajuste simples na atual BND para isto ser possível.

Se o produtor vai assumir ou delegar a tarefa de rastrear seu rebanho para um operador sub-rogado depende de cada caso. Algumas empresas, por exemplo, contabilizam sua operação, outras tercerizam.

Mas para evitar conflitos a certificadora não deve lançar os dados que auditará.

Acredito no uso de softwares privados homologados pelo MAPA para comunicação com a BND. As melhores soluções serão reconhecidas pelo mercado, como ocorre em outros setores. E cada empresa de software deve ser responsável pelo treinamento e suporte aos seus usuários. Isto não é papel do MAPA.

E só acredito na leitura visual de códigos de identificação de 15 dígitos para pequenos rebanhos. Para rebanhos maiores é vital o uso de coletores de dados (software + hardware) confiáveis. Qual a melhor tecnologia? Depende de cada caso.

Se o produtor vai adquirir e operar estas ferramentas ou delegar/sub-rogar a tarefa de coleta de dados também vai depender de cada caso (tamanho do rebanho, mão-de-obra disponível, localização, etc). Temos casos de equipes volantes de coleta de dados no Uruguai operando com sucesso.

Por último é vital melhorar muito a qualidade dos brincos, que deveriam durar dez anos.

Em suma acredito numa rastreabilidade alicerceada numa BND publica e confiável, com cada agente desempenhando um papel claro.”

Clique aqui para ler mais opiniões sobre este assunto.

0 Comments

  1. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado José Ricardo,

    Conforme lhe havia prometido, não estou mais questionando ou debatendo o assunto SISBOV, mas sim tentando conhecer o custo aproximado, do aparato necessário para cumprir a Lei, e as normativas decorrentes dela. Deixando ainda de lado o mérito da questão Reserva de Mercado, e do Conflito de Interesses (que sempre existirá), cabe a pergunta:

    Quanto custará para Certificar (Rastrear) cada animal, se os trabalhos “Porteira Adentro” forem divididos em etapas, conforme mostrado abaixo:

    Etapa 1 -Custo Fixo independente do tamanho da propriedade: Aquisição do Software de Gerenciamento, Treinamento, e aquisição de Leitores (opcional)

    Etapa 2 – Custo Variável, dependendo do tamanho do Rebanho: Aquisição de Identificadores e implantação nos animais.

    Etapa 3 – Custo Fixo (Visitas, distancia em km) e Variável (duração pela quantidade de animais), Manutenção e Auditorias (periodicidade).

    E os custos para suportar as atividades “Porteira Afora” ?
    Mão de obra, aquisição de equipamentos e infraestrutura de instalação e treinamento para “implantar e tornar operacionalmente seguro o Banco de Dados”…
    Quantos animais os sábios acreditam que integrarão a base de dados em um primeiro momento? qual crescimento anual é esperado? Já existe algum estudo que determine o espaço necessário para guardar as informações de 1 único animal? já está definido o que será guardado? manejo sanitário (remédios, vacinas, doenças, partos), manejo alimentar, transferências entre propriedades e informações sobre o abate (transportador, frigorífico, data, destinação: mercado interno / exportação). É bom não esquecer, que se for para o rebanho inteiro, e se o mesmo não crescer, ainda assim com 195.000.000 de animais, com renovação aproximada de 20% ao ano, a base de dados duplicará a cada 5 anos, afinal haverá necessidade (segundo a lei), de guardar os registros dos animais abatidos/mortos (5 anos).
    Alguém tem a real idéia do tamanho desta Base de Dados?

    Será que o custo por animal, se computado todos os gastos mencionados acima, será muito diferente do custo mencionado pelo Sr. Ron Freeman (Produtor de gado no Centro Oeste de Illinois USA), quando relatou que tais custos estavam beirando os 30 dólares australianos (e subindo). Não esqueça de sua surpresa quanto a este custo, após a leitura do artigo (desabafo) deste produtor (Ron Freeman).

    Perguntas adicionais:
    Quem pagará por isso? (porteira adentro) e (porteira afora)
    Quanto o pecuarista receberá a mais por disponibilizar um animal nestas condições?

    Desconfio, que todas estas questões estão guardadas para definições futuras… e como neste país, aquilo que não se faz no momento, nunca será feito.

    Continuo com a impressão que os responsáveis pelo sistema, ainda acreditam que não terão que implanta-lo.

    Por enquanto é só…

  2. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Prezado José Manuel de Mesquita,

    Como fornecedor de software gostaria de esclarecer que não gozo de qualquer tipo de reserva de mercado ou sou sujeito a qualquer processo de credenciamento. E defendo que este mercado continue sempre aberto a todas as empresas que desejarem.

    Ainda assim defendo, por razões de segurança, a homologação oficial dos softwares dedicados a “trocar” dados com a BND. Isto não existe atualmente no SISBOV, mas é um procedimento comum de outros órgãos públicos, por exemplo, na Receita Federal. Imagino que não veja com bons olhos esta opinião.

    Mas pela sua resposta acredito que esteja atribuindo as certificadoras e fabricantes de brincos uma reserva de mercado quanto o que existe é simplesmente um processo de credenciamento de empresas. Não há qualquer restrição a entrada de novas empresas no sistema; apenas que cumpram com um escopo mínimo definido na norma. Mas o que presenciamos é exatamente o inverso: muitas das empresas credenciadas largando a operação por razões econômicas.

    Já o conflito de interesses da regra atual é um problema real e precisamos solucioná-lo. Acho que deixei isto claro. Mas acredito que seja possível evitá-lo com ajustes nas regras; adotando procedimentos similares aos principias processos de certificação da economia.

    Por fim acho extremamente importante o debate dos custos do sistema e de sua absorção pela cadeia, não apenas dos benefícios. Mas como sabe há uma variação de preços muito grande no mercado e só posso dar-lhe uma noção.

    Seguindo sua proposta:

    Etapa1: A) Softwares de gerenciamento: entre R$ 500,00 e R$ 5.000,00. Sugiro depreciarmos o investimento em cinco anos. Custo anual: entre R$ 100,00 e R$ 1.000,00. Há possibilidade de uso de uma mesma licença para atender mais de uma propriedade; B) Treinamento in-loco: entre R$ 200,00 e R$ 1.000,00, podendo treinar pessoal de mais de uma fazenda. Sugiro amortizar o investimento em dois anos por causa da rotatividade de pessoal. Custo anual: entre R$ 100,00 e R$ 500,00; e C) Leitor de código de barras à lazer: entre R$ 300,00 e R$ 3.000,00, ou, leitor de radio freqüência, entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00. Sugiro amortizar em 3 anos, pois o ambiente de trabalho é hostil. Custo anual: entre R$ 100,00 e R$ 1.000,00.

    Etapa 2: A) Identificadores visuais: entre R$ 0,90 e R$ 1,40, ou, identificadores eletrônicos: entre R$ 4,00 e R$ 6,00; e, B) Custo de aplicação com mão-de-obra própria: entre R$ 0,40 e R$ 0,80 (depende da escala)

    Etapa 3) Vistorias/certificação: entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00 a cada seis meses. Custo anual entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00 (depende da escala).

    Apesar de não ter mencionado atualmente há um custo de “rastreabilidade” (lançamento de dados) cobrada pelas certificadoras, que talvez deixe de existir no novo marco regulatório. Mas por hora temos que considerar um valor entre R$ 1,00 e R$ 2,00 por animal.

    Os custos destas etapas atualmente são absorvidos pelos produtores e, como sabe, vão variar muito de caso a caso. Mas para rebanhos de 500 cabeças os custos fixos devem ficar perto do patamar mínimo de R$ 1.500,00 anuais e os custos variáveis no patamar de R$ 3,00, gerando um custo total por animal de R$ 6,00; certamente ainda muito longe dos 30 dólares australianos do artigo mencionado. E para um rebanho de 5.000 animais o rateio do custo fixo obviamente melhora muito, levando o custo total por animal para cerca de R$ 4,00.

    O investimento público atual para tornar o SISBOV e a BND plenamente operacionais realmente não é suficiente e isto tem sido um grave entrave. Estimo um gasto anual de R$ 2.500.000,00 em pessoal e tecnologia para gerenciar o SISBOV e a BND com cerca de 10.000.000 animais vivos nos moldes de hoje. Em decorrência das características do SISBOV o giro anual do rebanho cadastrado esta em torno de 100%, o que significa que o custo anual por animal é de R$ 0,40 centavos (cerca de 10% do custo suportado pelo produtor). Acredito que com o dobro deste recursos podemos elevar muito a qualidade de todo o processo e tenho defendido que este recursos sejam alocados, pois as exportações geram retorno seguro para o pais.

    Sei que ficara espantado, mas a BND ainda é um pequeno banco de dados. Acredito que consiga enumerar milhares de bases de dados muito maiores no Brasil. E respondendo uma pergunta sua anterior o tempo de guarda dos dados definido na regra atual é de cinco anos após a baixa do animal.

    Mas os custos em si não são altos ou baixos: tudo depende do retorno que trarão. Um custo de R$ 6,00 / animal dividido por 18 @ gera um custo de R$ 0,33/@, sendo que o diferencial de preços pagos pelos frigoríficos este ano oscilou entre R$ 10,00 / @ e R$ 2,00/@ (dependendo da época, praça e frigorífico). Isto para não falar nos outros benefícios indiretos.

    Att,

  3. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Apenas complementando minha resposta a BND atualmente só possui dados básicos, como identificação e caracterização dos animais, posse e localização dos mesmos e movimentações e baixas. É o suficiente para rastrear o animal ao longo de sua vida e não devemos ampliar o escopo. Os dados de tratos sanitários e alimentares podem ser recuperados nas propriedades sempre que necessário.

    Mas estou falando sempre da realidade do SISBOV, atualmente com menos de 2.000 propriedades habilitadas.

    O que a nova lei de ratsreabilidade define é diferente; por ser lei englobará todo o rebanho nacional (quase 200.000 de animais). E precisará dar conta também dos pequenos rebanhos, onde o custo do processo por animal é inevitavelmente maior. Mas por outro lado o processo é mais simples e supõe-se mais barato.

    Att,

  4. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado José Ricardo,

    Temo que nosso debate tenha se desviado do foco, meu foco está centrado no papel do “ente Estado”, no processo de Identificação. Rastreabilidade, Certificação ou qualquer outro nome que venham lhe dar.

    Sou radicalmente contra a entrada do “ente Estado” interferindo na relação e na cadeia de responsabilidades que deve existir entre o produtor e o frigorífico (ou qualquer outra industria que se abasteça de algum tipo de produto). Estou cansado de ver todos tentando a qualquer custo eximir os frigoríficos das responsabilidades que deveriam ter de onde se abastecem.

    Não sou contra “rastrear, ou certificar”, ou qualquer outra forma de se obter informações confiáveis para o gerenciamento seguro da atividade e como consequência “o próprio negócio”.

    A “Reserva de Mercado” por mim mencionada, está diretamente ligada a exigência do tipo de identificação e pela qualificação exigida das pessoas que serão responsáveis pela operação do sistema… Principalmente vinda de órgãos do governo ligados ao controle da atividade (Ministério ou Secretárias).

    O tipo de identificação eletronica (tecnologia imposta para RFID – Chips e Leitores ISO 11784/785 é desnecessariamente cara), existem tecnologias (RFID) bem mais baratas com o mesmo resultado prático. Tenho bastante experiência no assunto Identificação Animal (4.500 animais/ano, com 1.200 a 1.500 vendas/ano e nascimentos equivalentes as vendas – todos identificados com brincos ao nascer – apontamento total de manejo diário – rotina executada por 9 anos), e garanto que a leitura visual não funcionará nem para manejo de pequenos rebanhos (6 algarismos não sequenciais), como também a leitura por código de barras; imagine um animal se movimentando no tronco/brete, com o brinco sujo… todos os animais terão que ser imobilizados, limpar cada brinco para leitura, ainda assim não se conseguirá ler 100% deles, alguns terão que ser digitados via teclado.

    A identificação 100% segura, passa pelo “chip RF” (sobre a pele), do contrário ocorrerão muitas perdas. Todas as leis/portarias nunca se preocuparam com o manejo diário do produtor, por isso “não colaram”. A identificação (qualquer) terá que ter utilidade no manejo diário da propriedade, caso contrário a guerra continuará.

    O “ente estado” não deveria ser envolvido, nem confundido como o responsável pela produção de animais no país. Não é o BRASIL que produz Bovinos, Bovinos são produzidos por PECUARISTAS… A separação deveria ficar sempre muito clara… Não é o PAÍS, o responsável pelo que os produtores colocam a disposição do mercado (frigoríficos), e sim os próprios produtores, com a co-responsabilidade dos frigoríficos pois, são eles que abastecem o mercado de consumo. Ao país, fica a responsabilidade de erradicar as moléstias como a Aftosa e Brucelose, isso sim é tarefa do “ente Estado”…

    Os procedimentos decorrentes desta relação (produtor/frigoríficos), deveriam ser discutidos e custeados por toda cadeia: Produção/Industrialização/Comercialização e se definida a necessidade da tal BND, ela deveria ser custeada pela cadeia (como um todo) e não pelo “ente Estado”. Com os custos rateados de forma proporcional e os benefícios decorrentes dela também…

    Como você já deve ter notado, a nova portaria (459), mostra agora com algum detalhe o que deverá ser guardado na BND, e não faz nenhuma referencia a manejos (sanitário/alimentar), somente aos locais por onde o animal passou até o possível abate/morte. Isso reduz significativamente o tamanho e a complexidade da BND.
    Em compensação, não garante nada além de que o animal, foi corretamente identificado, e por onde transitou durante sua vida (pois alguém autorizado, esteve fisicamente no local e conferiu o animal e sua identificação) a cada 6 meses.

    Mesmo se o custo ficar nos patamares que você acredita ficar, o benefício é pouco para quem não puder aproveitar de forma prática a identificação (definida) para manejo diário e controle do Rebanho.

    Aguardemos a passagem do tempo, e se nada for mudado, veremos que:
    – os frigoríficos continuarão a não pagar “bonus” por animais “certificados”, e sim a
    penalizar quem não o for… (apesar de você acreditar que é o contrario)
    – os custos serão maiores do que os que você acredita ser, pois no campo, as coisas
    acontecem de forma mais trabalhosa, do que por trás das mesas e cadeiras almofadadas,
    com o ar beirando os 24 graus…
    – as distâncias e as estradas, também são diferentes das que, as que levam até as capitais.

    Como já mencionado nas correspondências anteriores: nada pessoal

    Boas festas, e que o novo ano lhe traga saúde, sorte e trabalho.

    JMM

  5. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado José Ricardo,

    Revendo os escritos antigos, encontrei meu primeiro comentário sobre o sisbov, foi no dia 07/09/2005. A leitura deste documento mostra como era meu pensamento a respeito deste assunto ainda em 2005. Tal documento pode ser encontrado em minha página pessoal no Mypoint (é 1º documento no final da lista).

    Acredito ser interessante a leitura do artigo que originou meu comentário… os problemas são exatamente os mesmos que todas as versões do sisbov tem apresentado ao longo do tempo.

    Em geral todos os meus comentários no beefpoint, estão diretamente ligados a notícias sobre o tal sistema, ou sobre algum artigo aqui publicado.

    A quantidade de comentários que enviei são proporcionais aos problemas ou notícias também aqui publicadas ao longo destes anos.

    São esses fatos que me autorizam a não acreditar que dessa vez é prá valer, pois em todas as outras vezes também era prá valer.

    Algumas delas (publicações), mencionam a quantidade de propriedades “eras” aprovadas, com quantidades absurdas de animais, e com promessas de outras tantas aprovações em um prazo tão absurdo, que com uma simples “regra de 3” se poderia comprovar a falta de seriedade no comunicado.

    Tais comunicados vinham em tom triunfante, para em seguida serem desmontados pela auditorias externas, me deixando sempre um grande vazio, preenchido somente pela imensa raiva que sentia ao ler as noticias sobre as desculpas dadas pelos (i)responsáveis pelo sistema.

    Infelizmente, a nova portaria (459) oficializa o assunto de transformar “identificação conferida” em Certificação… seria cômico se não fosse trágico !

    Veremos se os auditores externos acreditarão na nova mágica, apesar de continuar (eu) acreditando que os mágicos donos desta cartola foram, são e continuarão sendo os frigoríficos.

    Aguardar, munidos de muita paciência, boa vontade e olhos abertos para a conta que em algum momento nos será apresentada.

  6. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado José Ricardo,

    Tá ficando chato, pode parecer que estou pegando no seu pé, mas como já mencionei, não é nada pessoal, meus questionamentos seguem o fluxo de nosso debate sobre o tema Sisbov, e poderia ser endereçado a qualquer um que deseje participar e contribuir para o entendimento e simplificação do mesmo (sisbov).

    Infelizmente somente ontem (28) o complemento de sua resposta a meus questionamentos sobre custos foi publicada, isso torna minha correspondência enviada no dia 23 incompleta, pois caberia ainda as perguntas:

    Recuperar informações de manejo? onde? na propriedade? voce realmente acredita que tais informações existirão? se a identificação que é um procedimento muito mais fácil, necessita de toda uma infraestrutura só para garantir de que a mesma tenha sido afixada de forma correta no animal, como acreditar que as propriedades farão algum tipo de escrituração e controle dos manejos?
    Guardar (atualizar, recuperar) estas informações (manejos) é muito mais complexo do que guardar apenas a identificação animal, e para onde o mesmo pode ter sido e enviado após a venda (outra propriedade ou abate).

    A nova portaria (459) liberou geral, e é clara o suficiente para qualquer criador, por mais simples que seja, entender que: Para ser uma propriedade ERAS, basta ter curral, tronco de contenção, embarcadouro e todos animais acima de 10 meses devidamente identificados e registrados na BND.

    Quem vai obrigar os produtores a ter as outras coisas que possam garantir que os animais tenham algum controle? sanitário / alimentar, criados em propriedades que sejam socialmente responsáveis ?

    Difícil acreditar que esqueceram isso… estou sentindo cheiro de que mais tarde vão criar outra portaria para complementar estes procedimentos, e aí mora o perigo… porteira escancarada para a entrada definitiva das “certificadoras”, que a partir deste momento venderão o produto “certificação de manejo” apoiadas novamente por leis e portarias… e novamente nada ouviremos sobre as responsabilidades dos frigoríficos beneficiados…

    Esperar prá ver…

  7. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado José Ricardo,

    Eu de novo…

    Transcrevo abaixo parte da complementação de sua resposta do dia 23/12/2009.

    “O que a nova lei de ratsreabilidade define é diferente; por ser lei englobará todo o rebanho nacional (quase 200.000 de animais). E precisará dar conta também dos pequenos rebanhos, onde o custo do processo por animal é inevitavelmente maior. Mas por outro lado o processo é mais simples e supõe-se mais barato.”

    Não sei mais o que pensar, afinal li em algum lugar (lei ou portaria) além de ter lido em algum de seus comentários neste debate, que a coisa seria “voluntária”…

    Me parece que alguma coisa mudou… e na realidade ela é “voluntariamente obrigatória”, afinal como você menciona, por ser lei, englobará todo rebanho… algo em torno de 200 milhões de cabeças, com 20% de giro anual, informações sobre animais abatidos deverão ser guardadas por 5 anos… Tal BND dobrará de tamanho em 5 anos (se o rebanho permanecer estável). Em compensação os frigoríficos guardarão as informações somente por 2 anos… não entendo porque o prazo do frigorífico é menor do que o da BND, afinal um deveria ser dependente do outro. A tal BND será monstruosa, difícil de gerenciar, e quase impossível de que possa se manter tais informações com o sigilo devido.

    Já imaginou o poder de manobra que os frigoríficos terão a disposição para impor preços e condições comerciais em suas aquisições? Terão a disposição a distribuição do rebanho brasileiro, por zona geográfica, idade e sexo… saberão de antemão onde faltará e onde sobrará animais em determinado momento, e com a antecedência necessária para manipular o mercado…

    Eu sei, nos dirão que tais informações são sigilosas… no brasil? nossos CPF´s, encontram-se a venda juntamente com dados de nossa declaração de IRPF, em DVD´s em alguma barraca no centro do Rio ou SP…

    Difícil entender de onde sai tanto dinheiro, afinal a todo momento notícias dão conta que o lucro dos frigoríficos é quase nada, e quem paga a matança é o couro e os “miúdos” dos animais abatidos… Acho que na realidade quem tem pago a matança, e a “comprança”, é o couro e as vísceras dos produtores…

    Melhor não esperar prá ver… buscar clientes para exportar “animais em pé”, afinal “ele, o muito-nacional” continua adquirindo frigoríficos no exterior.

  8. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Prezado Jose Manoel de Mesquita,

    O SISBOV é voluntário, basta ler a IN 17 em vigor. A proposta de ajuste do mesmo, em consulta publica, continua voluntária. Porém a lei de rastreabilidade aprovada e amplamente elogiada por você em diversas ocasiões no Beefpoint é mais ampla que o SISBOV e abrange todo o rebanho brasileiro. Apesar da lei não exigir identificação individual obrigatória preve sua utilização por programas como o SISBOV, que visam atender nichos de mercado. Para aqueles que não desejarem identificar individualmente seus animais a nova lei não cria obrigações adicionais para o produtor: marca a ferro, GTA e NF já são obrigatórias. O que a nova lei cria é amarração destas garantias em um banco de dados público.Nesta caso o ônus será do governo e não do produtor.

    Segundo seus prognósticos os mercados que atualmente exigem identificação individual gradativamente veriam que não há necessidade da mesma e o SISBOV morreria. Minha aposta é na direção contrária: gradativamente mais mercados passarão a exigir identificação individual. Inclusa parte do mercado interno, como Mas nem eu nem você podemos prever o futuro e o mercado é que dirá o que deseja. O que não faz qualquer sentido é abrir mãos de mercados alterando as garantias antes de eles aceitarem as mudança nos controles. O congresso, inclusas as lideranças ruralistas, e governo sabem disto e prevêram em lei a manutenção de programas de identificação individual voluntária. E em programas voluntários a oferta e procura tendem a se ajustar.

    Sobre o controle dos manejos acho que muitas propriedades precisam de melhorias, mas vejo isto como um processo contínuo e gradual. Isto não quer disser que atualmente não existam controles (vide a campanha de controle da febre aftosa) e que os registros destes controles precisem ser centralizados numa BND. A BND é apenas para os registros mínimos necessários.

    Confesso que as vezes fico perdido com seus argumentos contra a participação do Estado e uma BND gigante e em seguia contra a inexistência de registros suficientes na BND. Softwares privados podem auxiliar o produtor a controlar simultaneamente a identificação / movimentação dos animais e seus manejos, evitando o gigantismo que você receia.

    Att,

    Att,

  9. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado Ricardo,

    Somente hoje li com atenção, sua resposta de 09/01/2010.

    Acredito que sua resposta foi dada por um dos 2 entes que fazem parte de sua personalidade profissional atualmente: O de consultoria e produção de softwares de gestão / certificação… e não pelo de criador de gado de corte…

    Suas respostas e as conclusões que você imputa a mim são “não verdades”, não foram ditas, mencionadas ou escritas por mim em nenhum momento.

    Para o 1º paragrafo, devo mencionar que a confusão sobre identificar e registrar na tal BND, não foi minha… basta ler suas correspondências anteriores, onde você menciona claramente que a identificação individual e o registro são obrigatórios por lei… a confusão é sua, e não minha, afinal sei perfeitamente que a marca da propriedade, não é identificação individual… também li todas as portarias sobre o tema…

    Para o 2º paragrafo, sua interpretação do que eu já escrevi sobre o tema, não corresponde em nenhum momento a meu pensamento sobre ele, afinal sou radicalmente a favor da identificação individual; identificação essa apropriada a cada tipo de propriedade existente no país, e não a um tipo único de identificação defendida pelos fabricantes de insumos, certificadoras, consultores e desenvolvedores de software de gestão. Observe que em todas as fotos publicadas no BeefPoint estão presentes em nossos animais os brincos de identificação individual necessários em nossos sistemas de manejo, não do sistema Sisbov. Aliás todas as conclusões mencionadas neste paragrafo são suas, nunca sairam de nada que eu tenha escrito ou falado…

    Para o 3º e 4º parágrafos, minha posição é coerente com o tema rastreabilidade, ou seja: para que identificação individual se não se vai fazer controle sobre o indivíduo? Nunca achei necessária uma BND nacional, afinal para se saber de onde veio o animal, o frigorífico, que é quem exporta a carne tem todas as informações de onde foi buscá-lo… Não há a mínima necessidade do “ente estado” se envolver nesta relação… Mas já que o “ente estado” deseja interferir, que o faça da forma correta, ou seja: que guarde realmente as informações que os consumidores desejam saber: sanidade, alimentação, meios socialmente justos de produção etc… Como é muita coisa, preferem ter somente o local físico de onde os animais vieram e de onde estão… Afinal os frigoríficos associados necessitam saber o estoque disponível, para controlar o que nos pagarão no presente e no futuro… As informações sobre rastreabilidade do sistema de manejo, ficam muito bem em BLD (base local de dados), em cada propriedade. Nem todas terão condições de te-las… faz parte do jogo… quem as tiver, de forma organizada e coerente, estarão aptas a ter seus animais abatidos para exportação.. Mas serão propriedades diferenciadas e deverão ter seus produtos também diferenciados nos preços de venda.
    envolvidos: Produtores e Frigoríficos…

    Para finalizar, gostaria que me indicasse ,em que documentos por mim enviados ao BeefPoint, ou a qualquer outro veículo de comunicação, você tenha lido que eu possa ter elogiado a nova lei de rastreabilidade, ou a velha, ou quaisquer versões do Sisbov…

    Afinal defender a Rastreabilidade como Ferramenta de Manejo e Gestão , não significa defender a lei que transforma Identificação Individual em Rastreabilidade… ou mesmo defender o Sisbov…

    Relacionei 80 documentos enviados ao BeefPoint, e em nenhuma delas encontrei nada parecido a algum tipo de elogio… Infelizmente o espaço é curto, e não pude te enviar a lista delas para que sua consulta e leitura fosse facilitada… Mas pode ser que, eu em algum momento de insanidade (todos temos em algum momento)
    tenha feito algum tipo insano de elogio… gostaria de ver…

    Atenciosamente,

    JMM

  10. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Prezado José Mesquita,

    Antes de mais nada quero me retratar.

    Realmente o confundi com outra pessoa. Você jamais defendeu a nova lei de rastreabilidade. Sua posição sempre foi pró rastreabilidade individual sem participação do Estado no processo. A minha sempre foi que esta participação é inevitável.

    Mas estou seguro que nunca disse que a nova lei de rastreabilidade obriga a identificação individual. Também sei muito bem o que é a marca da propriedade. Veja o 1º parágrafo do meu post anterior neste mesmo espaço. Por favor indique aonde eu disse isto.

    E continuo favorável a uma BND mínima que sirva de interface entre os diversos agentes da cadeia da carne e possa auxiliar o MAPA em auditorias de países terceiros. Lembre-se que países não auditam soluções privadas.

    No mais sempre procuro agir de acordo com minhas crenças e não sofro de personalidade múltipla, com “entes” agindo independentemente.

    Att,

  11. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado José Ricardo,

    Atendendo a seu pedido, sobre onde você escreveu sobre a obrigatoriedade da identificação individual na nova lei, posso citar o último parágrafo de sua correspondência do dia 22/12/2009.

    “O que a nova lei de ratsreabilidade define é diferente; por ser lei englobará todo o rebanho nacional (quase 200.000 de animais). E precisará dar conta também dos pequenos rebanhos, onde o custo do processo por animal é inevitavelmente maior. Mas por outro lado o processo é mais simples e supõe-se mais barato.”

    Essa sua resposta, foi contestada em seguida por mim, na correspondência que lhe enviei em 29/12/09 no parágrafo transcrito abaixo:

    Não sei mais o que pensar, afinal li em algum lugar (lei ou portaria) além de ter lido em algum de seus comentários neste debate, que a coisa seria “voluntária”…

    Me parece que alguma coisa mudou… e na realidade ela é “voluntariamente obrigatória”, afinal como você menciona, por ser lei, englobará todo rebanho… algo em torno de 200 milhões de cabeças, com 20% de giro anual, informações sobre animais abatidos deverão ser guardadas por 5 anos… Tal BND dobrará de tamanho em 5 anos (se o rebanho permanecer estável). Em compensação os frigoríficos guardarão as informações somente por 2 anos… não entendo porque o prazo do frigorífico é menor do que o da BND, afinal um deveria ser dependente do outro. A tal BND será monstruosa, difícil de gerenciar, e quase impossível de que possa se manter tais informações com o sigilo devido.

    Já imaginou o poder de manobra que os frigoríficos terão a disposição para impor preços e condições comerciais em suas aquisições? Terão a disposição a distribuição do rebanho brasileiro, por zona geográfica, idade e sexo… saberão de antemão onde faltará e onde sobrará animais em determinado momento, e com a antecedência necessária para manipular o mercado…
    ——————————————————————————————–

    Acredito ter dessa forma, satisfeito seu pedido, lembrando ainda que, tal confusão nunca foi minha, mas, você em um determinado momento, pensou ou interpretou a nova lei de uma determinada forma, mudando de posição posteriormente; não significa que nunca a tenha dito, afinal não há como registrar os animais na BND, sem que estejam individualmente identificados.

    Atenciosamente,

    JMM

  12. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Prezado Jose Mesquita,

    Não entendi.

    O que eu disse no texto que você transcreveu é que a nova lei de rastreabilidade (não o SISBOV) será obrigatória, não que exigirá identificação individual dos animais. E que o custo por animal será maior em pequenos rebanhos que em grandes rebanhos. Só isto. Leia novamente com atenção.

    Mas apesar de respeitar opiniões divergentes creio que nosso debate simplesmente se esgotou por falta de novos argumentos de parte a parte. Infelizmente meus argumentos não o persuadiram e vice-versa.

    Att,

  13. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado José Ricardo,

    Eu sei o que li, e você sabe o que escreveu, se mudou de entendimento posteriormente, não há problema algum.

    Mas o que discutíamos era exatamente a nova lei. Transcrevo abaixo, parte da correspondência por mim enviada em 20/12/2009,onde está muito claro o que debatíamos, e não era o Sisbov. Suas contestações também não eram sobre o Sisbov, e sim sobre a nova lei de rastreabilidade, conforme mostrado abaixo:

    1º parágrafo da correspondência de 20/12/2009.

    Conforme lhe havia prometido, não estou mais questionando ou debatendo o assunto SISBOV, mas sim tentando conhecer o custo aproximado, do aparato necessário para cumprir a Lei, e as normativas decorrentes dela. Deixando ainda de lado o mérito da questão Reserva de Mercado, e do Conflito de Interesses (que sempre existirá), cabe a pergunta:

    Quanto custará para Certificar (Rastrear) cada animal, se os trabalhos “Porteira Adentro” forem divididos em etapas, conforme mostrado abaixo:

    ——————————————————————————————

    Não há problema algum em não mais debatermos, mas que fique claro que: de minha parte em momento algum houve falta de coerência entre o que penso e o que escrevo.

    Atenciosamente,

    JMM