O Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do NESPRO (núcleo de estudos em sistemas de produção de bovinos de corte e cadeia produtiva) Júlio Otávio Jardim Barcellos, comenta alguns pontos essenciais para o bom desenvolvimento do setor, entre eles formação de recursos humanos especializados; aplicação de novas tecnologias; maior representatividade setorial; união dos produtores; estabelecimento de mecanismos na comercialização do boi.
O leitor do BeefPoint Júlio Otávio Jardim Barcellos, Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atuando no Departamento de Zootecnia da Faculdade de Agronomia, na Graduação e Pós-Graduação e coordenador do NESPRO – núcleo de estudos em sistemas de produção de bovinos de corte e cadeia produtiva, enviou um comentário ao artigo “Pecuária inteligente: o desafio 2010“. Abaixo leia a carta na íntegra.
“Caro Miguel, cumprimentos pela pertinência e lógica do texto aplicado à pecuária de corte.
No sentido de colaborar com os pontos abordados, acrescentaria como ações para o setor:
1 – Formação de recursos humanos especializados para operacionalizarem as tecnologias disponíveis à pecuária de corte. Temos piloto de carros de boi pilotando avião de caça.
2 – Os pecuaristas precisam apropriar rapidamente os novos conhecimentos gerados pela pesquisa e transformados já em tecnologias.
3 – Buscar respostas para problemas pontuais de tecnologia por meio de uma demanda específica para instituições de pesquisas no país.
4 – Criar uma frente de representatividade setorial unida, com conhecimento de causa, habilidade em negociações e que defenda uma pauta mínima para o setor para os próximos anos.
5 – Criar empresas de produção e fornecimento de bois com capital do BNDES no mesmo formato da indústria. A associação de pecuaristas que você sugere pode ser o caminho para a criação de novos negócios, mas agora também com a moeda pública.
6 – Preparar interlocutores competentes para atuarem junto das organizações (OSCIP, ONG), de modo a compreender suas ações, negociar e não atuar somente na defensiva. Atualmente nossos interlocutores tem comprometimento ideológico e, por isso, não conseguem dialogar e negociar diante das movimentações desses grupos.
7 – Estabelecer mecanismos mínimos (cumprimento da lei da tipificação de carcaças) na comercialização do boi, como critério para a padronização do boi exigido pelo frigorífico. Assim, o padrão do boi é o mesmo como pauta de remuneração, ou seja, o pecuarista sabe o que é um determinado tipo de carcaça, pois é o mesmo em qualquer frigorífico. A tabela de remuneração é feita pelo frigorífico, mas os critérios de classificação do boi são os mesmos, portanto, existirá transparência no mercado.
8 – Criar um sistema de informações atualizado para a cadeia produtiva para que os elos do setor possam tomar decisões mais bem alicerçadas.
O resto constitui as chamadas questões operacionais e de processos, que embora os pecuaristas, considerem cumpridas, entendo que há lacunas muito fortes e que ainda limitam o setor dentro da porteira.“