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10 de abril de 2008

José Weber: grande problema da rastreabilidade é a confusão e a desinformação

José Roberto Pires Weber, presidente da Associação Nacional de Criadores e presidente da Febrac - Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça, nos enviou uma carta a respeito do artigo: "Auler Matias: conhecer muito antes de emitir opiniões". Em seu comentário ele ressalta a necessidade de clareza nas regras criadas e pelo Mapa, que devem ser repassadas corretamente aos produtores rurais. Weber ainda questiona o fato de propriedades Eras não estarem aptas a exportar para a UE.

José Roberto Pires Weber, presidente da Associação Nacional de Criadores e presidente da Febrac – Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça, nos enviou uma carta a respeito do artigo: “Auler Matias: conhecer muito antes de emitir opiniões“, Em seu comentário ele ressalta a necessidade de clareza nas regras criadas e pelo Mapa, que devem ser repassadas corretamente aos produtores rurais. Weber ainda questiona o fato de propriedades Eras não estarem aptas a exportar para a UE.

“Fica muito difícil comentar uma declaração, quando seu autor faz afirmações genéricas, tipo “certas lideranças de setores da pecuária brasileira”. É cômodo para quem diz e complicado para quem lê!

De qualquer maneira, até agora, as manifestações mais coerentes e procedentes que ouvi e li sobre a rastreabilidade foram de pecuaristas, pois são os que sentem os problemas e efetivamente sabem das dificuldades de colocar em prática regras feitas em gabinetes acarpetados e com ar condicionado.

Vejam que não estou falando sobre as exigências da UE. Quem compra impõe e quem quer vender tem que adaptar-se. Refiro-me às confusões e desinformação tanto do MAPA quanto das certificadoras.

O primeiro não tem regras claras e que esgotem o assunto. A IN 17 diz muito pouco quando comparada com as exigências da missão européia que esteve aqui no Brasil.

As segundas, por desconhecimento ou omissão, não vem repassando aos pecuaristas as exigências da UE e as regras, ainda que frágeis, do MAPA.

Entendo, por exemplo, que é um absurdo inaceitável, uma propriedade considerada ERAS não poder exportar, por não ser aceita pela UE. Óbvia a falha do Governo. Se ERAS é o máximo, toda a propriedade que atinge este status deveria estar apta à exportação, pois esta condição deveria ser compatível com as regras impostas pela UE. Em assim não sendo, é claro e meridiano que o erro não é dos pecuaristas.” Leia mais.

Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Sebastiao Augusto Antero de Moura disse:

    Não concordo que o erro não é dos pecuaristas, concordo que eles tenham menos erros no processo, mas não conocrdo que só por que a propriedade estaáno ERAs venha ter direito de exportar.

    Sabemos que o ministerio tem a maior parcela de culpa, mas temos que dar um voto de confiança pois é a primeira vez que fiscais da UE vem dar treinamento aqui para os nossos tecnicos do ministerio, alias é a primeira vez que eles dão terinamento fora do bloco.

    E tanto os pecuaristas e os engravatados que ficam em suas salas com ar condicionado, sabem que muitas das propriedades que estão no ERAs não estão aptas a exportar, por isso que o governo esta fazendo o dever de casa e estou com muitas esperanças que não precise ser corrigido novamente.

  2. Otavio Cesar Bucci disse:

    Concordo com voce Jose Roberto, quando voce diz que: se atingiu o status de ERAS nao tem papo, tem que ser autorizada a exportar. Quanto ao fato da desinformaçao, discordo pois todos os pecuaristas estao carecas de saber o que é o sisbov e como ele funciona, se nao querem cumprir ai é outra coisa, o sisbov hoje é opcional entra quem quer cumprir ou tem condiçoes de cumprir as normas, mas as regras estao ai e ate que se mude são estas que estão valendo, (voce ja reparou que desde que surgiu o sisbov, toda vez que os pecuaristas reclaman o MAPA aperta um pouco mais), será conincidência?, e é como vc mesmo disse, quem compra impoe as regras ao vendedor, se quisermos vender carne para a UE e para o mundo, temos que nos adaptar as exigencias deles, mesmo que estas exigencias escondam um pretecionismo disfarçado, mas ai é outro problema, o sisbov atual e o futuro que vira com as mudanças que serão feitas, atingirá os pecuaristas que estao prontos e que se prepararam para produzir com qualidade, para estes o sisbov nao é bicho de sete cabeças, pois ja o praticam no dia a dia das propriedades, e estao prontos para receber o bonus por isto, agora querer receber o bonus sem arcar com o onus ai é uma incoerência, portanto todos que acharem que conseguem cumprir as exigencias do sisbov, podem se cadastrar, que ira perceber que exelente ferramenta de gestao que é o sisbov.

  3. Roberto Ferreira da Silva disse:

    Prezados,

    Todo pecuarista brasileiro que resolve participar do SISBOV, lê e assina um documento dando ciência do conhecimento do processo.

    Não se pode falar em culpas. Sabe-se que é um sistema novo e em implantação. Antes de jogarmos pedras, deveríamos nos colocar à disposição para melhorá-lo.

    O difícil não são as exigências e sim o mau costume de deixar tudo para depois e esperar que dê certo.

    Muitos ERAS entraram no MAPA, porém um mínimo atendeu as exigências totais dos compradores. E vejam que mesmo depois das tais inspeções da UE, algumas ainda foram retiradas da tal lista.

    Fica aqui um apoio ao MAPA que luta para implantar o processo.

    Fica também uma crítica, para que não atiremos pedras e sim venham para nos auxiliar.

    Realmente é muito fácil e cômodo “viver dentro de escritório com ar condicionado e julgar as pessoas e atitudes”.

    Estamos abertos à sugestões e principalmente, ações!

    Quem não quiser participar do ERAS, nunca foi e nem é obrigatório.

    Quem se propuser a somar, toda ajuda é bem vinda.

    Um grande abraço a todos leitores responsáveis.

  4. Roberto Ferreira da Silva disse:

    kd meu comentário que fiz para esta matéria aqui !

  5. José Roberto Pires Weber disse:

    Prezado Sebastião:

    Agradeço por seus comentários, mas não posso deixar de lembrá-lo que o SISBOV foi criado unica e exclusivamente para atender as exigências da UE, após o episódio da “vaca loca”.

    Logo, quem atinge a posição ERAS, que é o top admitido pela legislação brasileira e pelo MAPA, pois não existe estágio superior, deveria sim, estar apto à exportar à Europa.

    Por outro lado, é claro que nós pecuaristas também erramos, mas entendo que na medida que as regras são emanadas do MAPA através da certificadoras, estes erraram mais. Aliás, isto é comprovado pela emissão de novo check list que recebi de amigo do MAPA, pois a Instrução Normativa não explica quase nada do que é fiscalizado pelas missões européias.

    Ora, se editaram esclarecimentos complementares é porquê os editados não eram suficientes. Finalmente, suas próprias palavras ajudam minha posição, pois disse o caro amigo que há propriedades ERAS que não estão aptas a exportar. Se isto é verdade, os grandes culpados e responsáveis são, sem dúvida, o MAPA e as certificadoras, que aprovaram propriedades sem condições para tanto.

    Abraços,

    José Roberto Pires Weber

  6. RODOLFO RAINERI disse:

    Caro José Weber.

    Em sua carta você menciona que “as certificadoras, por desconhecimento ou omissão, não vêm repassando aos pecuaristas as exigências da UE e as regras, ainda que frágeis, do MAPA.”

    Desconhecimento ou omissão. Isso é o que nós, certificadores, estamos lendo e ouvindo desde o início de toda essa situação criada após o embargo europeu. Alguns chegaram a dizer que a culpa era toda nossa. Ou somos desinformados ou somos omissos. Na verdade, todos nós sabemos (pecuaristas inclusive) que não é tão simples assim. Assim como existem certificadoras omissas ou desinformadas, existem também as que agem de má fé mesmo e as que são bem informadas, e agem absolutamente de boa fé. E isso se aplica aos pecuaristas também. Aliás se aplica a todos os segmentos da sociedade.

    Pois bem. Só para ilustrar minhas considerações, queria chamar a atenção de todos para apenas um, porém importantíssimo artigo da IN 17 (de n.° 54):

    “Art. 54. O Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV preencherá a Comunicação de Saída de Bovinos e Bubalinos, conforme Anexo XIII, “ou” providenciará os respectivos DIA´s, que acompanharão as demais informações fiscais e sanitárias destinadas ao estabelecimento com SIF, habilitado para atender mercados que exijam rastreabilidade.”

    Pergunto. O que todos nós entendemos pela palavra “ou”? Eu aprendi na escola que a conjunção “ou” designa ALTERNATIVA. Você pode fazer uma coisa “ou” outra, correto? Mas a coordenação do sisbov e os fiscais federais que fazem as auditorias nos ERAS não entendem dessa forma. Para eles “ou” (pelo menos nesse artigo da IN 17) designa uma conjunção aditiva, ou seja, esse “ou” na prática (para eles, bem entendido) quer dizer um “e”.

    Resumindo. Os fiscais estão exigindo dos produtores, as comunicações de saída (anexo XIII) de TODOS os seus abates, mesmo daqueles cujo destino dos animais tenha sido um estabelecimento SIF, quando, de acordo com a norma, eles teriam a opção de encaminhar seus animais somente com os DIA´s. Exigem, inclusive, cópias das GTA´s desses abates (exigência que não está sequer especificada na instrução normativa).

    Vejam bem. Citei apenas um ponto da IN 17 que provoca muita confusão.
    Mas as regras estão aí. São claras? Não. Não são. Mas precisam ser cumpridas por todos, e não somente pelas certificadoras. O que está claro, pelo menos para mim, é que a IN 17 precisa passar urgentemente por uma revisão, para retirada desses pontos que tanta confusão provocam.

    Paralelamente a isso, acredito que todos (pecuaristas, certificadores, etc.) devem refletir bem e tomar uma decisão. Aliás duas. 1 – Se querem ou não participar do sisbov. 2 – Se sim, precisam se informar melhor e constantemente acerca de suas obrigações para com o sistema pois, quando assinam o termo de compromisso com o sisbov, assumem a responsabilidade pelos seus atos.

    Como disse meu colega Otávio, é no mínimo, incoerente (para não dizer outra coisa) reclamar pelo bônus mas não querer arcar com o ônus.

  7. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Caros leitores e pecuaristas, todos os participantes do elo da carne tem sua parcela de culpa, mas temos que dar peso a estas parcelas; na minha opinião os maiores culpados para a rastreabilidade são os frigoríficos que não remuneraram adequadamente a carne rastreada, e como diz a senadora Katia Abreu, lider ruralista; ” não moveram uma palha, não tiveram um pingo de ética comercial, no sentido de preservar a rastreabilidade. Eles ganharam toda lucratividade e não dividiram com a cadeia”. E assim não podemos ficar batendo na tecla de dever de casa dos pecuaristas, nós ficamos com custos de vacina, brinco, burocracia, documentação, certificadoras.
    Eras muita especulação, eras imcompativel com o brasil, eras muito caro, eras para ajudar e só atrapalha, eras bom mas não é.

  8. Julio Cezar Rebes de Azambuja Filho disse:

    Realmente a confusão e a desinformação é muito grande. Certamente essa situação é pela falta de pessoas capacitadas que entendam tanto a realidade logistica quanto a realidade do campo.

    Ao escolherem pessoas adequadas para tais cargos, pessoas que entendam a dificuldade do campeiro em se adaptar à regras complicadas e trabalhosas e a nessecidade em cumprir as exigencias da UE, dessa forma, será bem mais facil negociar nosso produto. Pois qualidade certamente a carne brasileira tem, somente falta provar para os europeus e a forma de provar é cumprindo as exigencias.

  9. dionizio marcelo moraes crepaldi disse:

    Vejo que para se discutir a respeito de produtos que fazem parte da cadeia de alimentos consumidos pelos seres humanos, deve se ter uma visão macro e posição imparcial de tudo o que se diz a respeito, partindo-se também do principio que sanidade provém de saúde, de saudável e este fundamento básico, a rigor não tem fronteira.

    Ao Brasil cabe a maior responsabilidade neste contexto, em razão de que, é notório que atualmente, realmente e a cada vez mais, somos reconhecidos como a nação maior seleiro do mundo, haja vista as mudanças climáticas que nos últimos anos vem castigando alguns países do mundo, também potenciais fornecedores de comodities.

    Como exemplo de calamidade, basta citar a seca que vem reduzindo drasticamente as áreas de produção agropecuária da Austrália.

    Toda esta revolução setorial vem ocorrendo com o Brasil, principalmente após o advento da moeda estável (R$), conseguindo assim um ambiente econômico que nos levou ao caminho certo da produtividade.

    É necessário também termos noção de que, quantidade com qualidade é a somatória perfeita para se conseguir uma ideal satisfação do consumidor na relação custo/beneficio, regra que vale para todos os hemisférios do planeta.

    Como vem sendo amplamente abordado pelo Panaftosa com a meta do Plano Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa, de que para se atingir este objetivo, exige-se ajustes estruturais nos países e na mentalidade dos produtores.

    E bem como por outro lado, entidades de classe rural ressaltam a necessidade de clareza nas regras criadas pelo MAPA, verifica-se que todos logicamente estão advogando por suas causas, o que não vejo incoerência.

    No entanto, quando se fala em rastreabilidade, ou melhor dizendo, gerenciamento de rebanho no Brasil, de maneira eficaz e eficiente, basta que o governo tenha a inteligência de baixar duas exigências no novo SISBOV/ERAS:

    A) na normativa, onde lê-se que o novo sistema é de adesão voluntária, permanecendo a obrigatoriedade de adesão para a comercialização para mercados que exijam a rastreabilidade, deveria passar a ser exigida pelo governo de maneira ampla, ou seja, “o novo sistema é de adesão obrigatória”, mesmo porque o mercado interno, também precisa ser abastecido com produtos de qualidade, produtos saudáveis. Ou será que algum cidadão na atualidade, que tem poder aquisitivo para se alimentar de proteína vermelha, se submeteria a comprar um quilo de carne no açougue, enrolado em plástico e papel de jornal?

    B) também seria inteligente o governo subsidiar o brinco eletrônico para o pequeno produtor, aquele pecuarista que possui um rebanho de 50, 100, 150 ou até 200 reses. desta forma provocaria um efeito cascata no processo de gerenciamento de rebanho, criando uma dinâmica de eficiência ao trabalho de manejo ao produtor e as certificadoras no campo, para este universo de 176.000.000 de reses. Este subsidio poderia até valer por prazo determinado.

    Chamo isto de medidas inteligentes, pois assim sendo, se conseguiria cumprir com o prazo já estabelecido pelo novo SISBOV/ERAS, de que a partir de 2009, só será permitido o ingresso de bovinos nos Estabelecimento Rurais Aprovados no SISBOV se oriundos de outros Estabelecimentos Rurais nas mesmas condições. Por outro lado, com a escassez de proteína vermelha no mundo, no curto prazo o governo teria formado uma sustentável alavanca na sua balança comercial.

    Quanto aos frigoríficos, estes passariam a fornecer produtos acabados, ou seja, produtos com valores agregados, aumentando sobre maneira a comercialização de cortes especiais.

    Faço todo este relato baseado na simples razão de que, com a nova normativa, surge o conceito de Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV, fruto de um trabalho conjunto do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) e Acerta (Associação das Empresas de Certificação e Rastreabilidade Agropecuária), portanto todos os envolvidos na cadeia produtiva de proteína vermelha do Brasil e no entanto inquestionável.

  10. José Roberto Pires Weber disse:

    Senhor Roberto Ferrreira da Silva:

    Pela sua qualificação, imagino que seja o responsável técnico por uma certificadora. Neste caso, devia saber que ERAS é o máximo a que pode chegar uma propriedade rural no Brasil, no que tange à rastrabilidade.

    Deveria também saber que para ser ERAS, a propriedade tem que cumprir todas as determinações exaradas do MAPA, salvo se alguma certificadora não fez a inspeção como deveria.

    Assim, minha crítica maior é justamente esta. Como uma propriedade ERAS não pode exportar para a UE, sabendo-se que o SISBoV foi criado pelo MAPA por imposição da própria UE? Quanto a facilidade de criticar pessoas e atitudes, estando em salas acarpetadas e com ar condicionado, é situação que não conheço, pois há 25 anos trabalho no campo e tenho todas as minhas propriedades ERAS.

    Quanto a apoiar o MAPA ou a quem quer que seja, tenho posição clara! Critico quando acho errado e elogio quando considero correto. Aliás, não tenho rabo preso e, portanto, com responsabilidade e toda representatividade que tenho, atuo sempre na defesa dos produtores rurais deste país.

  11. Luiz Alberto de Oliveira Ferreira disse:

    Acho, que Rastriabilidade hoje em dia é para bôbo, bocó, é como estou me sentindo tanto como técnico e tambem como produtor.

    Depois de cumprir todas as normas e exigencias do sistema, ficamos como mosca tonta sem saber o que irá acontecer, para não remunerar melhor os produtores que se moldaram ao sistema ERAS.

    É só telefonar para um frigorifico exportador e perguntar nesse momento qual é o preço do boi rastreado e do boi sem rastrear, simplesmente o que dirão? Alguns centavos a mais para as propriedades Auditadas pelo MAPA. Em plena Safra no RS. Isso quer dizer quase nenhum produtor se beneficiará dos “centavos a mais”, porque? Praticamente não existe propriedades Auditadas no RS.

    Por isso meus amigos, acho melhor esquecermos essa tal de rastreabilidade, e procurarmos outros mercados menos exigentes que estão surgindo como libano, Russia, e outros que estão por aparecer.