Comentando a notícia "Friboi investirá US$ 300 milhões em Sorriso", que trata de possíveis investimentos do grupo JBS - Friboi no Mato Grosso, Otávio Hermont Cançado nos enviou uma carta. No comentário ele ressalta que mesmo com o grande crescimento do setor, ainda existe muito a ser feito em termos de organização, principalmente por parte dos produtores. E que quando todos os envolvidos passarem a entender a cadeia como um todo, todos os elos serão fortalecidos.
Comentando a notícia “Friboi investirá US$ 300 milhões em Sorriso“, que trata de possíveis investimentos do grupo JBS – Friboi no Mato Grosso, Otávio Hermont Cançado nos enviou uma carta. No comentário ele ressalta que mesmo com o grande crescimento do setor, ainda existe muito a ser feito em termos de organização, principalmente por parte dos produtores. E que quando todos os envolvidos passarem a entender a cadeia como um todo, todos os elos serão fortalecidos. Abaixo leia o comentário na integra.
“Li todas as intervenções a respeito na notícia de instalação de mais um frigorífico no município de Sorriso. Em boa parte delas as palavras “união”, “desunião”, “comodidade” entre outras me chamaram a atenção.
Tenho a satisfação de acompanhar o crescimento deste segmento (frigorífico) há mais de 10 anos. Participei ativamente, seja no serviço público federal, seja na iniciativa privada. Por isso posso afirmar que nada do que verificamos hoje, como o vertiginoso crescimento dos frigoríficos, foi atingido sem muito trabalho, dedicação e, acima de tudo, profissionalização das empresas e das suas estruturas, que abriram mão de gerências familiares para gerências e diretorias com a participação de profissionais de mercado competentes e reconhecidos por seu trabalho e visão de futuro.
Creio, portanto, que a saída não se dará pela constante apresentação de justificativas já extremamente espancadas em artigos e comentários. A inação é um problema que deve ser enfrentado. O mercado está aí. Temos diversos mecanismos legais de intervenção econômica e social que os pecuaristas poderiam fazer uso, mas não o fazem, seja por desconhecimento (falta de estrutura adequada) ou por um posicionamento cômodo, que escancara a fragilidade de um setor forte, competitivo e de grande poder que poderia se organizar melhor se assim desejasse.
Não quero dizer ou afirmar que se trata de tarefa fácil, mas que é possível. Basta dar início a um trabalho conjunto, com liderança forte e objetivos claros e atingíveis, no curto, médio e longo prazo.
Tenho convicção de que toda a cadeia sairia fortalecida com a aplicação de medidas conciliatórias.
Somos os maiores do mundo (pecuaristas e frigoríficos). Devemos agir como tal!“
0 Comments
Meus cumprimentos caro Otávio, pela coragem das tuas colocações.
Tem-se tornado freqüentes e fáceis os comentários de que o crescimento e a modernização do parque industrial da carne ocorre às custas do sofrimento do pecuarista. Enquanto o produtor rural acreditar nisso, mais distante ele estará da possibilidade de, com planejamento, gestão e muita tecnologia, somados às suas próprias qualidades alcançar a condição de empresário rural imbatível, como se tem consagrado imbatível o agronegócio brasileiro.
Felicitaciones al articulista Don Otavio, así como a Francisco Victer por su comentario. Estoy totalmente de acuerdo con ese punto de vista.
Gostaria que o sr. Francisco Victer esboçasse, ainda que sucintamente, quais teriam sido, segundo suas crenças, as fontes de alavancagem dos espetaculares investimentos realizados pelas empresas que operam os frigoríficos nacionais nos últimos quinze anos.
O produtor rural não vive de crenças e sim de sua atividade e se financiou outro elo da cadeia com o sacrifício de sua lucratividade, não há nenhum sofrimento nisso: é decorrência de uma circunstância característica dos chamados “mercados imperfeitos”, classicamente estudados em teoria econômica, os quais permitem em seu funcionamento normal que isso possa ocorrer.
Esses ufanismos de agronegócio imbatível em nada contribuem para o esclarecimento da questão. Esta me parece transparente: houve uma fase de alavancagem dos investimentos na cadeia da carne proporcionada pelos fornecedores de matéria-prima, fase essa que se exauriu; o conjunto de fornecedores vêm diminuindo, – primeiro saem os menos eficientes, em seguida, pela ordem, no tempo, os demais, dos menos para os mais eficientes.
A perda de lucratividade não causa sofrimento, pois os agentes econômicos não sentem dor ou prazer, mas provoca o abandono da atividade e sua troca por outra mais lucrativa. Enquanto os mecanismos de formação dos preços na pecuária bovina conduzirem a preços que sinalizem perdas aos pecuaristas remanescentes, o processo de redução da oferta continuará, mais acelerado num ano, menos em outro, dependendo da magnitude das perdas sinalizadas.
Infelizmente, em minha opinião, não se consegue ainda ver luz no fim do túnel.