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Leilões de gado se espalham; canais de TV também são utilizados

Ainda estava escuro e o som forte de uma sirene quebrava o silêncio na fazenda Água Milagrosa na manhã da última sexta-feira (30). Era o chamado para o término dos preparativos para o leilão de gado da raça tabapuã, programado para o sábado. O corre-corre e a tensão se espalhavam por toda a fazenda durante o dia. O que ocorreu na Água Milagrosa, em Tabapuã (SP), é uma cena que se repete cada vez mais pelo país: leilões e feiras de animais se tornam fortes canais de comercialização na pecuária.

Os leilões já não se limitam aos fins de semana. Passaram a ocupar os canais de TV e se espalham de segunda a domingo em suas programações. Quatro canais se dedicam a esse tipo de comercialização, que pode ser ao vivo ou virtual. Neste último caso, os animais são prefilmados.

De acordo com Trajano Silva, os leilões assumem cada vez mais três funções básicas: fator socializante, melhoramento genético e regulador de mercado.

Na visão de Silva, os leilões permitem uma associação entre pequenos e grandes produtores na hora da venda e essa exposição conjunta é um incentivo para o aprimoramento da raça.

Para José Eduardo Matuck, da Leilopec, o leilão é uma forma democrática de comercialização. Antes restrito às fazendas, eles ganharam novas dimensões e têm público médio de 400 a 450 pessoas. O da Água Milagrosa reuniu 515 participantes no sábado, vindos de 16 Estados.

Para o fazendeiro Jaime Miranda, o número de leilões aumenta porque compradores e vendedores encontram comodidade e facilidade para os negócios. Além disso, os negócios são feitos a prazo e há confiabilidade entre as partes.

Carlos Arthur Ortenblad, da fazenda Água Milagrosa, diz que o leilão é a forma mais racional e eficiente de venda. Selecionador de raças, ele diz que o consumidor compra o potencial genético do animal, portanto é preciso uma forte relação de confiança entre os dois.

Adir do Carmo Leonel, fazendeiro de Ribeirão Preto (SP), diz que os leilões facilitaram o acesso do produtor a animais de qualidade. É uma disputa salutar, e mesmo os que não entendem muito de animais têm o respaldo de outros compradores, acrescenta.

Os leilões são um mercado em expansão, mas os números do setor ainda são bastante desencontrados. Os chamados leilões de elite – os que negociam melhoramento de genética -, têm maior evidência porque chegam a negociar animais de até US$ 1 milhão, como o touro Optimal, do criador e presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Fábio Zurita. Jaime Miranda estima que só os leilões de reprodução de genética devam fechar o ano atingindo a marca de R$ 200 milhões.

As feiras também têm aumentado o número de animais negociados. A Feicorte, que começa hoje em São Paulo, exporá 20 raças e leiloará 3.000 animais, 67% mais do que no ano passado. É esperada a participação de representantes de 31 países.

A Expozebu 2003 movimentou R$ 97 milhões, 50% mais do que em 2002. Os leilões comercializaram 18 mil animais, no valor de R$ 68 milhões. Vieram visitantes de 23 países, com um total de 245 estrangeiros na feira.

O leilão da fazenda Água Milagrosa, que tinha também a participação das fazendas Córrego da Santa Cecília e Palmeiras, rendeu R$ 314,3 mil, com média de R$ 7.483 por animal, 25% acima do esperado.

Fonte: Folha de S. Paulo (por Mauro Zafalon), adaptado por Equipe BeefPoint

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