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José Ricardo Skowronek Rezende: precisamos discutir a distribuição dos benefícios

Se para resolver a falta de animais adequados para a Cota Hilton lutarmos apenas pela simplificação do processo corremos o risco de, em caso de sucesso no pleito, voltarmos ao status anterior na distribuição dos benefícios com a indústria por exceso de oferta. E para piorar ficaremos ainda sujeitos a sermos novamente pressionados pelos importadores no futuro. Será que não esta na hora de uma discussão entre frigoríficos, invernistas/confinadores e criadores para discutir como implantar a rastrebilidade integral?

O leitor do BeefPoint José Ricardo Skowronek Rezende (Produção de gado de corte), enviou um comentário ao artigo “UE: Abiec tenta negociar redução nas exigências de rastreabilidade“. Abaixo leia a carta na íntegra.

“Autonomia para o MAPA administrar (inserir/editar ou excluir) propriedades habilitadas da lista da UE desburocratizaria um pouco o processo e creio taria ganhos para todos os agentes envolvidos: produtores, frigorificos, goveno e inclusive importadores.

Já a distribuição dos benefícos fiscais da COTA HILTON entre os agentes da cadeia produtiva é bem mais polêmica.

Historicamente os ganhos da exportação da carne e especialmente dos cortes destinados a COTA HILTON ficavam restritos a um pequeno grupo de frigoríficos. Os produtores só eram beneficiados indiretamente.

Com a escassez de animais rastreados aptos a partir de início de 2008 os poucos produtores que tiveram suas propriedades habilitadas ao longo do ano passado receberam pela primeira vez uma parte expressiva destes ganhos.

E notem que para atendimento da COTA HILTON há restrições ainda maiores por parte da UE. Não basta que os animais sejam rasteados e oriundos de uma propriedade habilitada. É preciso também que sejam identificados desde a desmama, sejam criados a pasto, possuam excelente acabamento e sejam abatidos jovens. Tarefa dificil convenhamos.

E de fato a conjunção das dificuldades ordinárias do SISBOV com as dificuldades complementares da COTA HILTON fizeram que pela primeira vez não tenhamos atingido a cota definida para o Brasil pela UE.

Portanto perdemos todos: o pais, os frigoríficos e produtores em geral (com exeção dos poucos produtores que possuiam animais que atendiam a todas estas exigências).

Por isto acho que devemos sim brigar para simplificar, dentro do possível, o processo. Mas devemos também avançar na discussão da distribuição dos benefícios entre frigoríficos e produtores. Não podemos simplesmente aceitar o status anterior.

Com motivação economica a cria implantará a rastreabilidade e o pais terá animais rastreados com qualidade desde o nascimento/desmama em volume suficiente para atender a cota do Barsil e inclusive brigar por ampliá-la.

Mas o invernista/confinador só pagará mais por bezerros rastreados se souber que receberá a mais por bois com “histórico completo”, que poderão ser destinados a COTA HILTON.

Porém como o ciclo de produção de um boi acabado, em média, é de 36 meses e envolve dois produtores, e o segmento ainda é muito pouco integrado e cada elo desconfia dos outros, especialmete produtores & frigoríficos, até agora não conseguimos avançar nesta discussão.

Mas se para resolver a falta de animais adequados para a COTA HILTON lutarmos apenas pela simplificação do processo corremos o risco de, em caso de sucesso no pleito, voltarmos ao status anterior na distribuição dos benefícios com a indústria por exceso de oferta. E para piorar ficaremos ainda sujeitos a, por mudança conjuntural, sermos novamente pressionados pelos importadores no futuro.

Será que não esta na hora de uma discussão entre frigoríficos, invernistas/confinadores e criadores para discutir como implantar a rastrebilidade integral?”

Clique aqui para ler mais opiniões sobre este assunto.

0 Comments

  1. Paulo Cesar Bassan Goncalves disse:

    Gostaria de atentar para uma nova visão sobre o assunto e colocar que a rastreabilidade e certificação das propriedades deve focar aspectos qualitativos e não quantitativos. Gostaria de um momento de reflexão dos senhores. É possivel a abertura dos nossos estoques para um mercado oligopolizado e onde um dos elos da cadeia tem apoio oficial de banco estatal? Pensem sobre isto.

  2. Fábio Henrique Ferreira disse:

    Obrigado Sr. Jose sua explanação é a terceira que possuo;
    1-questão cota hilton explicada pelo SR;
    2-grande volume de animais disponibilizados pelos Confinadores que estão na LISTA ou seja muita oferta (diga-se de passagem confinamento dos proprios frigorificos, bancado por eles e etc);
    3-final de ano e frio na EUROPA e os mesmos estocam carne e o volume de compra deles caem até o inicio de um novo ano. Ou seja, assim o preço cai e volta novamente no inicio do ano.

    Agora gostaria de explicação da ABIEC, CNA, de outros que sempre deixam seus comentários neste forum;
    As margens dos produtores todos conhecem, gostaria de um matéria com os custos e lucros do ELO de cima “Frigoríficos” .

    Primeira pergunta
    Como determinados frigorificos conseguem adquirir, arrendar, fundir e etc com tantos outros frigorificos…Tudo se precisa de dinheiro, ele está vindo com tanta força de onde? Só do BNDES, de onde, dos LUCROS ASTRONOMICOS em cima do elo abaixo.

    Segunda pergunta
    Insito em saber se existe sazonalidade da UE nas compras, pois assim também existirá nos frigorificos. E o pq o preço pago pelos frigorificos variam (uma dia e 20 a mais na @, outro dia 10, outro dia 5, outro dia 3, outro dia nada, outro dia 5, outro dia 10…um vai e vem sem fim) tanto nos animais TRACES. A europa tambem varia o preço pago?

    Enfatizo, sisbov assim está ótimo. Melhor que naquela epoca que eu fazia tudo certo e via produtores brincando no embarque, entregando brinco na sacola e eu fazendo certo e eles rindo de mim. Agora continue fazendo certo e estamos na TRACE e eles estão onde? “Reclamando e etc”

    ISO 9000, 14000 e etc não é para toda empresa mesmo. Tem-se que entender isto, SISBOV é para quem quer. Quem nao quiser fica de fora é voluntário mesmo. Agora que se quiser fazer parte de um grupo seleto, voce tem que possuir alguns pre-requisitos. Não é qualquer empresa que obtem ISO. Mas uma coisa digo o produtor que quiser entra, basta como tudo na vida ter PERSISTENCIA. Facil nao é, tropeços acontecem em tudo na vida.

  3. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Concordo integralmente com o Sr Fábio que o processo de certificação SISBOV não é fácil e não é para todas as fazendas. E que tropeços acontecem em tudo, o importante é levantar e seguir a caminhada. Hoje colhem os benfícios aqueles que persistiram.

    Além disto o SISBOV é um programa voluntário: participa quem quer. O que não significa que por isto não devamos aperfeiçoá-lo.

    Já o projeto de lei de rastreabilidade aprovado recentemente pelo senado é mais simples de ser implantado, mas é obrigatório e portanto não diferencia as propriedadse e consequentemente o preço pago pelos seus animais.

    E sabiamente o projeto de lei não elimina escopos específicos para nichos de mercado, como a UE. Ou em outras palavras não substitui o SISBOV.

    Att,