Oceano permanece em neutralidade — Foto: NOAA/ Lapis
O início da ação do fenômeno La Niña, que se previa para ocorrer entre julho e setembro de 2024, pode “atrasar” mais um pouco. Em relatório publicado nesta quinta (10/10), a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), principal órgão de monitoramento do fenômeno, indica que a probabilidade de o retorno acontecer até novembro deste ano caiu de 71% para 60%.
Desde o término do El Niño , em junho, o Oceano Pacífico Equatorial tem se mantido em estado neutro, com temperaturas da superfície do mar dentro do normal. As projeções, no entanto, não indicam resfriamento das águas ou fortalecimento dos ventos alísios equatoriais , fatores determinantes para o La Niña.
“Como resultado disso, as chances de La Niña são menores. Na visão da equipe, as condições ainda favorecem a formação de um evento fraco, que pode persistir até março de 2025, com riscos de impactos convencionais no clima reduzidos”, garante a NOAA.
Humberto Barbosa, meteorologista e fundador da Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), afirma que 60% ainda é uma tendência pequena e traz incertezas em relação aos próximos meses.
Para o retorno de La Niña ser confirmado, as temperaturas das águas precisam se manter 0,5°C ou mais abaixo do normal por, no mínimo, três meses. Por enquanto, os modelos metereológicos indicam baixa probabilidade de um resfriamento oceânico acontecer de forma consistente ainda este ano.
“A NOAA nos dá uma margem de segurança, não uma certeza. Havia uma expectativa de que a fase neutralidade fosse muita curta, com o retorno de La Niña para julho, mas isso não ocorreu. Já estávamos um pouco céticos quanto a isso, não víamos um sinal significativo desse retorno”, diz.
Segundo Barbosa, o feômeno deve começar, de fato, em janeiro de 2025. “É possível, claro, que tenhamos um La Niña oceânico ainda em 2024, mas de qualquer forma ainda levará um tempo para que a atmosfera se adapte a ponto de interferir no clima”, relembra.
Isso significa que, mesmo se o fenômeno for oficializado até novembro, seguindo a previsão da NOAA, seus efeitos serão sentidos apenas no próximo ano, fator que preocupa as regiões brasileiras afetadas por uma das piores secas da história do país.
“Em condições normais, durante o La Niña as chuvas são mais intensas no Norte do país e irregulares no Centro-Sul, mas com um planeta superaquecido, há uma nova realidade climática. As altas temperaturas e o tempo seco devem permanecer neste verão”, alerta o especialista.
Fonte: Globo Rural.