O consumidor jovem, de 8 a 24 anos, tem acesso a uma grande quantidade de informação, sobretudo via internet, e encontra-se hoje numa fase de filtrar esse conteúdo que influencia diretamente seus hábitos de consumo. Uma espécie de ‘geração seleção’, que não quer perder mais tempo procurando muitas das coisas que deseja consumir e precisa de referências que pré-selecionem as melhores opões.
Nesse processo, vitaminado pelo chamado consumo viral – fruto da navegação online na internet em que o próprio jovem é a sua mídia – a opinião dos amigos, especialmente dos líderes dos grupos nos quais está inserido (escola, clube, vizinhança, time, baladas) pesa e muito.
As empresas, portanto, passarão a lidar com dois tipos de consumidores: Alpha, que pensa e filtra a informação e Beta, que dissemina essa informação, transformando-a em uma tendência.
Para jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão um alento: quando os amigos não têm uma opinião formada, eles preferem buscá-la na mídia, na qual vêm mais credibilidade do que na propaganda.
Pelo menos essas algumas das conclusões da pesquisa Os Novos Consumidores, que o Grupo Abril divulgou ontem. Essa pesquisa mapeou hábitos e visões de 750 jovens das classes A e B (que influenciam os hábitos de consumo das classes C, D e E) em três cidades: São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto, procurando mostrar como deverá ser o futuro do consumo. Para isso, a empresa de pesquisas Box, cujos sócios têm a mesma faixa etária pesquisada, mergulhou na vida desse público e apontou dez tendências.
Da ‘geração seleção’ ao ‘consumo viral’, a pesquisa chega ao ‘consumo da expectativa’, isto é, o jovem vivencia a compra muito antes de ela acontecer, o que significa que a posse do objeto é menos importante que o desejo que ele desperta. É também um jovem que consome o vazio – outra tendência apontada pela pesquisa -, pois quer ter tudo, muito mais que a capacidade do que deseja.
Para os pesquisadores da Box, esse comportamento é um aviso de que as empresas têm de ser mais rápidas em oferecer produtos novos, dando seqüência a seus lançamentos. “Há uma ânsia de consumo e o jovem conhece o iPod mais que a Aple e o Motorazer mais que a Motorola”, diz o sócio-diretor da Box, João Cavalcanti.
Mas como esse consumo os iguala, esses jovens também têm adotado um comportamento “indie”, tendência que a pesquisa classifica como a volta de valores da contracultura, a necessidade de ser do contra para se diferenciar.
Como são jovens, algumas tendências parecem conflitantes, mas não o são. O design, por exemplo, não é visto como luxo, mas como padrão. Trata-se de uma ‘design nation’, outra tendência detectada.
O jovem também é o seu conteúdo. Ele quer participar, quer ter sua opinião, quer ver seu trabalho chegando a um maior número de pessoas, daí a força da web.
Fonte: O Estado de São Paulo (por Carlos Franco), adaptado por Equipe BeefPoint