O leitor do BeefPoint, Julio Tatsch, de Caçapava do Sul/RS, nos envio uma carta comentando o artigo, Mercado futuro: forte queda em todos os vencimentos. No comentário Julio, que é agropecuarista e delegado representante do Sindicato Rural de Caçapava do Sul, expõe sua opinião sobre os movimentos dos frigoríficos e como está enxergando o mercado do boi gordo.
O leitor do BeefPoint, Julio Tatsch, de Caçapava do Sul/RS, nos envio uma carta comentando o artigo, Mercado futuro: forte queda em todos os vencimentos. No comentário Julio, que é agropecuarista e delegado representante do Sindicato Rural de Caçapava do Sul, expõe sua opinião sobre os movimentos dos frigoríficos e como está enxergando o mercado do boi gordo.
“E começou a retirada dos coelhos da cartola “entressafra 2007” para ver se derrubam o preço do boi gordo no físico. Além das tradicionais férias coletivas, interrupções no abate para alegadas manutenções ou reforma de plantas. A poucos dias uma apreensão e sacrifício de bovinos sem origem declarada na fronteira do MT virou boato de aftosa e agora a derrubada nas cotações do boi na bolsa.
Os preços do boi gordo a futuro na BM&F, pouco ou nada tem a ver com a realidade do mercado físico, mas sim com a atuação de grandes grupos econômicos, interessados em passar sua “visão de mercado” aos pecuaristas e lucrar novamente com o blefe, se aceito, da baixa. Caso contrário, como explicar as últimas baixas na BM&F, num mercado com oferta escassa, demandante interna e principalmente externamente, somado ao rebanho bovino reduzido e custos da avicultura em elevação.
Boa parte da imprensa repassa a idéia de que a BM&F representa a evolução do mercado do boi. Porém esquecem ou desconhecem que no Brasil este mercado é dominado por interesses em manipular o mercado físico do boi, portanto não obedecendo a lógicas de mercado, mas sim ao poder econômico dos atores. Operando no sentido de criar “sua imagem de mercado futuro”, e auxiliados pela maioria dos pecuaristas que lêem jornal mas não vendem na bolsa.
Espero que mais uma vez os pecuaristas não acreditem nesta manipulação de mercado físico via bolsa, tornando a profecia de baixa, auto realizável. Porém temo, pelo que me lembro isto funcionou nos últimos três anos. Até quando iremos enriquecer os donos de frigoríficos, ficando apenas com as sobras do banquete, suor, lágrimas, dívidas e uma saudável vida no campo e achando que a vida é assim mesmo!
Lembro, o mundo é demandante de carne bovina e o Brasil sendo o maior exportador, é o formador de preços mundiais, não existindo neste planeta quem nos substitua. Aos céticos, me respondam qual país(es) teria condição de suprir uma demanda equivalente a aproximadamente 30% da produção brasileira de carne bovina?”, desabafa Tatsch.
Leia a carta na íntegra e participe, utilizando o espaço de Cartas do Leitor para enviar comentários, dar sua opinião sobre o mercado do boi gordo e informar como está o mercado do boi gordo e reposição de sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados?
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Quero cumprimentar sr Julio Tatsch. Esta é a realidade de um pais, sem um governo firme onde os poderes econômicos manipulam a tudo e a todos.
Caro amigo Júlio,
Receba, mais uma vez, meus cumprimentos pela suas manifestações corretas, oportunas e que defendem os interesses dos produtores. Sem dúvida nenhuma que o “mercado futuro” atua e varia com base na influência de poderosos que na verdade desejam mesmo é influir no mercado físico do boi.
Abraços,
José Roberto Pires Weber
Muito bem explanado. Meus parabéns!
Você traduziu de forma sucinta a vulnerabilidade do setor produtivo pecuário, pois, temos sucumbido por falta de representatividade, mas principalmente por falta de organização da classe. Temos que nos sindicalizar e usar as instituições já existentes. Não precisamos criar associações, ou qualquer instituição organizacional, precisamos administrar com mais afinco as já existentes.
Gostaria de saber quem é o responsável por nos dar esse apoio, se é a CNA ou a UDR, ou o governo, mas o produtor segue o amadorismo muitas vezes por ser um eremita comercial. Vivemos um apogeu dentro da porteira, nossos índices cada vez mais produtivos, genética, nutrição, mas fora da porteira somos o setor mais desorganizado que conheço.
Outra dúvida é se o monopólio do comércio da carne no Brasil, não enxerga que se inviabilizar nosso negócio (como tem feito) vai acabar ou diminuir na mesma proporção o lucro exorbitante deles.