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Júlio Pompei, sobre fim de vacinação contra aftosa: “É preciso se preparar bem, pois é uma viagem sem volta”

Coordenador de cooperação técnica do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa), Júlio Pompei crê que a retirada da vacina é uma evolução natural a ser alcançada pela América do Sul até 2020. Para isso, é preciso avaliar custos e benefícios da medida e obter consenso.

“Para se enquadrar nas normas exigidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) é preciso cumprir requisitos técnicos que vão da análise do sistema de vigilância sanitária, passando pelo controle eficiente até o volume de recursos necessários para cobrir esses gastos. No momento em que se para de vacinar, por exemplo, a responsabilidade será toda do governo. Em resumo, é preciso analisar os custos e os benefícios da medida, em um grande consenso”.

No caso do Rio Grande do Sul, o setor mais beneficiado seria a produção de suínos, disse ele, mas “a produção bovina, claro, também ganharia. Um país não vende carne, mas sanidade e qualidade. Com certificação de livre de aftosa sem vacinação, as carnes bovina e suína terão comércio mundial aberto”.

No entanto, ele disse que o “Rio Grande do Sul faz fronteira com dois países: Argentina e Uruguai. Suas fronteiras devem ser muito controladas para evitar que animais contaminados ingressem no país. O risco maior é a reintrodução do vírus. E uma coisa é o vírus voltar a circular em um rebanho totalmente vacinado e, outra, em um rebanho sem vacinação. O estrago seria enorme, de perda de mercados a custos para erradicação da doença”.

Para ele, o que ainda dificulta a retirada da vacina é o risco regional. “Em 2012, tivemos foco da doença no Paraguai. Venezuela também teve casos recentes da doença. O risco está por perto, e isso ainda nos deixa receosos. A febre aftosa é um indicador de sanidade. O fato de um país ou região ser livre, sem vacinação, representa que o nível sanitário é superior, em relação não apenas a aftosa, mas a outras enfermidades também. É preciso se preparar bem, é uma viagem sem volta”.

Fonte: Zero Hora, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

2 Comments

  1. Kleber Severino disse:

    Acredito que se um estado brasileiro pode ser considerado livre de Febre Aftosa sem vacinação o mesmo status deve ser estendido aos demais estados da nação, bastando apenas ajustes e acordos de responsabilidades entre os mesmos e a União.

  2. Janete Zerwes disse:

    Caro Julio Pompei,

    Está correta sua o observação relativa a cautela de declaração do Brasil como território livre de febre aftosa sem vacinação. Todos sabemos dos graves problemas enfrentados pelo governo nos mais diversos sistemas de controle, sejam sanitários, de fronteiras e até ambientais, pela fragilidade de nosso sistema estrutural como um todo.
    No primeiro momento se pensa na perspectiva de abertura de novos e importantes mercados, um anseio de todo setor pecuário, mas por outros lado, precisamos reconhecer que atravessamos um período de muitas dificuldades em todos os serviços de responsabilidade do Estado.
    Quem já presenciou ou acompanhou casos de surtos de febre aftosa em rebanhos, ou consequências de registros de focos e os impactos sobre a produção,comercialização e exportação de carne, sabe que os danos podem se sobrepor as vantagens da comercialização ampla e sem restrições.
    Aqui no Mato Grosso, o setor pecuário, em proteção ao rebanho do estado, já mobilizou e até financiou a vacinação do rebanho bovino de fronteira na Bolívia. Isso nos dá noção da amplitude dos cuidados necessários para colocar o Brasil nesse novo patamar da exportação de carne.
    De nada adianta pensar em vantagens imediatas, quando os prejuízos decorrentes de um plano mal elaborado, pode retirar de nossa produção pecuária, conquistas mais sólidas, efetuadas ao longo do tempo.
    Penso que cautela é sempre melhor do que vantagens imediatas e pouco consistentes.

    Abraço,
    Janete Zerwes