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Leitor comenta: Ingleses barram gene zebu

Humberto de Freitas Tavares, é engenheiro, pecuarista e integrante do grupo Provados a Pasto, e comentou o artigo "Ingleses barram gene zebu - o que o Brasil vai fazer?", que trata de ações de produtores europeus que tentam diminuir as exportações de carne brasileiras à União Européia.

Humberto de Freitas Tavares, é engenheiro, pecuarista e integrante do grupo Provados a Pasto, e comentou o artigo “Ingleses barram gene zebu – o que o Brasil vai fazer?“, que trata de ações de produtores europeus que tentam diminuir as exportações de carne brasileiras à União Européia. Leia abaixo a carta enviada por ele, acompanhe também as cartas referentes a esse artigo clicando aqui.

“Só hoje tomei conhecimento deste excelente artigo. A contribuição do Frederico Fick nos serve de puxão de orelha sobre aquilo que é realmente relevante em pecuária bovina de corte.

Muito pertinaz a questão do José da Rocha Cavalcanti, da qual tratei em 2000, no 5º Simpósio “O Nelore do Século XXI”, promovido pela ACNB, onde apresentei um trabalho com o título de “Nelore versus Cruzamentos: Uma Visão Sistêmica.

Meus comentários à época foram:

(…) Um ponto que tem sido pouco divulgado é que (Shackelford et alii, 1995) a maior diferença de maciez entre a carne de taurinos e a de mestiços zebuínos é no contrafilé, justamente o corte em que tradicionalmente se fazem os estudos comparativos.

Também segundo os autores, diferentemente do que se observa em Bos Taurus, “…para o Bos Indicus, a força de cisalhamento foi muito maior (P<.05) para o contrafilé que para os outros cortes". Talvez sejam estes os motivos de, no Brasil, o contrafilé não ter a mesma preferência observada na Argentina ou nos EUA. E por quê o contrafilé é escolhido como a base para medida de maciez? Talvez porque este seja um dos cortes considerados mais nobres pelos consumidores americanos. O prato dos sonhos, num bom restaurante americano, é um 30-day aged choice CAB top loin steak. Quem já o provou, sabe que desmancha na boca, embora sem o mesmo sabor de uma boa carne argentina ou brasileira. Dos dez cortes analisados, Shackelford e colaboradores (1995) verificaram que cinco se mostraram mais duros (miolo da paleta, peixinho, coxão duro, patinho e contrafilé), enquanto outros cinco, no geral carnes mais nobres, não tiveram alteração significativa da maciez por efeito da mestiçagem com gado indiano (filé mignon, miolo da alcatra, lagarto, coxão mole e parte da paleta – a oyster blade). De tudo isso se conclui ser necessária uma reabilitação da imagem da carne do zebu. Tem-se aqui claramente um caso em que diversas assertivas corretas levam a uma conclusão que, embora falsa, é tida como verdade incontestável. As assertivas corretas são: • Boa parte da carne brasileira endurece por resfriamento excessivamente rápido.
• A maior parte do rebanho brasileiro é zebu.
• Alguns cortes do zebu são mais duros que os de seus mestiços.
• Eu já comi carne muito dura.

A conclusão falsa:

Todos os cortes da carne de zebu são sempre mais duros que os de seus mestiços.

Um outro ponto freqüentemente esquecido é que taurinos só são encontrados em alguns rebanhos do sul brasileiro. O restante, 95% da carne brasileira, provém de mestiço zebu ou de zebu”.

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