O leitor do BeefPoint, Juan Carlos Lebrón, da Assocon, sediada em São Paulo, enviou um comentário ao artigo Independência: primeiras explicações sobre recuperação judicial. "A grande questão é que praticamente todos os pontos destacados, que levaram o Independencia a esta situação, é comum a toda a industria frigorífica."
O leitor do BeefPoint, Juan Carlos Lebrón, da Assocon, sediada em São Paulo, enviou um comentário ao artigo “Independência: primeiras explicações sobre recuperação judicial“.
Abaixo leia a carta na íntegra.
“Parabéns pela capacidade de síntese e análise do problema.
A grande questão é que praticamente todos os pontos destacados, que levaram o Independencia a esta situação, é comum a toda a industria frigorífica.
Acreditando na experiência e conhecimento do negocio, bem como na capacidade administrativa dos seus propietarios, podemos por analogia afirmar que outras empresas do setor estejam também em situação delicada.
Não é um problema do Independencia, é um problema da atividade.
E enquanto em outros setores o governo age preventivamente, neste setor nem sequer age remediando.
O auxílio com linhas de crédito para exportação, reavaliação do aspectos tributário e fiscal, entre outros é fundamental.
Já que a máxima, antes prevenir do que remediar, não foi possivel, tentemos remediar enquanto é tempo.
Juan Lebrón – Assocon”
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Discordo frontalmente de que caiba ao Governo a solução de todos os atuais problemas econômicos brasileiros, conquanto veja muito mérito nos recorrentes pleitos de revisão de questões tributárias / fiscais, e não só nos setores pecuário / frigoríficos.
Reconheçamos uma dura verdade: o que restou absolutamente em cheque, neste momento, foi exatamente a capacidade gerencial do setor de frigoríficos em face de uma crise.
O que se viu foi que, uma vez conquistado um nível de acesso a recursos do mercado bancário e de capitais muito superior ao padrão histórico, a grande maioria das lideranças do setor não soube o que fazer com isto, endividou-se em níveis insustentáveis por não ser capaz de administrar custos e riscos da atividade com a acurácia e presteza necessárias.
Hoje, a estrutura de passivos do setor é totalmente incompatível com as perspectivas de geração de caixa e de lucratividade do setor para os próximos 2/3 anos, o que exige uma reestruturação abrangente e profunda, que não será indolor para nenhum dos envolvidos, seja devedores ou credores. E nenhuma das partes, em minha opinião, poderá aspirar a que esta reestruturação se faça sem contrapartidas e compromissos mútuos.
Tentativas quaisquer na linha de “cada um por si, e Deus contra todos”, terão somente um efeito: a paralisação completa dos fluxos de crédito intrasetoriais e entre este e o setor financeiro, o que fará com que a atividade involua, pondo a perder todos os avanços dos últimos 3/4 anos, seja internacionalmente, seja no mercado doméstico.
Reitero o apelo que já fiz várias vezes neste mesmo espaço: União, Transparência e Profissionalismo (reais, não apenas discursados) nesta hora, ou…prefiro não continuar.
Abraços e lucidez a todos.
analisando o comentario e a situação do setor , acredito que a má gestão é a maior causadora da interrupção das atividades do independencia, os figrorificos são os maiores culpados pela falta e oferta de boi no mercado , pois esses proprios frigorificos que hoje reclaman a falta de oferta de boi , em um passado proximo foram os mesmos que reduziram o numeros de femeas do rebanho nacional atraves do abate.
acredito que o governo sim deve alterar a tributação fiscal para aquecer o setor , insentivar as exportações, regulamentar um sistema de rastreabilidade eficaz no pais , e principalmente trabalhar no marketing da carne no exterior para abertura e novos mercados , o futuro esta na asia e africa como mercados de grande potencial de consumo para o agronegocio brasileiro.
abraço a todos
julio cesar valim
mba agronegocios esalq
Espero que o setor da pecuaria nao se afete com este momento em que a pecuaria vive tenho certeza que apartir de abril daremos a volta por cima mais e necessario a intervenção do governo para dar maior suporte aos frigorificos para que os pecuarista nao fiquem com problemas de caixa nao conseguindo assim sanar seus compromissos e investimentos essa e a minha opiniao.
Um grande abraço e parabens ao BeefPoint.
Sempre me perguntei por que as cooperativas não entram no mercado de carne bovina. A resposta de um presidente de cooperativa foi de que este mercado “não é sério”. Na realidade, o que ele quiz dizer é que muitos frigoríficos não agem de maneira honesta, tanto no trato com os pecuaristas quanto no recolhimento de impostos de qualquer natureza.
Explica-se, aí, tantos “tombos”, que nós pecuaristas já levamos de frigoríficos que, em nome de laranjas, totalmente desqualificados, simplesmente mudam o nome da firma e continuam fazendo o mesmo. Esta pode ser uma das razões pelas quais o governo não se propõe a injetar dinheiro bom em atividade boa com administradores ruins e muitas vezes desonestos.
Talvez seja hora de repensarmos a atividade, tanto nós fornecedores dos bois, quanto os frigoríficos que manufaturam ou industrializam a carne. Se um deles pensa em levar vantagem sobre o outro – o que me parece tem acontecido – então numca chegaremos a lugar algum, e estaremos sempre sujeitos às intempéries economicas que, como se verifica hoje, nem sempre dependem de nós.
Concordo com o Carlos Alberto: é necessário que tenhamos muita lucidez – “eles”, e “nós”.