Mercado Físico da Vaca – 24/01/11
24 de janeiro de 2011
Kátia Abreu pede atualização de política agrícola
26 de janeiro de 2011

Laboratórios seguem otimistas com crescimento em 2011

O alto preço do boi gordo no Brasil pode abrir as portas para uma nova fase no mercado de saúde animal, marcada por sofisticação da produção na pecuária. No ano passado, o preço do boi gordo subiu 36,5% em São Paulo, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP). E a adoção de tecnologia tem relação direta com o aumento da rentabilidade do produtor. Quanto mais ele ganha, mais renda tem disponível para investir. "A valorização do rebanho pode ampliar o mercado de saúde animal", afirma Emílio Salani, presidente do Sindan.

O alto preço do boi gordo no Brasil pode abrir as portas para uma nova fase no mercado de saúde animal, marcada por sofisticação da produção na pecuária. No ano passado, o preço do boi gordo subiu 36,5% em São Paulo, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP). E a adoção de tecnologia tem relação direta com o aumento da rentabilidade do produtor. Quanto mais ele ganha, mais renda tem disponível para investir.

“A valorização do rebanho pode ampliar o mercado de saúde animal”, afirma Emílio Salani, presidente do Sindan (Sindicato da Indústria de Produtos para Saúde Animal).

Apesar de altamente competitivo, o Brasil tem uma das menores taxas de uso de produtos veterinários entre os grandes fornecedores de proteína animal do mundo. “Usa-se o essencial. Gasta-se, em média, de R$ 8 a R$ 10 por cabeça de gado por ano. Nos EUA, que têm outro modelo de produção, o gasto por cabeça é de R$ 35 por ano”, diz Jorge Espanha, diretor de Saúde Animal da Pfizer.

Na cadeia de produção de bovinos, segundo Espanha, a sanidade representa, no máximo, 4% do custo total. “Tem muito espaço para a adoção de tecnologia”, diz. O Brasil comercializa hoje 56% da carne consumida em todo o mundo, de acordo com estimativas internas da Pfizer. Mas representa apenas 11% do mercado mundial de saúde animal. “Existe potencial para ele crescer cinco vezes o que é hoje”, afirma.

Estima-se que o setor tenha encerrado 2010 com um crescimento próximo de 4% em faturamento em relação a 2009, praticamente o dobro do mercado mundial, e movimentado R$ 3 bilhões.

Segundo Salani, neste ano há espaço para um crescimento de 5% a 7%, caso não sejam tomadas medidas drásticas para conter o aquecimento econômico. O consumo de proteína animal deve continuar crescendo – como reflexo da melhora na renda -, e o volume de exportação deve manter a recuperação.

Ao lado da demanda, a necessidade de ser mais produtivo cresce. “O Brasil terá de produzir mais carne na área que já está disponível, sem novos desmatamentos. Para isso, o pecuarista vai precisar de ferramentas que aumentem a produtividade”, diz.

Para Alfredo Ihde, presidente da Merial – divisão do laboratório Sanofi-Aventis para saúde animal -, o crescimento do mercado está garantido pelo próprio amadurecimento do setor. A grande virada, diz ele, será estimulada pelo pagamento por qualidade ao pecuarista, ou seja, quando for adotado preço diferenciado pela qualidade da carne. “Hoje, a pecuária ainda é um mercado de quantidade, não de qualidade. Quando os frigoríficos começarem a pagar por qualidade, o pecuarista vai investir mais em genética e sanidade”, diz Ihde.

Merial na Argentina

A multinacional Merial informa que está com quase tudo certo para iniciar os embarques de vacina contra febre aftosa para a Argentina. Os primeiros embarques deverão ocorrer em 2012, já que neste ano ainda serão realizados os testes dos chamados lotes comerciais do produto.

A expectativa da companhia é que as exportações para o mercado argentino oscilem entre 10 milhões e 11 milhões de doses de vacina por ano. Essa será a primeira vez que uma empresa exportará a partir do Brasil vacinas contra aftosa para a Argentina. “O mercado argentino consome anualmente entre 100 milhões e 110 milhões de doses. Queremos, num primeiro momento, conseguir uma participação de 10%”, afirma Alfredo Ihde. “Precisamos apenas completar a aprovação de nossa fábrica, que já está se ajustando para atender às demandas necessárias”.

A fábrica de vacinas da Merial está instalada em Paulínia (SP) e já recebeu a visita de técnicos do governo argentino, que solicitaram alguns ajustes administrativos na planta. Os lotes experimentais já foram enviados e aprovados pelos argentinos. Nos próximos seis meses a empresa fabricará os lotes comerciais e no segundo semestre do ano os testes desses lotes serão realizados.

A exportação de vacinas contra febra aftosa para Argentina praticamente dobrará as vendas que a Merial já faz desse tipo de produto ao exterior. Em 2010, foram exportadas 12 milhões de doses para outros países da América do Sul, como Paraguai e Bolívia. No ano passado, o faturamento com o mercado externo foi de R$ 115 milhões. O resultado representou um crescimento de 66% em comparação aos R$ 69,3 milhões obtidos em 2009. “Nosso desempenho nas exportações é resultado do amadurecimento dos investimentos que foram feitos nos últimos oito anos em nossa unidade de Paulínia. Nesse período foram aplicados entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões”, afirma Ihde.

Mesmo diante do crescimento das exportações, a expectativa de Ihde é que o mercado externo se estabilize. Para ele, as vendas internas também continuarão crescendo e representando praticamente de 70% do faturamento. No ano passado, as vendas internas da Merial foram de R$ 302 milhões, resultado 11% superior ao de 2009, quando as vendas para o mercado doméstico foram de R$ 272,1 milhões.

As informações são da Folha de S.Paulo e do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.